sexta-feira, 15 de julho de 2011

Avaliação: Algumas palavras sobre o Exame da OAB

Estive fora uns dias me preparando para uma prova. Andava angustiada, pois esperar não é a minha praia. Confesso que sou meio imediatista, se uma coisa tem que ser, boa ou ruim, que o seja logo, pois o que me mata é a espera. "E na tortura toda carne se trai", já diria o sábio Zé Ramalho. Num próximo post, falaremos sobre a tão comentada qualificação do Projecto de Doutoramento.

Nesse meio tempo, vi uma avaliação das Faculdades de Direito a partir do número de aprovados no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil. Muito satisfeita com o desempenho da Faculdade de Direito de Garanhuns, que ocupa o 8º lugar no número de aprovados na famigerada prova. Navegando no Blog do Ronaldo César ( http://blogdoronaldocesar.blogspot.com/ ), hábito cotidiano que me faz manter o contato com as novas (e velhas) de Garanhuns, me deparei com o comentário de um leitor, que apontava com raquítico o desempenho dos nossos alunos e responsabilizando a instituição do ensino por esse resultado. E isso me pôs a pensar sobre as particularidades da avaliação.

Não é tarefa fácil avaliar. Para avaliar bem é necessário esclarecer quais os critérios de avaliação, e, para isso, honestidade é indispensável. Na avaliação da  aprendizagem, precisamos ter o cuidado de avaliar aquilo que trabalhamos para não incorrer em injustiças. No caso de Direito, percebemos que há um sério descompasso entre o que a Faculdade ensina, o que a OAB avalia e o que o mercado exige do operador de Direito. Um exemplo disso está no modelo das peças exigidas  nos exames não são as praticadas no cotidiano do operador do Direito. Portanto, essa falta de sintonia entre as instituições de ensino, a entidade reguladora da profissão e o mercado de trabalho alimentam a indústria dos cursinhos preparatórios. Responsabilizar um ou outro setor pelo insucesso no exame é próprio de quem analisa educação e profissionalização como quem discute novela, sem qualquer responsabilidade e sem o mínimo de conhecimento de causa. 

No processo educativo, nomeadamente na formação de profissionais,  todos os intervenientes  - alunos, professores, instituições de ensino partilham responsabilidades e devem assumir sua parcela de contribuição no êxito ou no fracasso. Essa é uma realidade gritante que precisa ser incluída na discussão sobre a formação dos profissionais de ensino superior, pois, provavelmente não está restrita ao Direito, mas é nesta área identificada graças ao tão falado exame.

Afinal, avaliamos o quê e para quê?

Saudades de hoje: Dos meus queridos alunos da FDG.

Para quem irá fazer o exame no próximo domingo, boa sorte, pois nesse tipo de prova de múltipla escolha a SORTE faz diferença.

Té manhã, fiquem com Deus. 

3 comentários:

  1. Pois é Anninha, o exame da ordem está meio fora do contexto, parece estar alimentando o comércio de preparatórios, pois o que rola de dinheiro para se fazer o concurso não é brincadeira. E não se mede a capacidade do profissional, como você diz muito bem no seu texto. Eu já vi muito juiz de direito na dúvida, consultando o vade mecum...E achei a colocação da FDG muito boa, pois foram 24 faculdades analisadas.

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  2. Também não achei ruim a colocação da FDG. De uma maneira geral a avaliação é ruim pra quase todas as instituições. A UFPe que é a que mais aprova só consegue uma aprovação de cerca de 50% dos seus discentes. Acho que deveria ser feito uma avaliação mais criteriosa para que os bacharéis não nadem nadem e moram numa prova da OAB.
    PS: A minha faculdade não aprovou ninguem!

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  3. É, meninas. Seria necessário repensar, pois o exame não é ruim, é mau executado. Beijão!

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