quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Nem luxo, nem lixo

Se tem uma coisa que fazemos aqui é andar. Diferente de Garanhuns, Aveiro quase não tem ladeiras. Todos os dias, saimos cedo para chegar à escola de Luiza às 9hs, atravessamos duas ruas intensamente arborizadas, embora a esta altura estejam todas nuas pelo inverno, como naquela imagem das quatro estações que tínhamos nos nossos livros de ciências. Alguns pontos verdes se sobressaem. Favorecidos pela genética das aciculifólias, os pinheiros reinam elegantes em seu verde profundo. Como diria Luiz Gonzaga, tem coisa que para ver "o cristão tem que andar a pé". Não possuímos carro e o transporte urbano aveirense é ruim (esperar autocarro aqui dá saudade do "Manda"!) e caro - uma passagem custa 1.75, definitivamente não dá para pagar 3,50 a cada vez que temos que ir a escola. Aliás, penso ser oportuno fazer um parêntesis sobre carros: há oferta de carros ano 2002 por 2.500 euros. Carros são baratos, mas, o problema está no combustível que é caríssimo! Não é à toa que quem mora perto da fronteira acha vantagem em ir abastecer na Espanha.
Andando a pé percebemos que Aveiro é uma cidade muito limpa, não se encontra lixo nos passeios nem ao pé dos prédios, abundam lixeiras de todo o tipo por toda parte, tudo pode ser destinado já separadinho para reciclagem. Tem depósitos adequados em cada pátio ou área livre. Se não todos, mas sempre tem um lugar pertinho onde podemos descartar as sobras do nosso consumo sem maiores consequências.

Esse laranja é depósito para óleo. Não pode colocar óleo de carro, por exemplo, deve ser utilizado somente para depósito de óleo de cozinha. Assim, não despejando nas pias de lavar prato, além de reduzir o impacto ambiental, também reduz  os problemas com a encanação dos prédios, pois a gordura fria entope o encanamento e isso é um aborrecimento terrível.
 Esse é para lixo eletrônico. Eu nem tinha visto, mas, quando começamos a fotografar os depósitos, Luiza me chamou atenção para este tipo. Serve para colocar aparelhos sem uso com ou sem possibilidades de conserto. Dei uma espiada, mas, é fundo e escuro não deu para visualizar o que poderia ter dentro. 
 Esses são para resíduos verdes (podas de árvores, restos de jardins, aparas de grama), certamente irão ser bem aproveitados para adubo orgânico. No depósito marrom devem ser destinados os móveis sem uso (colchões, cadeiras, estendais, coisas assim). Já vi gente revolvendo esse depósito, acho que procuravam alguma coisa que pudesse aproveitar. 
 Esse é para lixo orgânico: restos de cozinha e cocô de cachorro é o que mais tem aí dentro. É bem fedido quando abrimos.
 Esse é para roupas, brinquedos e calçados. Até agora só vi esse aí, que fica do lado das Glicínias. Como não é comum ter alguém necessitado muito próximo, esses depósitos são administrados por instituições de caridade, que periodicamente passam para recolher as doações e destinar a quem precisa. 

Esses são para depósito de recicláveis: o primeiro é plástico e metal. O segundo é vidro e o terceiro é para papel. Na foto anterior, tem minha modelo destinando o lixo, levamos sempre cada uma suas sacolinhas, assim ela aprende na prática como as coisas devem ser.
Agora, com toda essa estrutura, ainda tem gente que coloca recicláveis na lata de lixo orgânico. Pense numa preguiça! Toda terça-feira encontramos o caminhão caçamba recolhendo o lixo dos depósitos. Esse carro tem um braço como um guindaste que acopla em alças que tem sobre os depósitos, levanta-os e encaixam no local reservado para o tipo de lixo. O motorista, que trabalha sozinho,  (aqui é uma economia de gente que é impressionante!)  vai para a parte de trás da cabina onde tem uma série de alavancas de cores diferentes, deve ser ali onde "solta" o lixo nos reservatórios dentro do caminhão e devolvem o depósito para rua. Acompanhando essa operação chegamos atrasadas na escola! Outra coisa interessante é o caminhão-escova.

Quem viu esse caminhão foi Tony,  eu só achava estranho um barulho infernal passando cá embaixo na rua. A foto não ficou um ouro 18 porque foi feita da janela do nosso quarto. Aquele camião (aqui se escreve assim) tem um sistema de sugar o lixo e umas escovas enormes que são
acionadas pelo motorista. 
Tem como não ser limpo? a pessoa fica até com  vergonha de jogar lixo no lugar errado, embora já vimos gente sacudindo um papelzinho de doce na ria.A vontade que dá é dizer: "ei, minha senhora, jogou o papel na ria? Mergulhe e vá pegar!" Só queria ser polícia nessa hora.
Isso tudo não é luxo, é investimento do dinheiro público no lugar certo, pois não adianta ensinar como fazer na escola e no cotidiano, ser completamente diferente.

