terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Lição de economia

Estamos em pleno "tiroteio" de um trabalho coletivo da disciplina Arquitecturas Cognitivas. A proposta é tão complexa quanto o nome da Unidade Curricular (UC): devemos apresentar um projeto de uma UC sobre Tecnologias aplicadas à Educação, cuja fundamentação é o desenvolvimento de competências dos professores para inserir as TIC na sua prática. O nó é ceguíssimo, pois, estamos construindo o planejamento, todos ao mesmo tempo em uma wiki da sapocampus, que não tem nada de acessível, diga-se de passagem. Eu fiquei no grupo da avaliação, que mais uma vez entrou no meu caminho, já estou gostando do assunto, embora, como muita coisa em educação, existem propostas lindas, mas as práticas ainda são obscuras como na época de Commenius. O nosso doutoramento é no sistema e/b-learning, o que quer dizer, mais da metade do tempo se trabalha via internet, mediados pela tecnologia. Os encontros presenciais são, geralmente, na sexta feira o dia inteiro. Nos outros dias, trabalha-se online, com  sessões de debrifing (conferência com o professor) para discutir o ponto de situação das tarefas. Utiliza-se à larga o skype e o zorap (um skype que tem imagem para conferência). Às vezes há problemas técnicos o que dificulta a compreensão. Mas, agora que estou cá do outro lado (parece que estou falando do além!), as interferências são menores. Sofri muito com essas tecnologias enquanto estava naquela etapa do documento, pois, quando mais precisamos dessas tecnologias, dá o prego em tudo, e eu passei atestado de matuta diversas vezes.
Com tanta tecnologia e avaliação na minha cabeça, quando chegamos em casa, fui assistir televisão para dar uma chance do meu (pouco) juizo parar de ferver. Nos atrasamos, pois Luiza pediu para ir ao parque que fica bem pertinho da escola, e lá fomos olhar os patos. Como o tempo está mudando, agora escurece às 18:45, nos dias de céu limpo. Fica fácil perder a hora, pois, 18hs é um céu de 17h, ainda tem sol e tudo mais. E, vendo tv, lembrei de algumas lições de economia.
A situação daqui não é das melhores. A crise que veio da Grécia, atacou a Espanha, está chegando a Itália, e, na sequencia, pega Portugal. O noticiário da Tv nos faz sentir em casa: aumento de combustível, aumento de cesta básica, fila de desemprego... Vivemos tudo isso durante tanto tempo que acabamos acostumando. E se tem uma coisas que nós podemos falar com autoridade é de crise economica. O FMI está batendo na porta todos os dias para que o governo português tome um dinheirinho emprestado, para não carregar o resto da Europa para recessão; fico dando risada, pois todo brasileiro, que além  de um pouco médico e juiz de futebol, é também economista, sabe que se pegar o dinheiro, no outro dia sobem as taxas de juros.  No final do ano era até engraçado:  o açúcar sumiu das prateleiras no natal, foi uma choradeira... português chora, reclama e lamenta-se como ninguém. Acusavam a baixa safra da cana pelo sumiço do açúcar, chegaram até a controlar a venda, apenas 2 quilos por pessoa. Eu, dizia para os meus botões: "alguma coisa está acontecendo para esse açúcar ter sumido. Quem será que está guardando esse produto?" Em 1 de Janeiro aumentou o IVA - Imposto sobre valor agregado, - e o açúcar milagrosamente saiu das tocas e voltou a prateleira do supermercado. Mera coincidência? Não para quem já vivenciou o sumiço de produtos em ciclos: o óleo, o leite, a carne... Tony Neto mesmo lembra de vez em quando que ganhou um bom dinheiro vendendo leite na década de 1980. A bancarrota da economia daqui veio pela mão da especulação imobiliária como nos Estados Unidos. De uma hora para outra começaram a financiar casarões enormes para pessoas que não tinham condições de manter a dívida sob controle. Com a capacidade de endividamento estourada, e comprando tudoque se vê pela frente, não tem orçamento que se segure, e a quebradeira é geral. Sabe aquele trecho do filme O auto da compadecida, quando Chicó percebe que prometeu o dinheiro à Santa pela vida de João Grilo e diz "Fiquei rico, e fiquei pobre de novo!" É a mesma coisa. É preciso trabalho e controle para sair dessa. O remédio tem gosto ruim, mas resolve.
Quem apostava que eu ficava aqui já sabe que deve colocar as barbas de molho, pois a maré aqui não está para peixe!

Saudade de hoje: Das boas notícias da nova economia brasileira.

Té manhã!

4 comentários:

  1. Nooooooossa! menina como estás prendada em economia, não? parece que os ares europeus fazem milagres mesmo. Porque, vou te contar, economia nunca foi memso o teu forte, aliás, qualquer coisa que envolva números, já sabe né? sai de perto(rsrsrsrs). Aí tu vens e da uma aula de economia, 'mar minina', 'te aqueta'. kkkkkkkkkk

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  2. Eita, Tony Neto... isso aí aprendemos na vida... Lembra daquele tempo que as máquinas de remarcar preço era o nosso terror? E que, para comprar uma geladeira, a gente tinha até que fazer promessa a santo e pagar em três pesadíssima prestações? Aprende-se com isso. Hoje, vivemos (nós três) com o olho no câmbio flutuante,e vendo todos os dias a folha financeira para conferir a cotação do euro. hehehe, chic no ultimo!
    Beijoooooo!

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  3. Vi ontem Joelmir Beting falando que a taxa de desemprego subiu aqui, mas mesmo assim é a mais baixa desde 2003, e há uma contradição: há muitas vagas, porém faltam pessoas qualificadas, então essas é que mais perdem os postos de trabalho. Gostei da sua fala, parece comentário dos especialistas da Fundação Getúlio Vargas. A situação daí parece aquele sambinha de Beth Carvalho: "De que me serve um saco cheio de dinheiro pra comprar um quilo de feijão..." Beijos pra ti.

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  4. Nem se anime tanto com as "boas novas da economia brasileira"...a coisa n é tão limpa assim...

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