quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Primeiro dia de aula

Depois de duas semanas com um solzinho básico, aquele tipo luz de geladeira (ilumina, mas não aquece!), Aveiro fechou a cara e botou para chover. É muita água! Como minhas janelas são no teto, aos primeiros pingos já sabemos que todo aquele cinza do céu está desabando. É certo que, com a chuva, o frio diminui um pouco. Mas, a chuva daqui é de vento que assobia de tão forte. Tomei a providencia de fechar a boca da lareira, e a sala ficou menos fria. Agora, dá para assistir o telejornal e as novelas da Globo sem ficar congelado no pequeno sofá.
Pois, justo neste tempo, começaram as aulas de Luiza. Felizmente, as coisas se arrumaram da melhor maneira possível. Fizemos a inscrição dela no dia 29.12.2010, na escola geral do agrupamento, que é uma espécie de secretaria geral da área. Esta divisão se encarrega em verificar se tem vaga na escola mais próxima da residência da criança. No nosso caso, a escola mais próxima não dispunha de vagas, e fomos encaminhadas para uma escola mais distante. Para chegar lá caminhamos, quase em linha reta durante uns 25 minutos, no passo de Luiza. Terça-feira nos ligaram para avisar que havia essa vaga, deram-nos o endereço e autorizaram a visita. Fomos lá, Luiza aos pulos de tanta impolgação. Na escola, fomos extremamente bem recebidos, já sabiam que era uma "menina brasileira que ficará aqui conosco", palavras da  coordenadora do curso. É uma escola simpática, com turmas pequenas para o nosso padrão. No grupo de Luiza são 19 crianças, cursando o 2ºano. Preferi matricular no mesmo ano letivo que ela concluiu no Diocesano em 2010, pois, os períodos letivos não coincidem. No Brasil, estudamos de  fevereiro à Dezembro. Em Portugal, o ano é de setembro à Julho. Como Luiza chegou agora, não fazia sentido matricular no 3º ano para a menina ficar perdida no meio de um grupo de crianças mais velhas do que ela. Além disso, educador que se preza sabe que o mais importante é aprender.
O horário da escola é das 9hs às 16h45min. Nem um minuto a mais, nem a menos. Aprendemos no primeiro dia que as regras da escola são bem rígidas, pagando um belo mico na saída, chegamos faltando 15 minutos para o final do horário, e achamos que podíamos esperar na área interna da escola. Uma professora vinha saindo, para quem o portão tinha sido aberto, tratou de nos colocar fora da escola. "Esperem aí, se faz favor!". Nada de jardinzinho ou sala de espera: os pais ou responsáveis que aguardem no passeio. Algumas coisas nos causam estranhamento, classificadas por Tony como as "preocupações brasileiras": na nossa concepção, o muro é muito baixo, e não tem porteiro. Apesar disso, os meninos não saem e os pais não entram sem autorização. O almoço é servido na escola em um pequeno refeitório, com cardápio aprovado pela Secretaria de educação e da Saúde. Não pode levar lanches gordos, como biscoito recheado, refrigerantes ou balas. Como o cartão de almoço de Luiza não está pronto, estamos indo buscá-la para almoçarmos juntos, e depois, devolvemos à escola, além de aproveitar a companhia do pai. Os livros, a professora deu exemplares que sobraram, comprei apenas caderninos e "cores" (lápis de cor, como chamam aqui). Para o material, pagamos uma taxa de 10 euros. E só! A escola é pública, a educação básica portuguesa quase não conta com escolas particulares. A dificuldade maior é levantar pela manhã às 7 horas. Aqui, nesse período, ainda é escuro. Somente às 8hs é que o céu clareia, com cara de 5 da manhã brasileira, e o vai-e-vem de pessoas se intensifica a partir das 8h30min. É inverno no hemisfério norte, a vontade de dormir até às 10hs é intensa. Mas, é preciso se adaptar.
Criança é uma coisa maravilhosa: já no primeiro dia, Luiza voltou contando de suas novas amigas: Catarina, Maria Luiza e Maria. Todas lindas em seus casacos acolchoados e botas de borracha, acolhedoras e sem preconceitos com a nova colega que chegou do outro lado do mar. Assim, vamos construindo nosso cotidiano de trabalho e estudo em terras lusitanas.      
Té manhã!

3 comentários:

  1. Que bom que deu tudo certo, que a escola é boa e Luiza já fez suas amiguinhas. Nós aqui estamos sempre torcendo por vocês e morrendo de saudades. O sol está de "rachar o côco" e por isso nossos jardins estão sofrendo um pouco. Amanhã eu vou lá na tua casa cuidar dos gerâneos, que também devem sofrer de saudades da sua dona. Beijos a todos.

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  2. Woow, Ilma!!! que saudades!
    eu imagino o calorão! mas, todo o verão aquele jardim fica horrível, só depois que começar as chuvas de março é que ele melhora. Esse período é cruel, pois o calor não ajuda a sobrevivencia das coitadas naquele chão duro.
    As coisas vão se acertando aos poucos...O mais dificil mesmo é a ausência de luz pela manhã; essa coisa de amanhecer às 8hs é dose. Parece besteira, mas toda manhã, tenho vontade de "pegar descendo pro sul". Felizmente, é um mês e meio de inverno que temos pela frente, e, como costumo enxergar o "copo meio cheio", está mais perto do que longe da primavera chegar.
    Beijoooooooooooos!

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  3. Fui lá no teu jardim, botei terra aqui de casa, fertilizante, isso no domingo passado. Quando foi ontem, caiu aquele toró que arrasta até metralha, a primeira trovoada de janeiro e eu fiqueio pensando: "Acho que as plantas se afogaram"; mas amanhã eu vou lá olhar pra elas. Beijos a todos.

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