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segunda-feira, 24 de julho de 2017

No caminho a caminhar: Aveiro

Moliceiros na Ria de Aveiro
Chegamos em Lisboa pelas 11 horas, depois de sete horas e um pouquinho de voo sobre o Atlântico. Até que a passagem pela Linha do Equador não foi muito turbulenta. Apesar disso, não consegui dormir nenhum sono, pois ficamos nas cadeiras do meio da classe econômica, e o espaço exíguo nos incomodava. Luiza ainda encostou a cabeça no meu ombro e tirou uma soneca. Eu, fiquei nos cochilos esparsos. Quando desembarcamos, sempre há aquela tensão de passar pela imigração. Não que tenhamos coisas erradas, mas nem sempre é possível prever as exigências para ser aceito no país dos outros. Passamos batom, alisamos os cabelos da melhor maneira possível para tentar passar uma melhor impressão, apesar da noite insone. Pois, foi engraçado. O inspetor da imigração cumprimentou Luiza em inglês, que prontamente respondeu no mesmo idioma, enquanto apresentávamos nossos passaportes abertos na página das fotos. O sujeito olhou, e perguntou-me se éramos irmãs. Agradeci a gentileza, e expliquei que a jovem era minha filha. Em seguida, perguntou-nos para onde iriamos. Expliquei do congresso em Salamanca, mas que antes iriamos passar o restinho do dia e a noite em Aveiro, só partindo para a Espanha no manhã seguinte. O rapaz passou de oficial de imigração e deu uma de guia turístico: "Ah, vocês irão adorar aquilo lá a essa época do ano! É muito bonito. Hoje já passou por aqui um senhor brasileiro, vai a esse mesmo congresso. Ele é psicólogo. Você é psicóloga?" Expliquei-lhe que sou professora de metodologia de pesquisa, enquanto ele escaneava nossos documentos. devolveu-nos os passaportes recomendando que não deixássemos de procurar "la rana" no frontão da reitoria. Sem entender nada, agradeci, nos despedimos e seguimos. Nunca tive uma recepção tão amigável em Portugal.

Seguimos para Aveiro no comboio das 14h07, depois de comermos nossos pães com chouriço numa lanchonete da Gare do Oriente.  Ao contrário das minhas pesquisas, era um Alfa Pendular que só fazia uma parada em Coimbra B, antes de Aveiro. Melhor assim, pois tive um tempinho de dar um cochilo sem me estressar com a nossa parada. Foi um pouquinho mais caro do que constava no meu planejamento, mas, uma viagem num Alfa Pendular vale a pena, é um trem tão chique! Luiza dormiu as duas horas de viagem, o que ajudou a melhorar o humor da pequena. Para ela,  a viagem a Portugal era um  retorno a infância: muita coisa ela ia lembrando ao longo do caminho. Chegamos em Aveiro pelas 16 e pouco. A pensão que havíamos reservado por 45 Euros ficava bem ao pé da Estação dos Comboios. Após ajeitarmos nossas malas no quarto de um prédio de 1924, saímos para reencontrar a cidade. 

Fizemos uma primeira parada numa quitanda onde comprávamos frutas a caminho dos comboios para um passeio qualquer. Sempre gostei muito dessa lojinha pois a senhora que atende é muito atenciosa, os preços são bons e as frutas, sempre frescas e bem limpinhas. Comprei cerejas frescas e fomos comendo pelo caminho, enquanto conferíamos o que havia mudado. Fomos andando até o Forum, um pequeno shopping que domina parte importante da vida social do centro da cidade e demos um alô para a ria.    

Ria de Aveiro
 O plano era ir ao Ramonas almoçar cachorros-quentes. Essa lanchonete foi um lugar importante para nós, pois, quando saíamos da escola na sexta-feira, e tínhamos algum dinheirinho, era lá que fazíamos o jantar do primeiro dia do final de semana. Às vezes, como diz Luiza, eu estava numa "bad profunda", na fase de conclusão da tese de doutoramento, que não conseguia comer nada, tomava dois copos imensos de suco de laranja com cenoura. Do Ramonas, passamos à frente da Escola da Glória, onde Luiza estudou por dois anos, antes do prédio ser fechado para uma reforma.

Escola da Glória, Aveiro.
Tenho uma imensa gratidão a esta escola, que recebeu tão bem a minha pequena. Aqui ela aprendeu muito, teve a oportunidade de fazer a base de sua educação em uma excelente escola, com professores maravilhosos. 

Da escola, passamos no nosso antigo endereço e fomos ao Parque D. Pedro. Nesse espaço brincamos muito nas intermináveis tardes de verão, compramos kitkat na barraquinha da esquina, demos comida aos peixes do lago e aos pombos.
Eu, na pontezinha da Casa de Chá, Parque D. Pedro, Aveiro
Ponte Pedonal. Liga o Parque D. Pedro a Baixa de Santo Antonio, Aveiro.


 Quando saímos daqui, em 2013. parte do parque estava fechado para reforma. Construíram uma Ponte Pedonal que liga um lado ao outro da Avenida que termina na rotunda do Hospital e da Universidade. Não achei a obra grande coisa, acrescentando pouco a paisagem, mesmo tendo custado uma fortuna. Subimos a rua, passamos pelo Hospital e demos a volta pela passarela que liga a calçada lateral da Escola João Afonso, onde Luiza estudou seu último ano, em razão da reforma da Escola da Glória. No espaço, não há mais nada, somente a base onde foram assentados os prédios provisórios. 

Reitoria da Universidade de Aveiro
Entramos no campus da Universidade de Aveiro. A esta altura nossos pés já doíam imenso, e a esta época, quase não há estudantes no Campus, somente alguns poucos bolsistas e servidores. Sentamos à frente do prédio para descansar um pouco. Percebi que agora há o número e o nome do prédio nas fachadas de vidro. Na época em que eu era aluna novata sofri para identificar os prédios, pois tudo era muito discreto. Nas minhas primeiras semanas, dei muita cabeçada para achar o prédio de Comunicação e Arte. Descemos a rua, passamos pelo prédio que acompanhamos a construção à frente do nosso pequeno apartamento. Atualmente, é um grande edifício, cujo piso térreo é um centro médico, com clínicas diversas. Passamos pelo Largo do Tribunal e descemos pela Rua Belém do Pará, que nós chamamos de Rua do Vento. Há muitas lojas novas, reconheci apenas a ótica que frequentávamos para consertar os óculos de Luiza e algumas pastelarias tradicionais. Entramos por um bequinho que dá no Fórum. A casa abandonada ao lado foi demolida e estão construindo um prédio. Deixei Luiza esperando na frente da Zara (na nossa época era um supermercado Pingo Doce) e fui saber onde tomar o autocarro para Albergaria-à-Velha, próxima etapa da nossa viagem. Na revistaria, a jovem me explicou que agora o ponto era ao pé da Ria, na paragem dos autocarros que vão para  Costa Nova. Beleza. Quase nos arrastando de tanto cansaço, ainda passamos numa loja de doces que há no Fórum para Luiza comprar umas gomas de amoras. Ela comprou isso e mais outras coisas, e, já com calos nos pés, pegamos um táxi na outra avenida, ao pé do Banco Santander. 

Quando chegamos à pensão, já passava das nove da noite, embora a visão da janela do nosso quanto nos mostrasse essa imagem:
Estação dos Comboios, vista da janela do quarto do Alojamento Tricana de Aveiro
No verão, os dias são longos e entram pela noite. Quando fica escuro já passam das 22 horas. Fechamos nossas cortinas e após um banho relaxante, como nos velhos tempos, dividimos a cama de casal do pequeno quarto. 

O ventinho frio da cidade litorânea nos avisava que o dia posterior seria ensolarado, mas, que, como sempre, começaria nublado e friorento. Fomos dormir, agradecendo a Deus a oportunidade de ter vivido nesta cidade pequena, mas cosmopolita, que sabe respeitar as diferenças culturais e recebe carinhosamente a todos que chegam em busca de conhecimento. É muito bom poder voltar a uma cidade querida e perceber seus progressos e suas permanências, lembrando histórias engraçadas a cada troca de calçada.

No outro dia, logo cedo, após um cafezinho com meias-de-leite, torradas e pasteis de nata, envoltas no vento frio cheirando a sal, tomamos um táxi na frente da estação até a Ria para pegar o autocarro para continuar a nossa viagem, que fica para o próximo post.

Fique com Deus. 

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Digam-lhe que fui ali: Guimarães

Então, na última etapa das andanças do natal, chegamos em Guimarães. Já mais habituada a pronúncia do Minho, compreendi que as discussões não são brigas, mas a forma de conversar peculiar dos minhotos de mais idade. O Comboio partiu de Braga às 11h35. Faríamos uma paragem em Lousada, e seguiríamos à Guimarães.  Esta estação é um ermo incrível. Não se via vivalma nas redondezas. O frio era grande e a chuva fininha nos perseguia. Para completar, houve perturbação na linha, e, aconteceu o que não tínhamos ainda vivenciado: o trem atrasou 25 minutos. E não tínhamos nenhum pacote de bolachas na bagagem. Com o estômago roncando, chegamos à Guimarães às 13h45min. Foi fácil encontrar o pequeno hotel em que nos hospedamos e o ponto de referência foi infalível: éramos vizinhos da grande árvore de Natal de Guimarães. Luiza ficou muito contente com o quarto, pois havia uma divisão entre o lugar dela e o nosso. Deixamos as coisas e fomos em busca de um lugar para comer. Como não fiz nenhuma pesquisa exploratória, fomos em busca pelo faro. A cidade tinha um clima muito parecido com a primeira sexta-feira do Festival de Inverno de Garanhuns: muita gente chegando, muitos jovens, apresentações culturais em cada esquina. Só depois soubemos que que no outro dia seria o encerramento do ano de Guimarães como Capital Européia da Cultura. Por isso, aquele ruge-ruge nosso conhecido em 22 anos de FIG.
 
Saímos caminhando pela cidade de Martinha, colega do doutoramento, uma linda mocinha e talentosa artista plástica, que vive envolvida com conferências do TEDx, vendo as pessoas sob uma chuvinha fininha. A única mais orientada era Luiza, pois há pouco mais de um mês havia visitado a cidade numa viagem de estudos da escola. No Largo do Toural, entramos num restaurante, mas ninguém deu conta de nós. Curiosamente, nas paredes haviam bandeirinhas do Náutico, Santa Cruz e Sport. Infelizmente, não nos atenderam, e nós saímos do mesmo jeito que entramos. Continuamos a andar, nos prometendo entrar na primeira aberta de porta de bar. Na Alameda de S.  Dâmaso, entramos no Vira Bar, um lugar bem bonito, mas muito escuro. Havia umas pessoas esquisitas, fumando muito e com um visual pra lá de estranho. Um jovem muito simpático veio nos atender e nos convidou a ocupar uma mesa na linda sala de refeições que havia no piso superior. Neste, lindos balcãos floridos, revelavam a praça lá embaixo entre as franjas da cortina rendada. Tocava um jazz onipresente, e apenas havia uma mesa ocupada com três sujeitos e duas moças, uma loura com cara de alemã, e outra vestida de negro, com cabelos cortados à navalha e furos imensos nas meias grossas que cobriam as pernas extremamente finas. Todos falavam em inglês, e no que deu para entender, eram pessoas do Staff do evento. Gente super esquisita. Pelo menos, aqui não éramos a atração. Fomos extremamente bem atendidos e a comida conceitual era ótima. Pedi um peixe com molho de camarão e vieiras (as vieiras foram discretamente postas de lado. Bichos mais feios!). Luiza e Tony comeram um arroz com ervas finas e bifes de vitela. Estava muito bom e não foi caro.

Fomos ver o Castelo de Guimarães, do Século IX. É uma belíssima construção em pedra, que nos conduz a um excelente exercício de imaginação. Chovia fininho, fomos com nossas sombrinhas. Como Luiza já conhecia, ia nos contando o que aprendera na viagem de estudos. Impressionante como essas visitas funcionam bem. A menina ia reproduzindo (com sotaque português e tudo) as informações que as guias e as professoras haviam dado. Logicamente, eu paguei um mico. Subi numa muralha para apreciar a vista, e quem disse que consegui descer os escorregadios degraus de pedra, molhados e cheios de um limo esverdeado? Fiquei lá como uma parva e Tony teve que voltar para me salvar. Apenas me deu a mão, e eu desci com minhas próprias pernas cambaleantes. Era só medo, em segundo, vi meu corpo estendido no chão e uma equipe do INEM me rebocando para o IML.  Na descida da ladeirinha, Luiza começou a se queixar de uma dor na perda esquerda. Como eu já havia travado na descida da muralha, não quis me queixar, mas a minha perna esquerda também doia, como que fez muita ginástica. Tony também reconheceu que a sua perna direita também doia. Devia ser algo da subida do terreno íngreme sob aquele frio de 8 graus.


O Paço dos Duques é um palácio belíssimo. Muito conservado, apesar de ter sido há bem pouco tempo a residência do Presidente da República. Hoje é um museu com mobília e objetos pessoais e de arte dos antigos nobres que lá residiram. Luiza dava pequenas corridinhas  à plaquinha que identificava o local e nos contava a história que aprendera com as professoras. Ela havia me falado muito de uma pequena caminha que havia no aposento do Rei. Segundo ela, a cama era bem pequena (dava para mim com dificuldades) porque na época acreditava-se que quem dormia deitado, morria. Então, dormiam naquelas caminhas minúsculas para ficar meio reclinado. Nestes castelos, passei o tempo a me lembrar de Ilda. Tenho certeza que voltaremos juntas a este lugar.

Voltamos ao Hotel para descansar um pouco. Luiza estava entusiasmadíssima com a privacidade recém conquistada pelo layout do quarto, e nós também. À noite, saímos para ver a cidade. A decoração de natal era restrita, mas de bom gosto. Fomos ao shopping, pois meus matutos queriam pizza. Optei por mais uma sopa de pedra. A servida em Guimarães é simplesmente deliciosa. Na volta, ainda ficamos esperando o ensaio geral do espetáculo de encerramento do evento. Mas, demorou muito e o frio era intenso. Acabamos indo embora sem ver o cavalinho andar pelo Largo.






No outro dia, saímos para a cidade em efervecência. Guimarães estava tal qual Garanhuns no primeiro sábado do FIG. Muita gente bonita, muita arte, muitos eventos. Visitamos a Igreja de São Francisco que é simplesmente maravilhosa, riquíssima, cheia de ouros (que nós sabemos muito bem de onde vieram) e azulejos. Era tudo de um azul e dourado intenso. Fomos até o Largo da República do Brasil, onde há uma linda Igreja gótica e lindos jardins.


Do outro lado da praça, já na esquina da subida da muralha há o Museu de Alberto Sampaio. Em Guimarães é um museu a cada esquina, é preciso escolher um para visitar. Além de uma belíssima coleção de pintura, ourivesaria litúrgica e cerâmica,  nos chamou atenção a exposição das roupas de Nossa Senhora. Um verdadeiro luxo fashion da Mãe de Jesus. As roupas datavam deste o Século XVI, todas bordadas pelas princesinhas ao longo dos reinados. Uma ideia fantástica, uma exposição de muito bom gosto e muito conhecimento. Passei o tempo inteiro a me lembrar de Priscila Lopes. Ela iria gostar disso aqui.
 
 


O tempo passa muito depressa, tínhamos que fazer o chek out no Hotel, pois a cidade estava lotada. Se pudesse, teria ficado um pouco mais. Contudo, já estavamos viajando há uma semana. Era preciso voltar a vida real e encarar o retorno de Tony ao Brasil e o meu atrasado e enrascado serviço de investigação. Por ansiedade, não passei bem a noite, estava com um humor horrível na manhã seguinte. Fui uma péssima companhia de viagem: ao entrar no comboio, comecei a dormir em Nespereira e só me acordei em Trofa. Depois, já na linha do Vouga, voltei a dormir em General Torres e acordei em Estarreja. Enquanto eu dormia e me acordava, Tony distraía Luiza, fazendo truques de mágica para a pequena e encantando um velhote ingênuo que estava sentado na outra fileira.

Foi um excelente passeio, uma boa temporada. Agora, vamos trabalhar porque junho já chega e eu preciso entregar ao menos a primeira versão da tese ao meu compreensivo e exigente orientador.


Até a próxima viagem. Fiquem com Deus.         

sábado, 20 de outubro de 2012

Digam-lhe que fui ali: Viseu, parte 2

Praça da República. Mais na frente, o Hotel Avenida.
 Não dormi bem. Aliás, acho que não dormi. Geralmente é assim na primeira noite em um hotel. Como o quarto era muito escuro, inventei de deixar a luz da casa de banho ligada. A luz me incomodou, bem como a impressão de que Luiza iria cair a qualquer momento da sua cama de solteiro. Passei a noite a levantar, acender luz, apagar luz, arrumar criança. Depois, fiquei ouvindo o prédio estalar. Essas relíquias urbanas tem sons todos próprios, ecoam passos no assoalho de madeira, zumbe baixinho o elevador com porta de ferro, no modelo dos anos 1950.
 
Prédio "ferro de passar", na R. Luis Ferreira
Na manhã seguinte, fomos ao pequeno almoço. A pousada do Caju I em João Pessoa continua imbatível na qualidade do café da manhã. O desjejum oferecido pelo Hotel Avenida é o básico. Para mim, estava bom. Saímos por volta das 10hs, andar na cidade. Passamos nesta praceta do Rotary, coberta por begonias. Há um museu do outro lado, mas a esta hora, estava fechado. Descemos para o Centro Histórico, nas imediações do CTT, seguimos rua abaixo, olhando as lojas. Visitamos a Igreja N.Sa.do Carmo, que tem um museu de arte sacra ao lado. Na Igreja, deixei Luiza a ler as informações turísticas e entrei. Ouvi um barulho, me voltei e dei com a menina estendida no chão. Tropeçou numa estrutura de ferro que havia à porta da Igreja. Arrastei-a em lágrimas até a pia de água benta e lavei a perna esfolada (aqui, qualquer machucado, por menor que seja diz-se que "aleijou". Povo exagerado). Na frente da Igreja há uma praceta muito bonita, com muitos pombos, idosos alimentando os pombos. Tudo muito limpo, apesar das aves. Impecável.
Praceta do Rotary e suas lindas begonias!
 
 
Fomos à rua Direita para um passeio. Em toda cidade portuguesa há uma rua Direita. Esta, em Viseu, lembrou-me um dos becos que andamos em Coimbra, ou a Rua do Fogo, no Recife. Não é mera coincidência.  Há muitas lojas de noivas, roupas de festa e de lembrancinhas nesta área. Em Viseu há muitas sapatarias, casas de noiva e funerárias. O sujeito morre casado e bem calçado. Por volta das 12h30, Luiza começou a pedir almoço. Como não tivemos muita sorte no dia anterior, fui mais criteriosa na escolha. Acabamos no Restaurante CR, ao pé da Estátua do D. Diniz. Pedimos bifes de novilho na telha. Veio duas travessas em forma de telha, como aquelas que há muitas em Espinho, com salada, uma porção de arroz, batata frita e o bife. O meu estava tão mal passado, que pedi para levar mais um foguinho. Estava muito bom, pagamos 22 euros por tudo. O ruim do lugar era a música: aviões do forró, ninguém merece! Contudo, uns turistas alemães (acho que eram alemães!) se balançavam desajeitados com a música. Sempre há quem goste.

Igreja da Misericórdia. O Museu é na primeira porta da esquerda.
Fomos a Igreja da Misericórdia, para ver o Museu que fica ao lado. Engraçado isso em Viseu: sempre há uma Igreja + um museu. Parece Garanhuns com uma farmácia+um hotel (comparação infame!) Mas, o museu só abria às 14h30. No pátio comum às duas Igrejas (a Sé fica bem em frente), passadeiras vermelhas, carros invocados, senhoras em sedas e saltos altos, senhores em ternos escuros e caros. E uma porção de turistas, olhando. Casamento à vista. Quis ficar olhando, lembrando dos meus tempos de menina lá no Magano, quando íamos à Santa Terezinha só para olhar as noivas. Mas, Luiza saiu me puxando para o Funicular.

Funicular
O funicular é um bondinho moderno que transporta passageiros em percursos reduzidos, mas com uma senhora ladeira no meio do caminho. Luiza, que adora andar em qualquer que seja o meio de transporte, candidatou-se logo que viu a composição no dia anterior. Fomos. Fiquei procurando onde comprava os bilhetes até me deparar com o aviso de que a entrda era livre. Mesmo em tempos bicudos, sempre há algo grátis por aqui. Logicamente, paguei o mico de sentar na cadeira do condutor, e o rapaz do cabelo espetado me pedir para sair de lá. Passei o percurso a pensar que se cobrassem 0.50 já fazia um bom dinheiro. Mas, deixa quieto, é melhor não dá ideia. O funicular nos levou até as imediações do Fórum (centro de compras), com uma área de lazer para crianças muito simpática. Depois de um tempinho nos balanços (aqui diz-se "baloiços"), entramos para ver as lojas. Me passou uma impressão não muito bem sucedida, apesar de muito chique, muito desanimado.

Voltamos ao Museu, já após as 16hs. Fomos atendidas por uma jovem muito simpática, pagamos 1 euro (Luiza não paga) e visitamos as salas climatizadas, com uma coleção de objetos da Santa Casa da Misericórdia. Interessante. Na saída, vimos ainda uma noiva recebendo os cumprimentos dos convidados e observada pelos turistas de máquinas em punho. Engraçada, essa assistência informal. Em seguida, tinha que ir na rodoviária saber o horário dos autocarros de volta para Aveiro. Depois de muita reclamação, consegui convencer Luiza a ir caminhando. Na volta, passamos na gelateria Santi. E foi ai que paguei o mico gastronômico da viagem. Luiza pediu um corneto de chocolate e eu pedi um gelado com bananas e morangos, muito lindo. Meu amigo, quando veio, pense numa comédia. A primeira bocada que Luiza deu no corneto foi numa porção de chantilli, que ela odeia. Disse que tem gosto de banana. O meu sorvete veio numa taça descomunal. A taça não era só grande no conteúdo, mas alta! O pé da miserável da taça tinha uns 20 centímetros de altura. Fiquei morta de vergonha com aquilo tudo. Comi o que aguentei depois de tirar a camada de chantili do sorvete de Luiza. