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domingo, 16 de junho de 2013

Férias!

Pronto. Finalmente, as férias. A última vez que pude dizer que estava de férias foi em julho de 2010. Naquela época, eu já fazia contas para viabilizar essa cruzada de formação em Portugal, cuja segunda etapa concluí ontem.Em razão disso o atraso neste post. É que tivemos uma semana de cão. Muitas atividades, muitas festas de encerramento da minha pequena finalista. Ao mesmo tempo, tentava finalizar a primeira versão da tese. Havia estabelecido que terminaria até os finais de maio, mas, não deu. Ainda me torturei durante 5 minutos por esse alargamento de prazo, mas, fazer o quê? Lamentar é perder tempo, e tempo é o que temos de mais precioso. Na terça-feira fui buscar a correção de parte dos resultados que o senhor doutor meu orientador deixou com a esposa. Dayse é sempre uma cara boa de se ver, um espírito elevado. Fui ao seu gabinete com a Nadja, que veio de Afogados da Ingazeira para a UA com a intenção de analisar os dados de sua tese com o Francislê. No ensino da química, o senhor doutor meu orientador é uma referência no Brasil e na Europa. É um danado. Para muito além disso é um profissional de absolutamente comprometido com o que faz. Tenho aprendido muito nestes dois anos e meio de convivência.

Pois, quando cheguei em casa, fui fazer as correções recomendadas. Eram mais alterações nos gráficos, não muito complicadas, embora tenha me enganchado num danado dum gráfico que me consumiu uma tarde inteira. Só resolvi quando tomei a decisão de apagar o miserável e fazer de novo. Foi mais fácil. Na quarta, tínhamos o ensaio do encerramento da AEC (atividade extracurricular) de música. Já estava marcado há mais de um mês a apresentação do espetáculo Pinocchio no Centro de Congressos. Os professores juntaram todos os miúdos que frequentaram a atividade em todas as escolas do agrupamento, de 1ª a  4ª anos. Formaram um coral de 200 crianças, acompanhada da orquestra jovem da Banda da Amizade. Dentre os 50 músicos, haviam 5 adultos, contando com o maestro. Pois, na quarta, deixei Luiza no Centro de Congressos às 19h30 e fui buscar às 22h. Só liberaram os miúdos às 22h30. Chegamos quase  às 23hs em casa. Felizmente, Aveiro é uma cidade calma, e dá para ir andando para casa, sem sobressaltos. No dia seguinte, foi o espetáculo. O Centro de Congressos é uma antiga fábrica de Cerâmica, transformada em espaço cultural. Muito bem cuidado, é um espaço excepcional, de excelente acústica e muito confortável.
Foi um lindo espetáculo. Inclusive, foi a primeira vez que o projeto de música em que Luiza estava participando foi levado à realização. No segundo ano, eles ensaiaram durante um tempão a música  que diz: "canais da riiiiiaaaa, ovos moles, calmaria, terras de Aveeeeiro", até hoje nos divertimos com essa história. Mas, no dia da apresentação,o Prof. desistiu. A do ano passado, sobre as energias renováveis, Luiza abusou-se porque esperaram demais sob o sol na Praça Marques de Pombal. Acabou indo embora, reclamando de dor de cabeça sem participar da apresentação. Desta vez, ela estava muito entusiasmada, e felizmente, deu tudo certo na apresentação. Poucos colegas da turma dela participaram. Ela ficou junto do Angelo (o chinês) e acabou fazendo outras amizades. Para criança, tudo é mais simples. Foram semanas ouvindo-a cantar os temas, eram 8 músicas. Além da beleza do espetáculo, chamou-me atenção a atuação dos professores. Havia cerca de 8 professores, coordenados pela Profa. Suzana. Uma verdadeira professora-sargento, daquelas que disciplinam não só as crianças, mas também os pais, os colegas, as famílias, os transeuntes. E se brincar coloca ordem até nas pedras do passeio. Junto com o maestro da Banda da Amizade, conduziram muito bem a atividade, com tudo bem certinho em seus lugares. Penso que professor de educação básica deve ser assim, firmes. Se vier com moleza, os meninos tomam conta. Tem que ser rigoroso, tem que impor ordem, tem que mostrar ao pai do aluno o seu lugar e sua responsabilidade. Isso não é grosseria ou falta de educação, é firmeza. É saber o que está fazendo e fazer bem feito e com vontade. 

