sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Tv, Tv, Tv - Parte 2

Não vou negar que gosto de Tv.

A Tv informa e diverte. Os programas de Tv são reflexos daquilo que somos. Pode ser um sinal de alerta quando programas de baixíssima qualidade ou reclames vazios fazem um sucesso instantâneo e estrondoso. Quando nos compraz assistir atentados a dignidade humana ou a razoabilidade intelectual é preciso rever nossos valores e princípios. Como a Tv é um espelho do mundo, o que não nos agrada é fácil combater, afinal, ninguém está obrigado a se plantar na frente do ecrã e assistir o que não quer. O botão on/off tem o poder de operar maravilhas. Não me agrada, carrego nele e vou-me fazer outra coisa mais util ou mais prazerosa, sempre existem opções melhores.

Lembro-me quando estava na graduação era pecado dizer que gostava de novela. Pois, agora que estou mais velha e não tenho que moldar comportamentos a aceitação de grupos, assumo: gosto de novela. Por mais que critiquemos, as novelas da Globo, a vênus platinada brasileira, são as melhores. A experiência de anos em produções muito bem cuidadas fazem toda a diferença em relação às peças bem mais simplórias. Em Portugal, a SIC veicula duas novelas brasileiras, com a opção de legendagem em teletexto no canal 888. Ao contrário do que víamos no Vídeo Show, as novelas brasileiras em Portugal não são dubladas. Em razão disso, os portugueses sabem muito mais de nós, que nós deles. Ano passado, quando ainda andava pelo LCD (Laboratório de Conteúdos Digitais da Universidade de Aveiro. Não me adaptei ao silêncio dos colegas trabalhando de fones de ouvido), houve um evento para alunos do ensino médio. Em um determinado momento, o serviço de som para animaçlão dos jovens tascou: "você não vale nada, mas eu gosto de vocêêêê!"  Nem aqui se escapa da popularidade do Calcinha Preta, trazido pela mão da telenovela. O sucesso da hora é "Ai, se eu te pego", do Michel Teló. Quem ajudou a popularizar foram os jogadores de futebol. Nos revaldos portugueses há muitos brasileiros, e a troca cultural acaba acontecendo naturalmente. Pena que eles não curtam Chico Buarque, João Gilberto, Caetano Veloso... coisinhas assim, um pouquinho melhores.  

Bom, mas, voltando as novelas. Atualmente, está passando "Morde e Assopra" (a Márcia morreu ontem!) às 18h40, e "Insensato coração", às 23h30, horário nobre português. Para nós, é muito tarde, não dá para assistir. Quando chegamos aqui, a novelinha brasileira foi uma maneira ótima de  eliminar o sinal de ocupado que a nossa cabeça fica com o sotaque português (embora os portugueses digam que nós é que temos sotaque!). No começo, para aprender a ouvir, principalmente os mais velhos que falam mais rápido, dói no ouvido. A novela era uma espécie de relax auditivo. Nessa mesma época, a SIC começou a anunciar  "Laços de sangue. A novela da nossa gente!" em co-produção com a Globo.  Assistimos aos pedaços, mas logo nos interessamos pelo enredo fundamentado na eterna briga entre irmãs-inimigas. Apesar de algumas irrealidades, a novela foi muito boa. Não é à toa que ganhou o EMI de melhor novela de 2011. Quem é noveleiro de verdade, sempre torce para que o vilão se lasque no final. Com excessão de "Vale Tudo", do Gilberto Braga, os vilões sempre morrem ou ficam loucos. Em Laços de sangue, não foge ao clichê, mas a Diana morre de uma forma... foi a cena mais agoniada que já vi em novela. Em conluio com uma juíza e um enfermeiro, ela forja a própria morte, para poder matar a irmã e o cunhado. Está tudo certo para o coveiro desenterrá-la quando o cemitério fechar. Só que o coveiro sofre um acidente de moto! Vejam lá, a cena:

  
Foi muito horrível, apesar dela ser uma peste.
Nestes dias, os brasileiros acompanharão o trabalho dessa jovem atriz, pois, logo que ganhou o prêmio nos  Estado Unidos, a Joana Santos desceu para o Rio de Janeiro. Como Ricardo Pereira, aquele lindinho que já está se dando bem nas nossas telinhas, ela tem um futuro promissor. É muito talentosa. Já essa novela Rosa Fogo... É brega demais! Pela abertura já se tem uma ideia:


O enredo é assim: Essa moça ai, a Maria, vive indecisa se fica com um desses caras. E esse senhor que aparece é o bandido que quer roubar a fortuna da família dela. Parece novela mexicana! 

