Entrada da cidade muralhada, vista da Ladeira do Quebra-Costas |
Na segunda-feira de manhã estava uma ventania danada. Somente depois, já de volta a Aveiro vi no Diário de Notícias que este é um julho atípico: o mais frio dos últimos 27 anos. Esse tempo anda meio maluco em todo o mundo.
Já passava das 9hs quando finalmente saimos dos cobertores, apesar do sol e céu aberto, a ventania é fria e ficamos naquela de "veste o casaco, fica com calor. Tira o casaco, fica com frio." Entramos na padaria mais próxima em meio a um redemoinho de papéis soltos que dançavam no meio da rua. Desde a nossa chegada havia percebido uns lixinhos pelo caminho, acostumada com a limpeza quase estéril de Aveiro. Luiza pediu um pão com chouriço e sumo de manga. Eu pedi uma meia de leite (café com leite!) e uma sandes (sanduiche) misto. Quando saímos, nos deparamos com um trabalhador da limpeza com essa maravilhosa engenhoca: um aspirador de papéis! Uma excelente solução para catar papéis que não páram quietos no canto. Varrer seria um serviço perdido.
Andamos à toa nas lojinhas de souvenirs, onde vendem uma louça maravilhosa, pintada com uns motivos pequeninos, serviços de jantar e de chá completos. Tudo lindo aos olhos, mas caríssimo: uma caixinha bem pequena, que cabia fácil na palma da minha mão (eu tenho 1,53 de altura, já sabe o tamanho da mão!) custa 17 euros. Sem chance. Fomos fazer o citytour, entre o autocarro (ônibus) de turismo, com um primeiro andar descoberto e um veículo chamado tuk-tuk, Luiza optou pelo segundo, com a justificativa mais do que aceita que nunca andamos de tuk-tuk. Trata-se de uma moto adaptada a um carrinho com dois bancos onde cabem até três pessoas. O condutor, Marcos, muito gentil, fez amizade com Luiza que conversou durante todo o percurso. Fomos ao mirante do Vale do Inferno.
A vista maravilhosa do vale do alto dessa antiga estrada de inverno do tempo dos romanos compensava todo o frio e o desalinho dos nossos cabelos completamente fuá por causa do vento. Lá embaixo, a beira do rio, era a estrada de verão, que ficava intransitável nos períodos chuvosos. Perguntei porque o nome de um lugar tão lindo é "vale do inferno". São muitas versões que se perdem na história nada recente da cidade, mas, fala-se que era por conta das enchentes devastadoras do Rio Mondego. Até as freiras da ordem de Santa Clara não suportaram a provação de conviver com as cheias, se mudaram para o Convento de santa Clara-à-Nova, que fica mais além do mirante. Aguentaram apenas três séculos nas margens do rio temperamental.
Fomos para a cidade antiga, ver as "jóias da Família", conforme disse o nosso condutor, estudante de Engenharia Civil na Universidade de Coimbra. No caminho para o Penedo da Saudade tem esse aqueduto no meio da rua. Achei maravilhoso uma obra tão antiga e tão bem preservada.
Passando pelos prédios, cada um mais lindo do que o outro. As fotos da faculdade de Direito ficaram péssimas. Vamos ter que voltar lá para refazê-las, e visitar a Biblioteca Joanina que não entramos pois havia prometido comprar uma família de cavalos para Luiza e ela estava me comendo o juízo por causa disso. Descemos a ladeira do Quebra-costas (me lembrei logo de Izabel, ela ia adorar ter que subir essa ladeirinha todo dia!). Cansada, Luiza sentou-se junto a uma escultura de uma Tricana (mulher típica portuguesa) que fica ao lado da Casa do Fado.
Crianças tem seus limites e Luiza já estava ficando cheia de ver coisas antigas, queria ir ao Shopping. Queria fazer uma foto dela na Muralha da Almeidina, a entrada da cidade muralhada.
Eu: Luiza, vá pra lá que eu quero tirar uma foto sua na muralha.
Ela: Não.
Eu: Vai, Luiza, o que é que te custa?
Ela: Não sei para quê tirar foto com um muro. Não vou.
Eu: Vai sim, a muralha tem uns 900 anos. Cuide, vá lá.
Ela: Coisa mais sem graça. É só um muro.
Isso, o povo passando e a discussão rolando. Apelei para a família de cavalos, prometi que comprava os miseráveis dos cavalos quando tirasse a foto. Ela foi. Taí a foto!
O sorriso saiu meio à pulso, mas todos ficaram felizes.
Almoçamos no Garfinho, comida caseira, com um atendimento impecável. E depois de comprar a família de cavalos (olhe, nem me lembre o quanto eu paguei por aqueles três equinos de plástico!), fomos ao mais trivial dos programas: shopping.
Voltaremos à Coimbra. Uma visita só é muito pouco para conhecer essa cidade-monumento.
Saudades de hoje: de Ilda. Tenho certeza, mais que absoluta que nessa cidade, ela se sentiria em casa.
Té manhã, fiquem com Deus!
Adorei a arenga de vocês duas por causa do muro de 900 anos! Luiza é até paciente de entrar nas igrejas, museus e caminhar sem rumo, se fosse Antonio eu não conseguiria ver nem dez por cento do que vocês viram. Portugal é um país muito lindo, gostaria de um dia vê-lo também! Beijos e saudades.
ResponderExcluirIlminhaaaa! Acho que vou postar depois um guia de sobrevivência para viajar com crianças...Na mala devemos ter uma boa dose de paciência para negociar essas pequenas coisas que às vezes colocam o passeio a perder. Nessa período do ano, tudo fica tão lindo, que a gente até esquece um pouco que é tão longe.
ResponderExcluirSaudadesss!
É, Anninha e a dose de paciência de Ilma teria que ser dobrada, viu?
ResponderExcluirMas que lindo mesmo que deve ser esta velha cidade... e Luiza- "é só um muro"! foi ótimo... n sabe ela da importância deste muro...o aqueduto com certeza é uma construção romana eles é que gostavam dessas "novidades", e por onde passaram deixaram sua marca...mas lindo mesmo devem ser os Shoppings (Lu tem razão)...queria te pedir para que vc , se possível, tirasse umas fotos dos lugares onde vcs fizessem refeições, e das comidas do lugar, tipo meu álbum no orkut "Lugares e comidinhas", uma vez ou outra, para a gente conhecer as guloseimas do lugar. Bela viagem, mto aprendizado..Saudades de vcs. Bjos. Ciao!