Outro aspecto que fiquei pensando - e lamentando - é por que nós, educadores lá da minha terra, não conseguimos sair do lugar comum e construir uma proposta educacional deste modelo? Essas experiências ficam para toda a vida e a criança aprende muito mais acerca de civilidade, ordem, respeito, colaboração do que em atividades tradicionais. Talvez por falta de apoio, por falta de um elemento integrador que tome a iniciativa e alinhave os pedaços soltos das boas ações educativas, que juntas  se tornam excepcionais.

Fiquei pensando também na Banda da Amizade. É uma sinfónica que vem formando músicos desde 1834. São três núcleos, e um destes é a Sinfónica Jovem que participou deste projeto. Em Garanhuns tínhamos a Banda Manoel Rabelo, que foi encerrada sem maiores explicações à população. Com mais incentivo, com contratação de professores e músicos através de concurso, poderíamos ter um ponto de apoio para realização de projetos educacionais como este. Mas, o povo da minha terra tem vergonha de começar pequeno, humilde. Penso que investir em arte e cultura educa para toda a vida, e valeria muito mais do que pagar salários a certos secretários e cargos de confiança que não produzem nada, apenas parasitam o poder público. Quem sabe um dia alcancemos uma mudança nas atitudes daqueles que chegam à gestão do bem público? Como otimista inveterada, aina acredito que possa acontecer.

Na sexta-feira, foi a festa de encerramento dos finalistas do 4º ano. E eu corri o dia inteiro entre panelas para um almoço festivo na escola (que eu não participei), as apresentações dos miúdos no auditório da Reitoria da UA e o índice e os anexos da tese. Mesmo me desdobrando, não deu para concluir na sexta, como havia planejado. Daí o atraso no post: passei o sábado, das 9h às 16h a copiar e colar anexos, e formatar gráficos e tabelas para que ficassem pelo menos em 100 páginas. E somente às 16h e alguma coisa consegui encaminhar os ficheiros para os orientadores analisarem, aguardando ansiosamente a avalanche de correções. 

Fico agora oficialmente de férias acadêmicas, embora esteja aguardando o parecer de duas submissões, tenha que preparar uma formação para professores do Estado de Pernambuco, na SBPC/2013, pólo de Garanhuns. Tenho também um negócio lá na UA, o Research Day, no próximo dia 19.06. Mas, férias de professor é mesmo assim, e se tem uma coisa que eu nunca vou deixar de ser é professora, aquela que aprende muito mais do que ensina.

Agora, vou cuidar na nossa mudança, que o tempo urge!

Até amanhã, fiquem com Deus.

sábado, 8 de junho de 2013

Observações

Entre Brasil e Portugal, há algumas diferenças no calendário de datas comemorativas, mas também há muitas semelhanças. Estamos em plena época das festas de santo. Em todas as cidades há alguma movimentação com festejos religiosos e populares. Em Aveiro, bem cá na minha vizinhança, a Paróquia da Glória promove as festas que começaram à semana passada. Agora, só há movimentações aos sábados a partir das 15hs. Há uma iluminação festiva no parque, música, tasquinhas típicas com as tradicionais comidas do ciclo junino português: febras, sardinhas, tremoços. Arroz doce de sobremesa. É engraçado como os frequentadores da festinha carregam ordeiramente sesus tabuleiros tipos praça de alimentação de centros comerciais e ocupam solidariamente as longas mesas cuidadosamente forradas de toalhas brancas com bordados. Enquanto no nordeste do Brasil espocam os fogos nas festas juninas e lotam-se os salões de forró, cá temos as marchas juninas, muito bem cuidadas, muito bem trabalhadas pela comunidade, que faz questão de manter as tradições.
 