Há quem critique aqueles que apreciam novelas. Mas, estas peças televisivas podem ser muito bem utilizadas, principalmente em sala de aula, quando adaptamos o enredo ao contexto e ao conteúdo. Em 2010, tive o prazer de assistir uma palestra Palestra: “Quando a vida imita a arte: o direito da família aplicável às  novelas. Uma reflexão sobre as soluções jurídicas aplicáveis às controvérsias afetivas da ficção”  no IV SEJUG (Semana de Estudos Jurídicos de Garanhuns) com o  Prof. Marcos Erhardt Jr.  A partir dos casos apresentados na novela, o  professor analisava as possibildiades de aplicação da Lei. Basta ter um bocadinho de percepção pedagógica para adaptar os casos de novela e outros programas, transformando-os em excelente material didático, motivando o aluno-noveleiro a ligar a máquina de pensar na hora de assistir Tv. É preciso ter senso crítico para selecionar o que merece a nossa atenção, já que dispomos de tão pouco tempo, gastemos-lo com o que vale a pena.

Sem saudades nenhuma de programas sensacionalistas, que exploram a miséria alheia e a degradação do ser humano, além de emburrecer a população. É preciso lembrar que quem manda na Tv somos nós: o On/Off do seu controlo está ali para ser usado.

Té manhã, fiquem com Deus.

8 comentários:

  1. Muito boa reflexão, Ana! E compartilho a sensação de solidão em relação aos companheiros com fones no ouvido. Hoje para estar sozinha, fico em casa. No mais, compartilho da tua visão crítica em relação as novelas citadas. Fico à espera de mais reflexões!

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    1. É, Sannya, eu que sou meio barulhenta e espaçosa, acabo me sentindo meio amarrada nesses ambientes organizados. Sou mais a muvuca. É um luxo ter sua companhia nessa leitura de mundo! Beijos!

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  2. Concordo com vc, sobre o controle remoto...a tecla on/off existe tbém para ser usada, como as outras. N gosto de novelas, porque acho perca de tempo...além de criar um hábito desnecessário...n gosto, como n gosto de cantor sertanejo ou destas bandas babacas que tem por aí, mas quem gostar , à vontade. Quanto ao resto... Tem sido mto resto, então,eu passo. N digo que nunca vi um BBB, mas só o 1. n gosto de repetições.Além do que estes tipos de programa nivelam a mulher muito por baixo, e elas contribuem para isso...Coisas programadas para chocar não me agradam mto. Gostei do teu post, é mesmo a expressão de uma grande verdade. Bjo. Ciao!

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    1. Oi, Mahria! Essa coisa de gosto é realmente complicado. É mais fácil trilhar pelo caminho do respeito eque cada um faça o que mais lhe apetece. A vida é mais simples assim, e há uma altura na vida que buscamos a paz de viver do nosso jeito. Beijos!

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  3. Assisto as telenovelas desde que me entendo por gente, nunca escondi, nem mesmo no universo acadêmico, onde as pessoas vestem máscaras e interpretam personagens fingindo serem o que não são. Ainda tem o fato deu ser homem, existe a imagem preconcebida de que novela é coisa de mulher (que não tem o que fazer). No Face quando ponho comentários sobre novelas tem sempre um amigo que vem com aquelas chatices “novela?”. Um saco! Dou um fora e sigo minha vida.

    Sobre o Vídeo Show: eles também falaram que as primeiras novelas brasileiras exibidas por aí eram legendadas. Essa informação procede, Cecília?

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    1. Ed, as novelas brasileiras são transmitidas no formato original, mas, há um canal (o 888) que trás a legendagem. Penso que assistem mais na versão original, por isso também nos entendem melhor do que nós a eles. O Brasil vende muito bem em Portugal, seja em tv, cinema, música ou futebol. Agora,em tempos de crise do lado de cá (a coisa tá feia, mas não chega a assombrar nordestino calejado pelas dificuldades!)o Brasil, junto com Angola, é sempre lembrado como uma alternativa para a imigração de mão de obra altamente qualificada. A novela é patrimônio cultural e deve ser valorizada como tal. Mesmo que seja uma parte aqui e outra ali, sempre assistimos!
      Bjos!

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  4. Lembrei de mamãe, que dizia a cada final de novela, quando o desfecho não lhe agradava: "nunca mais vou assistir outra novela!", e quando começava uma nova ela sempre acompanhava, não tinha jeito. Eu gosto de novelas, embora ultimamente não esteja assistindo nenhuma, e porque toda vez que acompanho uma novela, sempre acontece de eu perder o último capítulo! Beijos e saudades de vocês

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    1. hehehehe, boas lembranças, Ilma... E olhe que ela sempre dormia boa parte da novela. Triste de quem desligasse ou mudasse de canal! Nós só assitimos a das 18h30min porque é na hora do jantar. Depois começa o noticiario e vejo uns pedaços ao mesmo tempo que fazemos as tarefas ou estudo com Luiza. O dia dela é puxado, mas, mesmo assim, depois disso tudo, ainda tem que ter um tempinho para brincar, pelo menos 30 min. Engraçado, eu também sempre perco o último capítulo!
      Saudades de você! Bjos!

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