sábado, 17 de outubro de 2015

Certos casamentos...

Não sei o que deu nestas últimas semanas  para passarem tão rápido. Ainda ontem suspirava pelo feriado, que veio, passou e hoje já é sábado novamente. Outro dia comentávamos que "antigamente, o tempo passava mais devagar". Na verdade, não é o tempo que aligeirou-se. A nossa percepção do tempo que alterou-se, pois sempre estamos inventando mais uma coisa para fazer. Já não tenho mais "passatempos" já que o tempo passa mesmo sem mandarmos. O tempo escorre ladeira a baixo, desbandeirado. Vamos com ele, aproveitando aqui e acolá.

Esta semana, com dois bem-vindos feriados, o final de semana se transformou em um feriadão. Arranjamos um tempinho, e numa das nossas voltas para casa, passamos na mãe de Tony. Não chega a ser caminho, mas, é para as mesma bandas. Passamos na padaria e compramos dois pães de jacaré e dois sacos de bolachas sete capas (aquelas que Zé Lezinho diz que é bolacha 10%; Quando morde, se esfarela e conseguimos comer apenas 10% da bolacha. O resto, invariavelmente cai sobre a roupa, a mesa e demais cercanias. 

Pois bem, mesmo na carreira, passamos lá, e nos apeamos para o café. Dos tempos que morei na casa de D. Nilza, quando seu Oswaldo ainda era vivo, achava engraçado e interessante um ritual que eles, como família, tinham todas as tardes. Neide ia buscar Paulo na fábrica no final do expediente, mas, antes, passava lá na casa da Frei Caneca para um cafezinho com a mãe. Daí a pouco chegava Joana, depois Ana. Com pouco aparecia Carlos, e às vezes, até Cid. Daí, ficavam os filhos todos a bebericar um café de final de tarde na cozinha, invariavelmente superlotada. Isso era infalível, de segunda à sexta. Conversavam, contavam as novas, soltavam piadas, reclamavam das contas. Eu e Rocha, agregados temporariamente abrigados com nossos cônjuges, acompanhávamos as conversas. O cheiro de café, o burburinho e as histórias mil vezes repetidas de Seu Oswaldo ficaram com carinho em minha memória. Depois da mudança, não sei se o cafezinho da tarde permanece. E com as exigências da vida, muita coisa boa acaba se perdendo. 

Voltando: fomos à casa de D. Nilza, e, invariavelmente há uma garrafa de café sobre a mesa. Naquela casa ninguém fica na sala, as visitas correm logo para a cozinha. E durante a conversa, Ana Paula contava o caso de um conhecido em comum - amigo das antigas de Tony -, que finalmente arranjou uma esposa. Mas, parece que a relação não é lá muito harmoniosa. Ana contava que certo dia, o sujeito chegou numa festa com arranhões na cara. Para um amigo (que contou para outro amigo, óbvio!), o agredido contou que a esposa passou-lhe as unhas numa briga por ciúmes. Ficamos embasbacados. Mas, que diria que aquela pessoa, depois de tanto escolher, iria arranjar uma doida para viver apanhado? Como diria minha velha mãe: "cada panela com seu tampa", Tony acrescentou que o camarada em questão é mesmo um grosso, e que tratava muito mal a dita-cuja. Então, empatou, e confirmou minha tese de que desenvolvimento intelectual, mesmo comprovado por um Currículo Lattes considerável não é garantia de bom caráter. Titulação é diferente de educação. 

Às vezes, no meu exercício de observar a vida alheia, fico impressionada com as qualidades de casamento que aparecem. Uma colega de trabalho de Ilma, frequentemente aparecia com lindos anéis de marcassita, que foi febre entre as jovens na década de 1980. E dizia que era o namorado que a presenteava. Qual o que? ela mesmo comprava e dividia em mil e um pagamentos. Ainda teve a infeliz ideia de mandar flores para ela mesma no dia dos namorados, dizendo que "foi Fi que mandou" (ela ainda tratava o namorado por "Fi", corruptela de Filho. É uma astúcia incrível tratar o namorado por filho, mas isso é assunto para um outro post). Um dia, a dita chegou na loja com o olho roxo. Tratava-se de mais um caso de guarda-roupa assassino que desabou sobre ela.  E com todos esses precedentes  - que estava mais para ficha corrida - a jovem casou-se com o sujeito. Sei não, é uma coragem de bicho, pois ninguém se conserta de uma hora para outra. 

Ademais, minha mãe sempre dizia-nos (olhe que ela assumiu as 7 filhas, após a morte prematura do meu pai) que o melhor casamento é um bom concurso. É certo que hoje em dia, ser servidor público não é lá essas coisas, mas, pelo menos, com o emprego, não é necessário se submeter a determinadas humilhações para garantir a própria sobrevivência. É o que as minhas  (lindas) companheiras que trabalham com a defesa dos direitos da mulher chamam de "empoderamento feminino". Quando se tem um meio de vida, se a relação não dá certo, é mais fácil mandar o cara ir passear. A fila pode andar ou não, o importante é que ninguém merece viver sobressaltado com um marido ruim ou uma esposa louca. E, se passar por uma dessas, é possível  duas alternativas: tentar encontrar a "metade da laranja", que não irá acontecer se o suplicante for um limão azedo, ou, na hora que a noiva for jogar o bouquet, faça como a minha querida professora Eliane Vilar: cruze os braços para nem correr o risco de ser a próxima!

Até amanhã, fiquem com Deus.

PS: Faço galhofa com esta situação, mas a violência doméstica contra a mulher é um problema social e um problema de saúde pública muito sério, pois, além de machucar a vítima direta, deseduca toda uma geração. Um filho que assiste a mãe ser mal tratada, seja física, psicológica ou patrimonialmente, poderá reproduzir o comportamento do agressor, ou se tornará um adulto com imensas dificuldades para se relacionar. Fiquemos alerta sempre.  


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