De uma coisa eu não sinto nem um pouquinho de saudade: daqueles animais soltos na rua revirando o nosso lixo. Tem coisa mais constrangedora do que ter que catar lixo de banheiro espalhado pela via? Ninguém merece!

Té manhã!     

9 comentários:

  1. Como Luiza está linda! morrendo de saudades de Lulli!
    Garanhuns está precisando de um carros desses que suga o lixo e tem vassouras embaixo, e esses depósitos para óleo de cozinha pois a nossa produção está imensa, deve ter umas trinta garrafas de dois litros cheias de óleo usado!

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  2. Também amei essa organização do lixo, aqui temos muita vontade de fazer tudo certinho, mas infelizmente não temos estrutura pra isso, então fazemos do jeito que dá!
    Mas o importante é que cada um faça sua parte, pelo menos.
    beijossss

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  3. Anna, to começando a achar que vc está perdendo seu sotaque brasileiro e começando a adquirir o Português. Lendo seu texto tem umas pistas que vc está trocando o português do Brasil pelo de Portugal. ahahahah
    Abraço

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  4. Eu tbém já notei isso que o Guga está falando Anninha... mas acho que é inevitável... Adorei este lance do lixo e penso quando nós americanos passaremos a fazer tal coisa, pois eu até separo os tipos de lixo, mas o dito caminhão vem e junta tudo... então fico pensando o que foi que eu fiz separando tudo para eles juntarem tudo, outra vez? Ê Brasil velho sem porteira! O carro-escovão eu vi um numa reportagem sobre NY, a algum tempo, e, pelo menos para nós é uma distante idéia de limpeza. Temos que nos contentar com o carro fedido, que passa (e ainda bem que passa!)deixando a rua molhada e fedida de chorume. Ai! como estamos longe da civilização!

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  5. Esse post me fez lembrar o meu Rafinha...
    Ele adora caminhão lixo, qdo percebe um na rua sempre exclama: mamãe o caminhão de lixo. Ele adora. No you tube sempre colocar pra ver esses caminhões chics colocando o tambor! em seguida ele faz seus brinquedos de lixo e os baldes de casa servem como esse tambor que é guinchado, uma graça! vou mostrar pra ele esses tambores , ele irá amar!
    bjocas
    vilma

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  6. Oi, gente!
    É, para ter um comportamento ecologicamente correto é preciso investimento, pois, do que é que adianta separarmos o lixo e depois o camião vir e mastigar tudo junto? Quando estava lecionando no Presbiteriano, essa perguntinha me foi feita por alunos da 6ª série, ea minha resposta foi: "é, vocês têm razão!" E isso já faz uns 10 anos! Mas, existem esperaças: em Garanhuns tem um programa da secretaria de Desenvolvimento economico, junto a uma comunidade carente (não me lembro qual) que produz sabão com óleo utilizado. Sei disso porque o projeto é de Ornilo, professor da AESGA. Poderiamos entrar em contato com ele para articularmos um ponto de entrega no centro da cidade ou na AESGA, contando com o apoio de Eugenia... utiliza apenas um tambor e boa vontade. Daí, a secretaria poderia se responsabilizar em fazer a recolha do material... Vamos articular, Guga? seria, menos um tipo de lixo reciclável jogado nas nascentes de Garanhuns.E ainda ajudaria a gerar renda para essas comunidades.
    Pois, estimados, vocês nem imaginam o quanto eu tenho apanhado aqui por conta desse nosso idioma... Dizem que eu falo/escrevo em brasileiro!Tenho que aprender português depois de velha!Mas, isso eu contarei depois!
    Bjooooo!

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  7. Luiza está tão linda! Mais magra e com o cabelão! Tenho muitas saudades de vocês! Aqui, quando tem um lixeiro na rua até que é bom, senão tem que levar palito de picolé na bolsa, pra não ter que jogar no chão. Quanto ao português, vai ser ruim pra Luiza, qundo ela voltar, ter que aprender a escrever o nosso brasileiro, já tendo aprendido o português daí. Mas criança num instante se adapta às coisas novas. Beijos.

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  8. Eita, se esse caminhão varredor passasse hoje lá na feirinha da boa vista ele tinha muito o que moer! Tenho saudades de vocês todo dia! Beijos.

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  9. hehehe, não sei o que tem menino para gostar tanto de caminhão de lixo!
    Saudades grande, Antonio!
    Bjooo!

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