perdida na ilha de Lost

Quando chegamos a uma cidade que não conhecemos, é necessário perder  o medo de se perder. Para aprender é preciso  seguir, o que implica em errar o caminho, voltar, dá uma volta enorme para chegar naquele ponto que era ali, bem do ladinho. Para aprender o caminho é preciso ir, experimentar, pois "o caminho se faz ao caminhar".

Pela minha conversa, vocês já sabem que ando me perdendo por aqui. Aveiro não é uma cidade grande, tem apenas 80 mil habitantes, embora seja bastante desenvolvida, tem tudo que precisamos, tudo que queremos e não podemos, e tudo que não queremos nem que pudéssemos.

Está bem frio,vocês já sabem disso. Em todo lugar que chego e que digo que sou do Brasil,logo vem a pergunta: "E tu não estás aqui a morrer de frio?" E dá para não tremer? Sai do Recife com 34 graus às 9 da noite, e hoje de manhã, pela primeira vez na minha vida vi um carro congelado. A porta travou, o parabrisa tinha uma capa de gelo fininho como aqueles congeladores antigos. Apesar do céu azul, o termometro marcava 2,5 graus às 9:30 da manhã. Pense num frio da moléstia dos cachorros!

Quarta feira foi feriado, tive uma aula de supermercado com a Profa. Dra. Dayse. Essa aula prática é importantíssima para sobrevivência do humano na sociedade moderna, e diminui os micos que se paga, junto com a feira. Vejam lá: 1) Os carrinhos de compras são presos por correntes. Para soltá-los você precisa inserir uma moedinha de um euro ou 50 centimos. 2) No balcão de frios, não tem bicha (é a fila, não pense em noutra coisa!), tem senha, como em repartição pública brasileira. O funcionário chamará a sua senha, se você não atender no terceiro chamado, perde a vez. 3) A comida nacional de Portugal não é o bacalhau, é o porco! Come-se muito dessa carne por ser mais barata, e a maré aqui não está para peixe. 4) As verduras e frutas são marcadas com preço e procedência numa plaquinha. Assim, você sabe a nacionalidade do que está colocando para dentro. Mais do que entender a globalização na prática, é preciso ter atenção, pois a banana da Costa Rica é mais cara do que a da Venezuela. Na hora de pesar, quem faz isso é o consumidor, nem procure um funcionário. Você seleciona na máquina o código do produto (também tem nas plaquinhas) confere o nome do produto e emite a etique gomada que marca o preço. Não dá certo trocar o código para pegar um preço menor, pois pelo código de barras será conferido pelo caixa na hora de pagar. 5) A sacola de supermercado (saca) custa 0,8 centimos. Por isso, muita gente sai do supermercado com o produto na mão ou em sacolas retornáveis que trouxeram de casa. Assim, fica mais fácil ser ecológico para evitar o desmatamentodo bolso. O Bonanza iria ficar rico com isso! 6)Ao levar as compras no carro, lembre-se de devolver o carrinho ao local, e receber de volta sua moeda de um euro ou 50 centimos. O depósito só é para garantir que você devolva o carrinho ao local certo, sem deixar pra lá no estacionamento. Se deixar,  sua má educação lhe custará um euro ou 50 centimos.

Outra coisa interessante: quando estávamos no caixa, um cão São Bernardo (enoooooorme) entrou solenemente no supermercado. Andou para lá e para cá, e ninguém disse nada, algumas funcionárias até cumprimentaram o bicho. Olhou, olhou e ficou zanzando no estacionamento, provavelmente esperando o dono que fazia compras. Pense na moral do cachorrão! Acho que ele em pé era muito maior do que eu!

Já é tarde para tanta conversa.

Té manhã!