Como não há pamonhas, vamos às sardinhas ainda hoje, comemorar a finalização do ciclo letivo de Ana Luiza em Portugal. Ela muito melhorou sob às ordens da Profa. Puri. Chegou em 2011 com uma letra horrível e com grandes dificuldades em matemática.  A jornada em tempo integral ajudou bastante, a letra já é mais bonita, tornou-se um excelente leitora e reduziu a aversão aos números. Mas, o engraçado foi um comentário que a professora fez ao entregar as notas do Estudo do Meio (Geografia + História): "Ana Luiza sabe mais de Portugal que os portugueses". A menina pontuou 98% na disciplina, o melhor rendimento da turma. Além da aptidão natural que ela tem para essa área, as viagens ajudaram bastante, pois, muito do que se ensinava na escola, planejavamos e, quando dava, iamos lá visitar. Assim, fica bem divertido e hoje ela tem um coeficiente de conhecimento da História e da Geografia considerável. Quando voltar, vai ter que aprender a nossa história tropical e a geografia do Brasil. Outro dia, eles liam um texto sobre a expansão colonial portuguesa e, lá no meio, citava Pernambuco. Cátia enganchou-se na leitura e não conseguia pronunciar o nome do nosso estado. Luiza logo corrigiu: é Pernambuco! A Mariana questionou: "O que é isso? é uma árvore?" Luiza explicou que era o nome do lugar onde ela morava e para onde ia voltar ao final desse ano letivo. Os meninos crivaram-na de perguntas e ao tocar para o recreio, Luiza era uma espécie de celebridade no 4º ano A.
 
Nas datas comemorativas há algumas diferenças no calendário: o dia da mãe é no primeiro domingo de maio, o dia do pai, é em março. O dia dos namorados é o Valentine's Day, no 14 de fevereiro. Essse bordado que temos na fotografia é um lenço dos namorados, típico da região do Minho. É um bordado popular muito colorido, que mistura frases e figuras do campo. Quando a Zé esteve em Garanhuns, trouxe-me uns panos de cozinha com estes bordados típicos. Se observarem direitinho, verão que há alguns erros de ortografia nas frases, pois essa é a maneira que popularmente se escreve, exatamente da maneira que se fala. Do mesmo jeito que registramos na música e na poesia, ou mesmo através do Bode Gaiato o modo peculiar que falamos, os bordados são muito conhecidos por aqui. Somente depois de dois anos é que percebi que essa grafia corresponde à verbalização. Um final de tarde, quando saíamos da escola, Luiza disse: "Mãe, por que é que os portugueses trocam o 'v' pelo 'b'? Nunca havia percebido. Ela insistiu, dizendo que a professora dizia 'binte', 'bírgula'. Achei que Lulu estava ficando doida até o dia em que estávamos a almoçar um velho e bom churrasco à brasileira (com arroz, feijão preto e couve!), na praça da alimentação do Fórum, e um senhor veio em minha direção e disse-me: "Ó menina, não comas! Isso é 'baca'!" baca? o que danado é baca? fiquei com o garfo parado no ar com um pedaço de carne espetado, sem entender. O sujeito repetiu: "Não comas. É baca!" e foi embora. Atônitas, ficamos nos olhando, até que Luiza rompeu o silêncio e disse: "eu não lhe falei que eles trocam o 'v' pelo 'b'?" caímos na risada e terminamos nosso churrasco de 'baca' que neste dia, estava particularmente saboroso. Somente à noite, ao revisar as notícias é que soube que há um surto de 'baca louca' no norte. Felizmente, os bois eslovenos que andam pelos nossos pratos ainda têm algum juizo.
 
Para reconhecer um brasileiro à mesa é muito fácil. Por mais indefinida que seja a nossa aparência étinca e que possamos, uma vez caladinhos, passar por portugueses, espanhóis ou italianos, pegou no talher para comer, entrega a origem. Brasileiros usam o garfo na mão direita, e os europeus, na mão esquerda e não soltam a faca, que é fixa na mão direita até o final da refeição. Não havia percebido esse pormenor até um dia em que Genésia e Anselmo vieram com a tia e nos convidaram para uma galinha com cuscuz na casa do Francislê. Então, ao pôr a mesa, Dayse nos avisou que era à brasileira, com o garfo no lado direito. Somente ai é que começamos a observar melhor as maneiras à mesa, e comprovar essa peculiaridade hemisférica. Luiza já tentou utilizar os talheres à europeia, mas, a comida fica mais pelo caminho que no destino final. É bonito o jeito que comem. Só acho feio como muitos miúdos se comportam. Parecem pequenos gremlins na refeição. E se forem espanhois é um tanto pior, pois falam muito enquanto comem. Faz falta uma irmã chata como Ilma e Ilda a dizerem "Deixa de pitchaco!" É como diz o ditado, costume da casa vai à praça.
 
Até amanhã, fiquem com Deus.   

sábado, 11 de maio de 2013

Desafios finais

E então, já chega o final dessa temporada. Vilma já havia me alertado que esses últimos prazos para a finalização da investigação são sempre conturbados. O prazo que temos fui eu mesma que me impus. Ainda poderia requerer prorrogação por mais um ano. Mas, há renúncias dolorosas em jogo, e eu confesso: cansei disso tudo. Cansei de sentir saudades. Quero outras lutas. Por ter dedicação exclusiva, muitos acreditam que tenho a vida mansa. Na verdade, o academic fight exige o nosso sangue. Não o mesmo que espirra nos octógonos do MMA, mas, minha força vital que se consome em dois anos e (quase) seis meses. O que eu quero agora é concluir uma versão provisória, juntar minhas coisas e voltar para minha casa, meu homem, minha família, minha cachorra. Belchior já o disse melhor do que eu: "Quero esquecer o francês."
 
Mas, cada um com suas lutas. Nesta semana, Luiza travou o (bom) combate inicial de sua vida de estudante. Nos dias 07 e 10 de maio, decorreram os Exames do Ensino Básico.  Obrigatoriamente, todos os miúdos concluintes do 4º, 6º e 9º anos queimaram o juizo em avaliações de Português e Matemática. O exame tem o objetivo de verificar a aprendizagem nestas duas áreas, fundamentais para o prosseguimento da escolarização, de acordo com os padrões de ensino e de aprendizagem da UE. Apesar do público alvo ter pouca idade, a avaliação é rigorosa. Há mais de um mês, a professora de Luiza só trabalhava português e matemática, uma vantagem de ter uma só professora no primeiro ciclo. Os TPCs estavam cada vez mais complexos. Durante cinco finais de semana, Luiza trouxe apostilas de 5 ou 6 páginas de exercícios para resolver. Os domingos eram quase completos de mesa-e-cadeira, debruçada sobre problemas de uma matemática estranha para mim. O ensino mudou muito e a matemática não é refratária às inovações. Tinha um problema ótimo, era mais ou menos assim: "Um pescador pescou: 6 sardinhas, 7 carapaus, 2 robalos. Quantos irmãos tem o pescador?" Essa questão deu confusão na reunião com os encarregados da educação (a antiga reunião de pais e mestres). A mãe de Cátia estava indignada, consumimos um bom tempo da reunião, cuja pauta era  prevenir os encarregados da educação das regras do exame, a discutir essa questão. Tantas novidades mexem com a sereninade de crianças e adultos, e os meninos logo mudaram o nome do exame de aferição para exame de aflição, com toda razão. Não sei se nós, os responsáveis, estávamos menos nervosos do que os miúdos.
 
Me impressionou a dinâmica de aplicação das provas e o padrão na execução das atividades. Para facilitar o controle no rigor na aplicação dos exames, unificaram o local de aplicação e todos os alunos das escolas do agrupamento vieram prestar as provas na João Afonso, onde a Escola da Glória está provisoriamente instalada. Apesar do grande número de meninos, a entrada e a saída foram muito tranquilas. Todos sabiam para onde ir, os listões foram previamente publicados nos murais externos das escolas. Ficaram 16 meninos por salas, organizados pelo número de inscrição. Um silêncio que nem todo adulto consegue manter pairava nos pátios. Os portugueses dão aulas de organização. As provas foram transportadas pela polícia e os "vigias" de sala eram professores desconhecidos aos miúdos. Os professores das turmas em avaliação só ficavam com os meninos na entrada, no intervalo e na saída, como coachings de pugilistas.
 
Logicamente, minha menina estava nervosissíma na noite da segunda feira. Às vezes, quando se lembrava, ela dizia: "ai, mãe, tem umas borboletas no meu estômago". De ansiedade, acordou-se às 4h da madrugada e assistiu tv até dormir novamente. Quando fui buscá-la para o almoço, estava aliviada. A prova de Português era mais texto do que gramática. Não houve classificação de palavras ou conjugação seca de verbos. Tudo contextualizado na discussão dos textos. Ontem, foi a prova de matemática. Mais geometria do que aritmética. E alguns problemas, mas nenhum na categoria do pescador e sua enigmática família.  Apesar de matemática não ser propriamente o seu forte, ela foi mais tranquila ontem, a experiência aplacou a ansiedade. Agora é esperar o resultado, que será publicado no começo do mês de junho. E até lá, o cotidiano fica mais leve para os pequenos lutadores. Dois aspectos me chamaram muito atenção nesta experiência: i) Cá, as coisas são realmente levadas a sério. Não é porque o menino ainda tem 9-10 anos que ele tem que ser carregado no colo. Já é idade para responsabilidades. ii) Os meninos aprendem na prática que a vida não é fácil, e que, para ter sucesso é preciso muito trabalho. Não existe essa prática de fazer por menos, dá jeitinho, aprovar automaticamente. Não sabe? Ensina-se novamente e estude mais. Cada um faz a sua parte. Continua não sabendo? chumba (leva bomba, reprova). E volte para cursar a mesma série o ano que vem. Ninguém fica traumatizado por aprender como a vida funciona.
 
Enquanto isso, o tempo se escoa para mim. Felizmente, já ando construindo as fases finais da análise da minha (extensa) conversa sobre formação de professores em serviço através de Comunidades de Práticas online. Paralelamente, correm dois artigos e uma encomenda da AESGA. Assim, o tempo voa, e para acompanhá-lo, vou voando baixo também, acordando-me antes das 6h e encontrando cedo da manhã os últimos notívagos online dos trópicos. Vou preenchendo com letras, palavras e textos os 40 dias que me separam dele, uma provação de deserto, igual a que enfrentou Nosso Senhor.
 
Vale (quase) tudo nessa luta. Cada um com seu MMA.   
   
Até amanhã, fiquem com Deus. 
 

terça-feira, 21 de junho de 2011

Fim de ano

Vocês podem estar pensando que eu estou doida, ou melhor, mais doida do que o usual. Mas, alguns fatores me levam a pensar que estamos no final do ano e não, na metade. Na SIC está passando Ti-ti-ti. Acompanhamos religiosamente, pois é na hora que Luiza chega da escola e estamos atrranjando o jantar, apesar da noite só cair às 21h20. Aliás, hoje é o primeiro dia do verão. Na citada novela global, estão comemorando natal e ano novo, e, acostumada a exibição brasileira, onde a novela acompanha o calendário festivo atual, fico meio perdida, achando que é natal. Mas, não é só isso. Além do verão e o nosso natal brasileiro é no calorão, o ano letivo termina essa semana, e as crianças estão animadíssimas para as férias.

Esta passagem de 2010-2011 foi bem diferente para nós. Luiza concluiu o segundo ano no Diocesano em dezembro de 2010, e quando aqui chegou, curtiu apenas o recesso de natal (do dia 22 de dezembro à 02 de janeiro) e já e mendou no ano letivo europeu, que é de setembro à julho. Como já contei, preferi matricula-la novamente no segundo ano, pois ela tem apenas 7 ano. Como enfrentaria um processo de adaptação, não sabíamos como reagiria a mudança, preferimos optar pela faixa etária, e não pela escolarização concluída. Para isso, precisei assinar um termo de responsabilidade, onde declarava que porminha livre escolha e responsabilidade que matriculava a menina no mesmo ano que havia concluido no Brasil. Não me arrependi, e deu tudo certo. Luiza se integrou, participa bem, tem um rendimento muito bom. Está uma luso-nordestina, e vive corrigindo o meu vocabulário de cá. Naverdade, adaptou-se melhor do que eu, que ainda sofro com o estranhamento da cultura local. O mundo adulto é mais difícil que o infantil. 

Pois bem, agora ela está nos últimos dias de aula. Semana passada houve a apresentação da disciplina "Artes e Palco", com o Prof. Ivo Prata. Ela ama esse rapaz, vai até fazer um curso de férias no Conservatório, que fica bem pertinho da nossa casa. As crianças se prepararam e ensaiaram com afinco durante todo o ano e estavam muito ansiosas para  o espetáculo "O Cuquedo", que  foi apresentado no Pavilhão Beira Mar, um clube como a AABB.
Luiza, de Girafa, com o pai orgulhoso! 
Luiza fez parte da manada das girafas. As máscaras foi pintada por elas mesma, eu só ajudei nas manchas, quando ela já reclamava da "mão doendo de pintar". Ficou bem feitinha. No dia, arrumamos os cabelos, pintei-lhe as unhas de laranja, e vesti-lhe a camiseta amarela e a calça preta, um "fato (terno) de girafa". Chegamos às 14hs, Luiza estava nervosissima. Só relaxou quando encontrou o colega Angelo, cujo pai só falava em chinês com o menino, língua materna, obviamente. Deixamos-a lá, e voltamos mais tarde para o espetáculo. Quando chegamos, muitos pais, tios e avós estavam na frente do prédio, aguardado. Como as crianças ainda ensaiavam, o sportões não haviam aberto. Esperamos. Atrasou. Esperamos mais. Quando já dava mais de  de espera, sem que NINGUÉM reclamasse, abriram os portões, e entramos ordeiramente. Nenhuma correria, nenhuma cavalada. Povo educado, a gente acaba se educando também!

Na apresentação, 180 crianças de quatro escolas  em cena. Os professores são competentíssimos e os meninos portam-se muito bem, obedecem, não ficam correndo e gritando como loucos. Foi rápido, mas muito bonito. E os miúdos se divertiram muito. Na saída é que houve um pequeno stress pois fomos para um portão resgatar as crianças, e estavam entregando os meninos em outro portão, e por "manadas". Tony entrou na quadra e foi buscar a nossa girafinha. 

Nesses últimos dias, eles fizeram  diversas atividades diferentes: pesquisaram azulejos, fizeram bolinhos de salame (nem pense que é aquele salame que conhecemos. São bolinhos doces, cuja massa é de bolacha maria, chocolate e côco. Nem me pergunte porque é salame). Amanhã será a festa de despedida, quando vão apresentar o teatro das 5 amigas. Estão todos eufóricos com as férias.

E eu, apreensiva. Vou ter que arranjar coisas para ocupá-la e diverti-la com orçamento reduzido, ao mesmo tempo que cuido da defesa do projeto do doutoramento (que será em julho), e, se tudo der certo, iniciar os trabalhos da tese. E o artigo com o Orientador. E o artigo com Giane. Chega. É muita coisa, se começar a pensar agora, enlouquece, e não faz nada. 

Mas, férias é bom, pois até o nome é feliz.
Quem está de férias de inverno ou verão, aproveite!!!  
Témanhã, fiquem com Deus.