segunda-feira, 23 de maio de 2011

Família

Quando estamos fora de área ou temporáriamente desligados é que percebemos com maior intensidade a importância da família na nossa vida. Desde a semana passada, Tony está em terras portuguesas, e, segundo Luiza, a nossa família está completa outra vez. Temos feito alguns sacrifícios nesta odisséia de formação. A concessão mais dolorosa é esse afastamento físico, pois já se vão 21 anos de parceria. 

O dia que mais reclama a saudade da família é o domingo, pois era nesse dia que ia à casa de Ilma para o almoço, encontrar minhas irmãs e seus filhotes. As conversas animadísimas se entrecruzam na mesa, as últimas histórias de amigos e conhecidos, sempre com uma pitada de bom humor, mesmo que a situação seja a mais lúgubre. Nestas horas, quem tem problemas pode desabafar e solicitar apoio, sempre incondicional. Geralmente,  Ao menos uma vez ao mês, elas iam à minha casa, geralmente comer feijão verde com galinha. Eventualmente, minha sogra D. Nilza está presente, mas o tom de picardia não é abandonado, o que torna esses almoços muito divertidos. Izabel trás histórias do último plantão. Ilza, as coisas da escola. Ilma, conta as histórias do tribunal e Ilda faz seus comentários críticos e quase sempre certos. Quando Mahria e Cândido vem, ampliam-se as histórias e forma a trinca de Antonios: Cândido, Neto e Carlos. Vilma, Petronildo e os meninos só vêm uma vez por ano, e será preciso acertar o calendário para tê-los à mesa. Na páscoa de 2010, Mytsi veio e tiramos fotos com as orelhas de coelho que Luiza ganhou na escola. Coisas simples, de família mesmo.

Um domingo tive uma crise e fui a supermercado. Aqui, feijão verde é vagem. Prefiro consumir feijão em lata, pois não precisa cozinhar e não temos panela de pressão. O feijão mais parecido é o feijão frade.
O feijão é bom, vale a publicidade grátis. E me lembra com saudades de Sérgio Souza, que me apresentou essa variedade como base da culinária baiana. Pois bem, fiz a salada de feijão, que ficou até boa.


É assim:

Cozinhe o feijão normal, como costuma fazer. Escorra e reserve. Refogue cebola, pimentão e coentro bem picadinho. Tomate também. Use azeite, por favor. Depois, pique os ovos cozidos. Se tiver um pedacinho de queijo coalho (não precisa ser novo, pode ser aquela beirinha que sobrou do café da manhã), corte pequenino e coloque tudo dentro. Mexe, salpica um pouco de queijo parmesão, e está feito. Sirva quente. 

Fica uma beleza com galinha guisada. Se for galinha de capoeira (orgânica), melhor ainda.
Nesse dia, encontrei farinha no supermercado: festa na casa luso-nordestina.

Outra vez, fizemos sapos. Antes que vocês nos imaginem comendo os batráqueos, sapo é um bolinho típico da nossa família, todo aniversário tem que ter.

Esse aí não posso dar a receita, é segredo de família.  Quem sabe, quando voltarmos, empreendamos no ramo do fastfood e o sapo não se transforma no Habibs do sertão?

Eu e Luiza comemos tanto... Mas, faltava o principal: aquele bando de malucas falando sem parar, mais Pablo, Iasmin, Mariana... No almoço nesse dia, eu entendi que não é o prato (nem a comida) que faz o almoço, mas o encontro.

Tem gente que  renega a família que tem.  Mas, isso é coisa de quem é novo ainda, e não teve muito tempo de perceber que no final das contas é a família que acolhe, ajuda, e mesmo com dificuldades e divergências, aceita. Ou de quem, mesmo muito velho, ainda não aprendeu a viver.

Saudades imensas de minhas irmãs.

Té manhã, fiquem com Deus
      

4 comentários:

  1. Adorei sua explanação para o almoço familia. Muito me emocionou porque eu lembrei de mamãe, que adorava o frisson de todo mundo falando a uma só vez, à mesa.
    Quando vc voltar precisamos editar um almoço daqueles na sua casa, daquele tipo, cada um leva um prato para ajudar, fica mais prático para a dona da casa além de ficar mais variado o cardápio.
    Adorei a sua receita da salada de feijão, vc pode variar fazendo-a, mas como protagonista o macarrão, com as mesmas verdurinhas , mais entatados(ou n) que houverem, tipo ervilha milho. Ainda pode colocar grão de bico, ou acho que vc tem por aí, o tremoço. Vale tudo nestas saladas, e elas ficam mto variadas. Peço licença , para divulgar no meu blog te imitando, uma receita que aprendi e testei hoje e pode fazer que vc vai gostar. Grande beijo!

    ResponderExcluir
  2. E o vozeirão de Tony imitando os politicos? E a miadeira de Izabel? e a gritaria de Antonio? os cochichos de Iasmin e Mariana? As piadas de Pablo? a comidinha de Ilda... a hospitalidade de Ilma, o sossego do quintal cheio de flores das mais diversas especies... O Sr. P.Lucio caminhando mansamente entre os mortais! ô saudade heim???!!!!

    ResponderExcluir
  3. Pena desfrutar tão pouco desses momentos felizes!
    Mas adoro!
    Aqueles que renegam a familia mas tarde verão como é triste não ter um laço de sangue e um amor incondicional , que só os da familia conseguem dá! Os amigos estão conosco apenas em momentos de alegria . Se tiveres algum problema temos que nos refugiar com a nossa família.

    ResponderExcluir
  4. E os sapos também atravessaram o Atlântico! A foto ficou linda, eles parecem que saíram de um livro de culinária! O que eu tenho a dizer sobre família, usando uma frase de Stich, bichinho alienígena da Disney: "O'hana quer dizer família, e família quer dizer nunca mais abandonar ou esquecer..." Beijos e saudades.

    ResponderExcluir