quarta-feira, 23 de março de 2011

Globalização

Já é quase o final de março, na última segunda-feira começou a primavera no hemisfério norte. O sol e o vento ainda frio circula entre os prédios, mas já dá para deixar em casa os casacões de chuva. As árvores já apresentam uma penugem, preparando-se para vestir-se de verde, tenho certeza que essa cidade ficará mais linda ainda quando as folhas chegarem. Sábado, quando íamos a Igreja, Francislê e Dayse chamaram a nossa atenção a luminosidade lusitana, comparando com a luz de geladeira londrina. É lindo! E os pássaros dessa cidade chamada AVEIRO? As gaivotas para mim eram ilustração de marinas, hoje cruzam o meu caminho, em rasantes sobre nossas cabeças. Algumas, acostumadas às pessoas pousam garbosamente para as fotografias, fazendo a alegria dos turistas. Domingo fizemos um passeio típico de turista, no ônibus de city tour. Desde que chegamos que planejávamos, mas, preferimos esperar o tempo ficar mais firme, e no domingo de manhã, nos aboletamos no alto do veículo vermelho de dois andares, que Luiza chama de "ônibus beliche".


Mas, com a primavera, chegou também a gripe. Primeiro eu, agora Lulu está ali de molho no sofá da sala, completamente "constipada", como dizem aqui. Como o caminho para escola é relativamente longo, preferi que ela ficasse em casa, e agora, está curtindo os desenhos da tv. Sempre encontra uma compensação em tudo, essa menina.   
Hoje, no café da manhã enquanto ela ainda dormia o restinho do sono da noite congestionada, olhava os rótulos dos produtos matinais. O pequeno almoço (como se diz aqui, e olha que faz mais sentido, pois café da manhã só encaixa se você tomar café!) é uma aula prática de globalização. Os produtos procedem de diversas partes da Europa, demonstrando na prática o que é uma zona de livre comércio. Apesar de Portugal ser a terra do queijo - magníficos, cada um melhor do que o outro. No mercado, tipo Hiper Bompreço, tem uma rua inteira com queijo de todo tipo e qualidade que imaginar!  - olhando direitinho, a mussarella que Luiza insiste em dizer que é melhor (os outros tipos de queijo para ela tem cheiro de chulé, gosto de areia, coisas do gênero) é portuguesa, mas o queijo cambert é francês. Comprei esse bendito na esperança que esse meu povo aprovasse uma coisa diferente, mas, os Ferreira são bem difícies. Logo apelidaram o pobre do queijo de "pata de elefante", pois ele é redondo, feioso, e quando cortamos, por ser cremoso, o conteúdo espalha e ele fica completamente deformado. Encontrei outra versão do queijo cambert chamado "Crema de queso" , vindo da Espanha. Tony gostou, e Luiza, depois de muito resistir, acabou aderindo a uma camada na mini tosta (torradinhas). 
O iogurte pode ser espanhol, francês ou alemão. Mas, todos, até mesmo os de marcas conhecidas tem bem menos açúcar que no Brasil.  Todos os sabonetes que comprei até agora são alemães, e os de bebê são os melhores. O açúcar é polonês. O biscoito salgado, parecido com um cream cracker, são italianos. A embalagem destes é uma graça, de segurança máxima! primeiro, a saca com a marca, depois uma armação de papelão. Depois, um saquinho com vários saquinhos contendo os biscoitos em grupos de 6 unidades. Parece o bicho manjaléu! 
Às vezes, batemos cabeça com os rótulos. Alguns produtos tem legendagem em português, espanhol, francês e alguma coisa como russo, me desculpem se não for, são queles caracteres estranhos, como letras vistas pelo retrovisor. Outros, vem com somente a língua nativa, o que promove algumas confusões, principalmente para uma pessoa "atenciosa" como eu, que costuma comprar shampoo, quando era para comprar condicionador. Outro dia, fui compar o tal Crema de queso, e vi outro produto do lado, era lácteo também, com legendagem italiana. Me achando, preferi esse produto. Quando cheguei em casa, passei uma camada generosa numa tosta, e trá!!!! - comi. Não tinha gosto de nada, era creme de leite sem soro! Para não perder a viagem e os meus 1,85, misturei com chocolate e leite condensado e o troço virou sobremesa. 
Talvez essa avalanche de produtos explique porquê o governo português é tão implacável com os impostos, principalmente em tempos de crise.

