domingo, 6 de abril de 2014

Zangado com a vida


Hoje, prometo: serei breve pois estou atarefadíssima. Ultimamente, não tenho muitas brechas no tempo. As atividades se seguem, me dando a impressão que não tenho pernas para correr atrás do semestre. Mas, é bem assim: feliz de quem se ocupa com coisas boas, ou pelo menos tenta ser produtivo. Assim, optei em ficar o domingo chuvoso em casa, arranjando as coisas domésticas que estavam abandonadas há muito. Por mais competente e dedicada que seja a jovem que trabalha comigo, eu preciso sempre tomar pé da situação. Já terceirizei minha casa uma vez e o resultado não foi nada bom. Quando percebi, já era tarde para desmontar comodismos, e, a auxiliar já se sentia dona da casa e de nossas decisões. O remédio foi mesmo a rescisão de contrato. Coisas da vida. Até casamento acaba, quanto mais contrato de trabalho? 

Às vezes, o cotidiano toma conta e passamos a repetir nossas rotinas exaustivamente. Parece  até que estamos numa gaiola de hamster de manhã à noite. Isso é mais cansativo do que propriamente o trabalho intelectual de espremer o cérebro para consertar projetos de curso com exíguos prazos de submissão, orientar artigos que se arrastam por meses, corrigir projetos, textos, exercícios. Ainda assim, faz parte. É a minha profissão, gosto dela. O que não tenho apreciado muito são algumas atitudes. Há algo mais irritante do que conviver com uma criatura que só reclama da vida? Há pessoas que parece que fez contrato em viver de cara amarrada, de reclamar de tudo. Uma atitude positiva diante da vida é fundamental para enfrentar as dificuldades que naturalmente apresentam-se pelo caminho. Adianta proclamar aos quatro cantos que não é auxiliado, que não é compreendido, que não é amado? Repetindo a Profa. Rosa Antunes (é! aquela mesma, professora da UPE. O mundo deu um milhão de voltas e atualmente temos trabalhado juntas), minha atual partner de trabalho: "Certo foi o sujeito que inventou a moeda, pois descobriu que tudo tem dois lados". Mas, vamos combinar: tem gente que olha tudo pelo aspecto negativo. Quando passamos a vida a ressaltar as coisas ruins, muito mais ruins elas se tornam. Aliado ao péssimo hábito de reclamar, acompanha o comodismo. Se algo não lhe agrada, mude! O que impede o sujeito de tomar a decisão de romper com a repetição e a insatisfação? Me aborrece pessoalmente, seja nas relações de trabalho ou nas relações pessoais, àquelas criaturas que acreditam ser absolutamente essenciais para que as ações seja realizadas, para que caminhe a humanidade. Crentes na sua indispensável presença, ameaçam abandonar o barco, fugir da situação, esperando que "o mar pegue fogo, para comer peixe assado". E permanecem somente na ameaça, não fazem nada para mudar a sua própria situação. Desde os primórdios da minha vida profissional que sempre ouvi o gestor da Rádio Marano, "Seu" Hélio Lira dizer: "No mundo do trabalho, ninguém é insubstituível". Eu aprendi a lição direitinho e na prática: ao passar quase três anos fora, percebi que a IES sobrevive sem mim, que sempre aparecerá alguém para conduzir, de melhor ou pior maneira, as situações. Por isso, vou fazendo o meu, como me aconselhava Guiomar, minha primeira gerente. A vida é bem assim: vai um e vem mil.

Assim, me conduzo no paradoxo de aceitar as pessoas do modo que elas são, ao mesmo tempo que luto contra a péssima sensação de quando o abuso me toma, quando me surpreendem negativamente. E para me lembrar que ainda sou um ser humano, me decepciono. Então, me entrego a um "exercício de paciência histórica", como diria minha querida amiga Edna Maria, recitando baixinho como prece e convencimento que a vaidade, a arrogância, o pedantismo, o ciúme, a inveja e a cobiça são tão pequenos que não merecem ser registrados no HD de nossas vidas. E relevo, seguindo o conselho do colega Adriano Sena, pois será anotado na folha número 33 do livro do céu. Estamos paulatinamente construindo a nossa salvação.

Vou-me a corrigir meus trabalhos e colocar as notas nos diários, esperando sinceramente que este trabalho, este dispêndio de vida faça algum sentido para alguém. Se caso não ocorra, não tem mal: ainda assim as plantas vão continuar a fazer sua sagrada fotossíntese.

Até amanhã, fiquem com Deus.
   

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