domingo, 26 de janeiro de 2014

Digam-lhe que fui ali: Salvador

Vista do Mercado Modelo e cidade baixa. Foto com a 'torradeira'!
Pronto, então nos finais de novembro do ano passado, juntamos três mudas de roupa numa malinha e nos botamos rumo a Salvador. A história começou num dia comum de trabalho. Ao abrir a caixa de e-mail pela manhã, havia uma chamada para o Encontro Interdiciplinar da Região Nordeste, a ser vivenciado no período de 27 a 29 de Novembro, na cidade de Jorge Amado. Fui olhar só por curiosidade científica. Era um povo da UFBA e do CONAES promovendo uma discussão sobre os novos caminhos da pós graduação no Brasil. Só para saber mesmo, olhei a programação: um caminhão de gente boa. Pensei: "deve ser uma fortuna, a inscrição." Para meu mais completo pasmo, a inscrição era 0800. Ou seja, sem custos! Já fiquei mais sensível à proposta. Partilhei para os colegas e só para manter a fama de mau, fiz minha inscrição para somente depois ir lá na Autarquia saber  se era possível uma "diarinha" de incentivo à formação do professor. Prontamente, Izabel e Rosa Antunes se inscreveram.  Suianne já estava de passagem marcada para um encontro de inovação tecnológica na mesma cidade e praticamente no mesmo período. Era muita gente inscrita para o mesmo programa.Mas,do meio pro fim, Izabel e Rosa não foram, e a Suianne ficaria até o dia 28 de novembro. Finquei o pé e decidi ir assim mesmo. Aproveitei e coloquei Luiza nas algibeiras. Já estamos mais que habituadas a zanzar pelo mundo nessa parceria. Seria um passeio de aniversário, já que ela faz anos no dia 24, e neste dia eu estava em banca examinadora de concurso. Foi uma boa negociação, bem a meu favor, pois a IES cobriu parte das minhas despesas, e as dela, eu assumi. Apesar disso, tive prometer à pequena que não entraríamos em esquemas sinistros,comoaquele voo noturno para  Porto Seguro (BA). Ela nunca esqueceu que dormiu pelo chão no aeroporto de São Salvador. 
 
Como fomos só nos duas, marquei o hotel na frente do local onde se realizou o encontro. Assim, na hora das palestras, ela ficava com as bonecas e os jogos no tablet, enquanto eu fazia a parte acadêmica.  Passagens marcadas, no dia 27 pegamos uma carona com Tony que ia ao Tribunal resolver pendengas da Prefeitura. Como nosso voo só saia às 15h, ficamos no Shopping Recife fazendo hora. Aproveitei para arranjar as unhas de Luiza nas mesinhas do Café São Bráz, depois de comprar acetona, algodão e esmalte (em Portugal diz-se "verniz") no Bompreço. O Voo foi tranquilo, o aeroporto já conhecido não nos trouxe problemas, apesar do tumulto das reformas para a Copa do Mundo. Só achei estranho a cor do tempo às 16h30: parecia que ia anoitecer a qualquer momento. Tomamos um táxi e no meio do caminho - um caminho muito longo, por sinal, pois o Aeroporto de Salvador fica muito distante da cidade. Pagamos 78 Reais da corrida - uma chuva grossa desabou sobre a cidade. Chegamos no Hotel Portobello, fizemos o check-in, muito bem atendidas pelos recepcionistas. Descansamos um pouco e fomos à conferência de abertura do evento, que decorria no Othon Palace. De um hotel para o outro era só atravessar a rua. Algumas pessoas achavam estranho que uma criança estivesse numa conferência,mas acabavam se acostumando e até achando graça nos fones e tablet que a menina usava enquanto a palestra se seguia.  Terminada a sessão, fomos jantar numa galeria vizinha ao Othon Palace, pois comida de hotel pelo serviço de quarto é muito cara. Foi só entrarmos no nosso quarto e desabou um toró inimaginável. Dormimos a noite inteira sob o som relaxante da chuvinha.

Piscina e muita chuva!
No outro dia, pela manhã, começaram os imprevistos. A piscina do hotel ficava bem abaixo da nossa janela, atraindo Luiza como um ímã. Mas,a chuva que caía em Salvador não era desse mundo. Descemos para o café da manhã e quando voltamos, o cartão da porta não funcionou. Fomos a recepção do hotel, e lá, nos informaram que a nossa reserva, feita através do Booking.com havia sido cancelada! Expliquei que o meu de cartão crédito  havia sido clonado, e, por isso, cancelado. Se tivesse chegado duas horas depois, no dia anterior, ficávamos sem hotel, numa cidade coalhada de eventos. Felizmente, havia dinheiro e o anjo da guarda protege as mães que andam sozinhas com crianças por ai. Prometi pagar a hospedagem no débito e nossa reserva foi renovada.  

Fui à Conferência pela manhã, e terminei de subir a ladeirinha do Othon debaixo de chuva. Ficava com o celular ligado e comunicando com Luiza através de SMS. No intervalo, tive que ir ao nosso hotel, pois ela não sabia desligar o ar condicionado e estava com frio. Depois, voltei pra conferência e acompanhei uma discussão muito interessante sobre interdisciplinaridade e as práticas integradoras de cursos da UFRGS. A melhor conferência foi a da Profa. Tania Fischer, discutida pela nossa conhecida Profa. Silke Weber. Foram discussões muito conscientes sobre a prática de ensino através do olhar interdisciplinar. Ainda escreverei sobre isso.

