segunda-feira, 18 de julho de 2011

Avaliações: O projeto de doutoramento

Conforme já disse, avaliar não é fácil. Mas, também não é nada confortável ser avaliado. Nosso cotidiano é um constante exercício de avaliação, estamos sempre a avaliar e ser avaliado, em diversos sentidos. A mãe que se queixa da irresponsabilidade do filho, fez uma avaliação comportamental para chegar a esse veredicto. Professores são constantemente avaliados por seus alunos e tem a avaliação com umdos aspectos mais espinhosos de sua profissão. É a minha profissão, mas, estou temporariamente trocando papéis, e como aluna, tenho exercitado a empatia na prática. E todas as fragilidades, receios e frustração emergem. Segundo Eliane, quando sentamos na cadeirinha mágica, muda a perspectiva. 

Semana passada foi a qualificação do projeto do Doutoramento. Havia trabalhado tanto naquele danado, que já sabia o discurso ao contrário. Nossa proposta - digo nossa porque o projeto não é só meu, é também do orientador, prof. Dr. Francislê Neri e dos meus colegas que participaram das atividades planejadas para recolha de dados. Por isso, o uso constante da primeira pessoa do plural, ressaltando o caráter o seu coletivo, - é uma investigação sobre o desenvolvimento de competências docentes para o ensino ativo. Passamos um bocado de tempo discutindo esse projeto online. No mês de janeiro, tínhamos o esboço de três propostas. Faltava escolher que caminho seguir. Optamos por um estudo de caso do processo de desenvolvimento de competências do questionamento e argumentação. Depois de definido, passamos até abril para escrever as questões de investigação e os objetivos. Daí, até 17 de junho, estava construíndo o projeto. Tudo tem que ser muito bem costurado, as opções metodológicas devem corresponder aos objetivos, e ser tudo muito bem fundamentado. Com o limite máximo de 20 páginas para o conteúdo,  fiz alguns cortes e ajustes. Foi analisado, corrigido e recorrigido pelo o Orientador. 

No prazo para encaminhar ao coordenador do doutoramento para garantir a defesa, fiz a minha patuscada inaugural: mandei uma primeira versão com o cronograma de atividades em um arquivo separado, e depois fiquei pensando: aquilo tá errado! tem que ser em anexo ao trabalho, mas no mesmo arquivo. Eram 23hs quando dei umpulo da cama, e suando em bicas, comecei a luta para incluir o arquivo e mandar novamente. Sabe aquele filme Carruagens de Fogo? a cena da corrida? Pois, às 0h consegui colocar o cursor na tecla enviar e  encaminhar o e-mail para o professor, pedindo mil desculpas (de novo! Só vivo pedindo perdão a este rapaz!) para substituir o arquivo. No outro dia, ao imprimir o trabalho, achei um milhão de erros. Agora, pronto, já havia mandando. O jeito era assumir as "gralhas",como chamam os erros por aqui. A perfeição não existe.

Era preciso também arranjar a apresentação. Nesse meio tempo, rolou o  estresse do projeto da FCT, que é a CAPES daqui. A submissão das propostas encerrava-se dia 27 de junho, e a nossa estava quase pronta. Aconteceu de tudo, mas isso é uma outra história. Voltando: Fiz uns powerpoint que ficaram até jeitosos. No testdrive, fizemos uma apresentação, eu e o Orientador, que fez uns pequenos ajustes. No final ele disse: "Olhe, tá bom. Vamos trabalhar em outra coisa, que isso já está ficando chato."  Isso foi na quarta-feira. A apresentação era na sexta-feira. Entre um e outro, 24hs. O dia 14 foi péssimo. Esperar não me apetece de modo algum. Sou assumidamente agoniada e 24h deu para imaginar todas as tragédias (im)possíveis. O agravante da situação é que a prova pública é no sistema mata-mata, não passou, arrume as malas e volte para o seu lar. Agora, imaginem vocês: passar por tudo que passamos, e que vocês sabem tão bem e ter que voltar com um certificado de estudos avançados? Essa prova era a nossa sobreviência nesse projeto. 

No outro dia, às 16hs estava marcada a defesa. São 20 minutos de apresentação, mais a discussão pelo arguidor, um professor da área, preferencialmente de outra instituição. Cheguei 13h40min. A colega Rosa Brígida apresentaria primeiro e depois, eu. Mudou, pois a minha avaliadora precisava despachar-se primeiro. Fui. Não me perguntem o que eu disse, não me lembro. Sei que o Coordenador planejou um ambiente bastante informal, oque aliviou a tensão. As perguntas foram da metodologia, a professora até elogiou a escrita do texto, coisa que me conforta pois já sofri muito com essa parada de português brasileiro.

No final, o Prof. Coordenador fez suspense, e eu fiquei para ser plateia de Rosa, nada mais justo, pois ela fez número na minha. E de quebra, conheci a arguidora de Rosa, a profa. Celina Vieira, esposa do prof. Rui Vieira, que deu Metodologia para a gente. Após a sabatina da companheira, divulgou as notas, que, para mim, não é tão importante, apesar de me espantar com a generosidade deles. Essencial é receber o carimbo de "pode ficar". Tenho ainda muito o que fazer aqui.

Agora, é cuidar na vida. Temos uns artigos para escrever e correr atrás de publicação. Vamos começar a cavar a sapata da tese, construindo os conceitos da fundação dessa edificação. Mas, para além disso, descobri o quanto tem gente torcendo por mim, apoiando, dando força da maneira que pode. Via facebook recebi tantas felicitações que parecia ter concluído o curso, quando apenas estou começando. Estou mais rica de amizades, e, delineando parcerias de vida. Obrigada à todos.

Saudades de Hoje: Apesar de ser constante, a saudade tem me ensinado que estou no caminho  certo. 

Té manhã! Fiquem com Deus, e mais uma vez, obrigada pela companhia.  
       

    

Um comentário:

  1. Acho que essa fase que passou foi a mais difícil, pois como você disse era "mata-mata", tudo ou nada. Eu sempre confiei que o sucesso viria e sua empreitada não seria em vão. Você está de parabéns, continue avançando sempre. Isso é que significa honrar o nome dos seus pais. Beijos e saudades, sempre.

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