domingo, 15 de setembro de 2013

Comidinhas 6

Prato do Don Paolo. Foto de Leonilla Meneses! Thanks, amiga!
Entre o horário do inglês de Luiza e o meu, tenho uma horita vaga nas tardes das segundas e quartas. Geralmente, fico zanzando na rua, pagando contas, comprando "coisas de casa". Alguns objetos da nossa casa já estão completando uma década e precisam urgentemente ser repostos. Outras tecnologias surgiram e precisamos dum upgrade, principalmente na nossa cozinha. Numa dessas andanças, já ao final do mês, quando o salário já deu adeus há tempos e o cartão de crédito descansa em paz nalguma gaveta, longe da minha carteira, entrei nas lojas americanas e fui "olhar" os cds. Tornou-se irresistível não sair da loja com dois cds sem saquinha, pois encontrei perdido no meio do brega, funk e música de baixa qualidade um cd da Alanis Morrisett e o cd acústico dos Titãs, por 15 reais, cada. No caminho, a banda composta por 11 caras (uma equipe de futebol!) cantavam "comida" enquanto nós discutíamos que o cd já completa 16 anos! O tempo passa e nós continuamos cantarolar "você tem sede de quê? você tem fome de quê?"

Como já vos disse, ando a procura de uma rotina que me imponha ordem. Nestes dias, tenho percebido que a cozinha cotidiana é um encargo que não suporto. Primeiro, é preciso decidir o que vai fazer. Depois, é preciso ir comprar os ingredientes, isso consome, além de recursos, tempo, pois não moro mais na esquina do Pingo Doce. Cá, na periferia garanhuense, me perco nos mercadinhos que não dispõe dos produtos que estou habituada a comprar. Em seguida, vem a tarefa quase alquímica de juntar ingredientes e produzir algo comestível. Por fim, estão os pratos e panelas esperando pela lavagem. Além de ser muita ocupação é um trabalho que não termina. Aliado a isso, tenho um marido que só vive pela rua. Facilmente me acostumei às refeições "rueiras", mediando entre o caro, o médio e o barato, a depender do dia do mês. Luiza já aprendeu, e à hora do almoço já não mais pergunta o que vamos comer, mas onde vamos comer. Logicamente, sai mais caro, mas, a relação custo-benefício compensa o dispêndio, uma vez que a árdua tarefa de cozinhar só sobra para mim. Assim, fico mais feliz. 

Pronto. Então, nessa brincadeira, acabamos mapeando os restaurantes da cidade, conhecendo dos PFs (pratos feitos) à gastronomia conceitual. Logicamente, às vezes embarcamos numas experiências pouco recomendáveis.  Quando a aritmética entre a qualidade da comida, do ambiente, a qualidade do serviço e da conta não compensam, Tony decreta uma suspensão, e assim, passamos até meses sem retornar. Na categoria PF, a "escadinha" é imbatível. O Restaurante Expresso, situado na Av. Caruaru, é vizinho de Zé Bolinho, frente para o atual centro administrativo do município. O restaurante é simplíssimo, mas muito limpo e a comida de D. Ana é sempre muito boa.  O suco de manga é o melhor de sempre, e aos sábados serve uma feijoada maravilhosa. Além disso, acompanhamos o crescimento das meninas, que já estão com seus filhos, e assim, nos sentimos meio tios da Maria, filha da Fabiana. Um outro PF muito bom é o Bráz. Não sei o nome do estabelecimento, mas é o restaurantezinho que fica na esquina com a Pé & Cia. De propriedade dos pais de Sinara, uma aluna nossa da FDG, o feijão tropeiro é imperdível. Na gestação de Luiza, iamos lá uma vez por semana, pois eu tinha que consumir fígado, e o que serve lá é maravilhoso. Outro PF muito bom é o do Ivo. Fica na Praça Jardim, por trás de Ferreira Costa. Serve prato único: arroz branco, vinagrete e feijão verde. O que varia é o churrasco, com opcionais de boi, bode e porco. Somos atendidos por uma equipe muito simples, mas muito eficiente. O Ivo serve o churrasco nos espetos armado com uma faca imensa e a fiadíssima! O difícil é arranjar uma mesa, pois o pessoal que vem das cidades vizinhas sempre disputam espaço com os funcionários do comércio. Mas, a comida é boa e vale a pena ir lá. Por fim, conhecemos o PF da Aquiry Aves. Situado na av. Rui Barbosa no sótão do mais tradicional abatedouro de Garanhuns, serve uma comida simples (arroz, feijão tropeiro, macarrão, vegetais cozidos, salada crua e uma carne) num ambiente muito limpinho. Fiz questão de ir conferir o banheiro, pois, já definimos, através da nossa experiência que, se o banheiro é limpo é um bom indício para o nível de higiene da cozinha. São estabelecimentos simples, que servem comida honesta, sem enfeite à preços acessíveis.