Em tempo: todos esses produtos são da linha popular, se o consumidor quiser (e puder) pode encontrar foi gras  e caviar logo ali na outra rua do supermercado!

Fiquem com Deus!  

7 comentários:

  1. Olá eu acompanho o seu blog desde de o inicio, sou amigo de duas alunas suas uma da UFRPE-UAG a joyce Souto que fala muito bem de você e do seu trabalho e outra da AESGA-FAGA Alcione Idalice que trabalha na mesma e fala ainda melhor de você, faço Geografia na UPE e vou começar curso Tec em Meio Ambiente no IFPE, tenho planos de fazer Mestrado na UFPE e Doutorado na USP, além de estudar fora do país pra aprender outras linguas e culturas, morro de dar rizadas com as suas situações que você descreve aqui e ate me emociono as vezes, Parabens pelo seu trabalho e jeito de ser espero se colhecer um dia! abraço e te mais...

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  2. Esta multinacionalidade culinária é normal em terras européias, sabemos disso quando estudamos a culinária internacional, e como tudo é muito "bem alí" , não fica difícil entrar na onda, até pq eles não tem um país continental como nós que "em se plantando tudo dá", tendo que pegar aqui e ali itens para compor, e isso é mto bom para o consumidor,(eu estou rimando tudo hoje , que trash!!!kkk)) que conhece muito um pouco de cada coisa... atenção para os rótulos é mto importante para não comprar "gato por lebre" como vc mesma contou. Como eu já disse Lulu é uma privilegiada, tem uma oportunidade maravilhosa de conhecer coisas diferentes e aprender um pouquinho mais de tudo.Doida prá vê-las de férias. Bjo Ciao!

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  3. Danilo, obrigada pela companhia!
    Sabia que eu fiz Geografia na UPE também? Só que foi em mil novecentos e bolinha (kkkkk!), minha turma é do ano de 1996, estudei com Carlos Guedes (que depois foi meu colega no mestrado), Carlos Ubirajara, Luciano (dooooido! que foi meu orientador no Mestrado). A UPE mudou bastante, Pedro Falcão é um excelente gestor.
    É legal quando os alunos e colegas falam bem da gente, né? Essas meninas são muito generosas.
    Com certeza, iremos nos encontrar para nos conhecer pessoalmente!
    Abraços!

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  4. Eita, Vilma, tu és danada! kkkkkk!
    Mahria, de vez em quando dou cada cabeçada daquelas! compro as coisas para ver se é bom e quando Lulu não gosta (e nem eu!) acabo tendo que comer o troço para não perder o dinheiro! kkkkkk! Mão de euro-vaca! Essa semana, tomei coragem e comprei um pote de marmelada, doce tipicamente português, que nó conhecemos mais como sinônimo de falta de honestidade... Luiza gostou! E é uma delícia mesmo, aquele azedinho no final. E vi um marmelo in natura no mercado, frutinha mais feia, viu? Luiza vive rindo de mim pedindo para eu fazer a "cara de marmelo".
    Beijoooo!

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  5. Eu sempre me perguntava porque a cidade se chama "Aveiro", é porque tem muito passarinho?
    essas embalagens contra criança aborrecem e este tipo aí de saquinhos deve ser realmente de segurança máxima mesmo, acho que eles tem medo que alguma saia voando por aí.
    Bom, vocês estão conhecendo sabores de muitos países, isto é muito bom...quero dizer, mesmo que o gosto não agrade! é o lado bom da globalização e de morar num país pequeno que tem muitos vizinhos diferentes!

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  6. Na foto Luiza está no ônibus beliche? Está linda, temos muitas saudades dela, torcendo para julho chegar logo. É muito bom ver coisas diferentes, novos sabores, cheiros que nunca sentimos, faz sentir mais saudade das velhas coisas que já conhecemos. Beijos pra vocês!

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