domingo, 7 de maio de 2017

Resistência

Apesar da última segunda-feira ter sido feriado (dia 1º de maio), a semaninha foi puxada. Temos vivido uma sequencia de feriados em começos/finais de semana que já estamos ficando mal acostumados. O grande problema é para quem tem aulas nestes dias: a folga antecede o aborrecimento de ter que parlamentar com os alunos para repor as aulas. Afinal, vocês sabem: a carga horária é do aluno e o professor, se for a um congresso, adoecer ou tiver qualquer contratempo que não possa comparecer, vai ter que se virar para repor, a não ser em casos de licença médica ou que mande um substituto. Isso, os professores honestos e conscientes de suas obrigações, porque tem uns, nomeadamente uns coleguinhas do ensino superior, que se fossem compensar tudo o que devem, emendariam um ano letivo ao outro. Mas, deixa quieto. Como diria minha primeira gerente e amiga Guiomar: "Faça o seu". Então, vamos cuidar. 

Como disse, esses dias foram "crowded". Em meio às muitas atividades rotineiras, vivenciamos a culminância do IV ERECAD (Encontro Regional dos Cursos de Administração), realizado pelo Conselho Regional de Administração, Associação dos Administradores de Pernambuco e  FAGA. Quem trabalha com evento científico sabe que começamos a trabalhar muito antes da ocorrência do evento. Desde Janeiro que trabalhamos na comissão científica, e, tenho senso crítico suficiente para perceber que precisamos de ainda mais antecedência. E vamos combinar: trabalhar com gente, nem sempre é fácil. Apesar de todos os percalços, estamos conseguindo publicar o primeiro volume do Coletânea de Administração. É uma pequena contribuição ao progresso desta importante ciência social aplicada, e, um tributo à nossa instituição que resiste há 40 anos, formando profissionais no interior de Pernambuco. Felizmente, tudo correu bem. resta-nos avaliar criteriosamente os erros para melhorar a proposta do anos de 2018.

Terminada a minha contribuição no evento, quando cheguei em casa na tarde do sábado, fui olhar criticamente para o meu espaço doméstico, afinal, não sou administradora, mas como já vivo há 17 anos entre eles, acabo pegando os cacoetes. Constatei que havia louça na pia desde a noite da quinta-feira (a casa só não estava um caos completo porque Ana veio limpar e passar a roupa na quinta durante o dia), as roupas que usei durante a semana estavam amontoadas no clubinho (um quarto que não é ocupado, Luiza chama-o assim desde pequenina) e do quarto de Luiza, nem queiram saber. Os cachorros estão sem banho desde a semana passada (vou já lava-los, estou esperando esquentar um bocadinho o tempo para eles não morrerem de hipotermia), as plantas (que sobrevivem bravamente) estão secas. Além disso, faltei ao plantão pedagógico do curso de inglês, pois viajamos. Fui essa semana, para saber que me ferrei numa das provas e vou ter que estudar o dobro para recuperar, além de aguentar a chacota de Luiza, que teve que fazer um simulado de segunda chamada (lá se foram mais 50 Reais. As escolas particulares são extremamente capitalista) e ter que convencê-la com todos os argumentos do mundo a investir no reforço de Matemática, matéria em que ela está pior do que eu no Inglês. Filho adolescente é um capítulo à parte.

Para dá conta de (quase) tudo é preciso ter resistência. É preciso criar estratégias parta dosar as atividades e cuidar nas coisas, sem drama. Ler um livro, assistir um filme são partes da rotina que não podem ser abandonadas em prol da sanidade mental. Mesmo que leia uma pagininha por noite, ou assista o filme em três parcelas, é um investimento em saúde física e mental. E talvez até uma fomento a resistência nossa de cada dia. 

Finalmente, assistimos o filme "Aquarius". Outro dia, estava zanzando no Facebook e o colega Ed Cavalcante partilhou uma mensagem com o horário do filme que iria passar na TV Brasil. Fechei a internet e liguei a TV, já estava no trecho em que Clara (Sônia Braga, linda de morrer!) vai ao clube das Pás com as amigas. Fiquei olhando, ao mesmo tempo que chamei Luiza para providenciar a gravação na próxima vez que passasse. Como Tony estava doido para ver o filme, e a fita é bem longa (2h30min), assistimos em três parcelas. A história é tão boa, a realização é tão competente, que entre um capítulo e outro, discutíamos as cenas à caminho da escola. O filme narra a resistência de Clara na defesa de suas convicções. Não sei se aguentaria um terço do que ela suportou, e fico muito feliz em saber que o filme é baseado numa história real e que o Ed. Atlântico (no filme é Aquarius) resistiu à especulação imobiliária e continua lá na Praia de Boa Viagem. Tornou-se até um ponto turístico depois do filme!

Devagar e sempre, vamos resistindo, cada uma enfrentando -  e vencendo -  os desafios do cotidiano. Sexta-feira, Suianne (a nossa jovem e nova presidente da AESGA) chegou correndo para uma reunião e se desculpando pois na hora de sair o bebê fez cocô, e lá vai voltar para limpar a criança e deixar na creche para poder ir ao trabalho. Hoje, a Patrícia Almeida estava muito satisfeita porque conseguiu dormir 5 horas seguidas devido a uma trégua de suas "mini-criaturas". Não sei como é que Jennifer consegue manobrar aqueles três meninos e a escola de educação fundamental, promovendo incríveis visitas técnicas com os estudantes, o que me mata de saudades dos meus tempos da Geografia. Não há dúvidas que as mães são mesmo o melhor exemplo - e inspiração - de resistência.  

Vamos resistindo, conduzindo e produzindo, construindo a consciência de que, antes de criticar uma mulher, mãe e profissional, aprendamos a perguntar se ela precisa de alguma ajuda. Estou certa que apenas a empatia já  alimentará nelas a capacidade de seguir em frente. 

Fiquem com Deus. 


  

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