Das coisas que eu odeio, uma é ir fazer uma refeição num restaurante, e independente do preço que pratiquem, sair com cheiro do cardápio impregnado na roupa e nos cabelos. Infelizmente, na nossa cidade é o que mais acontece. Essa semana, fomos a uma casa de gastronomia chinesa, e ao final do almoço, tive que ir para casa tomar banho por causa do cheiro de fritura. Me tornei uma fritura ambulante, e o cheiro era tão insuportável, que a nossa roupa foi diretinho para a lavanderia. Um horror. O ambiente que os restauranteurs oferecem aos clientes é importantíssimo. Vivemos, nos últimos dias,  algumas experiências gastronômicas interessantes. Há menos de um mês, o senhor doutor meu orientador e sua esposa estiveram em Garanhuns, visitando minha amiga Genésia. Como a Dayse é vegetariana, sempre enfrentamos algumas dificuldades nas refeições, uma vez que somos uma região cuja cultura gastronômica é essencialmente carnívora. Nessa hora quem pode nos salvar foi o Guga, com o seu Kefi Saladas. Até Tony comeu saladas e crepes! A comida é muito gostosa, diversificada, e ainda oferece a possibilidade do cliente escolher os ingredientes da salada. Os sucos são um show à parte. É gastronomia conceitual a um preço muito acessível. O atendimento do Kefi é impecável e o ambiente é bem tranquilo, sem música alta, nem tvs inutilmente ligadas sem som. Muito bom. Essa semana, ganhamos mais uma opção com o Don Paolo. Todos que experimentavam a cozinha do Paulo sempre diziam: "tu devias abrir um restaurante". Uma vez, nos hospedamos na casa deles em Maceió, e o Paulo fez umas iscas de filé ao molho de fundo de panela com espaguete ma-ra-vi-lho-so! Isso já faz uns bons 7 anos, e eu nunca esqueci. Então, em parceria com a Joana D'arc, o Don Paolo funciona para almoço e jantar desde o dia 12, lá na Rui Barbosa, vizinho ao Posto Centenário.  Assim o chef Paulo vai dando os primeiros passos num serviço que certamente será impecável, pois ele é o capricho em pessoa. Aos poucos, vai  ajustando a cozinha e o serviço de atendimento, que ainda apresentam algumas lacunas. Todo começo é difícil e somente a rotina (eu sei bem disso!) irá lapidar o serviço. Ainda assim, a comida é muito boa. Um almoço, na opção prato do dia sai por 15,50, além de um cardápio diversificado.  O ambiente é muito agradável e ninguém sai cheirando a coxinha. Vale muito a pena conferir.

Opções para comer bem em Garanhuns são muitas. Às vezes não damos sorte, mas em alguns casos, a má sorte deve ser acompanhada com uma segunda chance. Voltaremos ao Chicruta, um café-restaurante que fica na R.Dr. José Mariano para tirar a má impressão que ficamos com a picanha servida, que estava mais para carne de  pescoço de Maradona.Voltaremos por dois fatores, além do bom ambiente: i) Os chips de provolone com geleia de abacaxi e pimenta é muito gostoso, ii) A mocinha que nos atendeu é de uma delicadeza irrepreensível. São razões para um voto de confiança.

Há pessoas que vivem para comer, outras que comem para viver. Eu não me enquadro em nenhuma das duas categorias. Para mim, ou melhor, para nós, comer faz parte da vida, e, fazer do hábito uma boa experiência é um investimento em vida, para além do sábado, domingo e feriado!

Até amanhã, fiquem com Deus.   

5 comentários:

  1. Anna Cecilia, adorei suas indicações.
    Muitas vezes nem conhecemos os sabores de nossa Cidade por não procurarmos ou até mesmo por preconceito de entrar em um local simples achando que "enfeites" é o tempero ideal.
    Quando trabalhei na Secretaria de Turismo, Marcílio Maia criou o "Circuito Beira de Estrada" e nós funcionários e alguns poucos amigos, saíamos na última sexta-feira de cada mês para conhecer restaurantes e botecos ditos "sem glamour" e o resultado foi que descobrimos os sabores e aromas que nem imaginávamos que existiam em nossa cidade.
    Não sei se você já conheceu o Kebab, não só o ambiente é aconchegante, como a comida é deliciosa.
    Obrigada pelas dicas. Abraços Eris Lúcia

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    1. Wow, Eris, o Marcílio é mesmo uma figura criativa. Penso que a cidade poderia abraçar a ideia e incentivar a prática, que trás o conhecimento do que há de bom em Garanhuns, mas que não tem espaço na mídia. São pessoas que vivem de seu trabalho, honestas e dedicadas a oferecer um bom serviço. Hoje mesmo dizia a Tony que temos que ir conhecer o Kebab, da Nena,que só conheço pelo Facebook. Essa semana, faz parte da lista de opções. Obrigada pela dica.Beijos!

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  2. Gosto muito de comida de rua, mas quase nunca como em boteco tenho medo de infecções! Tem boteco bom! Gosto da comida do mercado da Encruzilhada (um bacalhau bem grosso pra ninguém botar defeito. A cabidela do mercado da Madalena é muito bom! Quase nunca frequento, meu pimbolhos e Mosedo nao gostam de comer em lugar feio e fora de casa , respectivamente. Qdo eu for ai em Garanhuns quero conhecer esses lugares!

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