Profa. Tânia Fisher, UFBA.

No intervalo pro almoço, fui buscar Luiza para comermos. Então, a chuva virou tempestade. Ficamos quase 30 minutos esperando um táxi na frente do hotel. Demos carona a uma jovem que queria chegar a um ponto de ônibus na outra rua e fomos ao Shopping Barra. Naquelas condições de tempo, o melhor lugar para se esconder são os Centros de Compra.
Luiza e o natal do Barra Shopping


Almoçamos num restaurante judeu, mas que servia churrasco na chapa. Ao passarmos pelos balcões de exposição da comida, havia um aviso,que, de primeira, não entendi muito bem por ter lido errado: "Não fale com os alimentos". Comentei com Luiza que ficou troçando, dizendo: "Olá, arroz! Olá Salada!". O correto era "não fale sobre os alimentos".  Quando tentamos sair do Shopping os táxis estavam todos parados no ponto, pois havia um alerta da Prefeitura de que não circulassem pela cidade, pois havia risco de inundação. Que jeito? Quem assiste noticiário sabe que a inundação urbana pega o sujeito de surpresa.Voltamos e fomos ao cinema. Nessa brincadeira, perdi a sessão da tarde da conferência. 

No outro dia, pela manhã, soube que a sessão havia sido esvaziada,  pois, muitos participantes saíram para almoçar e não tiveram condição de retornar! Como sempre, após a tempestade, vem a bonança. E o dia começou meio gris, mas,sem chuva. A massa de ar úmida vinda da Amazônia, estava acabando com o interior da Bahia.  Ondina tinha essa cara cinzenta:

Ondina após a tempestade
Vi o restante da conferência, e no almoço, já tínhamos sol. Pegamos um táxi para fazer o programa padrão da terra de Cristina Alfaya: Tororó (lindíssimas as imagens dos Orixás no meio do lago) e Fonte Nova (estava fechado, mas valeu a visão. Um estádio imenso e moderno no meio da cidade!). Depois, o gentil taxista nos deixou ao pé da ladeira do Pelourinho. Zanzamos pelas ruas, visitamos a Igreja de Santa Bárbara, aquela do "O Pagador de Promessas". Luiza fez um tererê com uma baiana simpática chamada Sônia.
Luiza e o Tererê da Sônia
 Depois, fomos andando ladeira acima, tomamos sorvetes na "A Cubana", uma sorveteria muito recomendada pela Revista 4 Rodas, em atividade desde 1930. Luiza foi no básico flocos com calda de chocolate, mas eu inovei e provei um maravilhoso sorvete de umbu. Recomendo muito.

Caminhamos até o Elevador Lacerda, comparando muito Salvador com o Porto. Confesso que imaginava que era outra coisa, tipo um elevador panorâmico, como o Elevador de Santa Justa, em Lisboa. Pagamos 0,15 e enfrentamos uma fila imensa para entrarmos numa caixa de metal e desembarcarmos ofuscados em frente ao Mercado Modelo. Vale o que é: um meio de transporte da cidade alta para a cidade baixa. Neste pedaço é impossível não lembrar a obra de Jorge Amado, embora tenha evitado estrategicamente alguns atrativos como a Casa Fundação Jorge Amado (é aquele casarão azul que fica atrás na foto seguinte), pois pretendemos voltar com Tony Neto e com mais tempo.

eu, em foto clássica de turista!
Demos uma volta no Mercado Modelo, mas a essas alturas, o acarajé que comi na pracinha próxima a Faculdade de Medicina (um lindo prédio), já estava me pegando de jeito. O calor me abafava e o cheiro de dedê  revirava meu estômago. Após as comprinhas pegamos um táxi e voltamos ao hotel. Deixei Luiza, fui à conferência e depois ainda deu um tempinho para um longo banho de piscina. Com aquele calor e depois da tempestade, era o que precisávamos. Ainda passamos num vendedor de frutas e compramos uma medida grande de seriguela, frutinha tipicamente nordestina, cuja safra é no verão. Em razão disso fazia uns 3 anos que não via uma seriguela, a não ser em fotos. Luiza já achava que seriguela era um tipo de linguiça. 

Na outra manhã, partimos antes do café, pois o aeroporto era mesmo muito longe. Embarcamos com Luiza me recriminando porque daquele sábado a 15 dias haveria um show da Ivete Sangalo na Fonte Nova, e ela gostaria de ir. 
Seriguela, que saudades!
Apesar dos contratempos climáticos e administrativos (a do cartão de crédito foi o ó!) foi uma boa viagem. Uma visita tumultuada e apressada que nada combina com os baianos. Tenho que voltar em  férias para curtir melhor cidade grande,que apesar de todos os problemas urbanos tem um clima colorido, de multiplos perfumes e absolutamente zen.

Até a próxima viagem.
Até amanhã, fiquem com Deus.

Nenhum comentário:

Postar um comentário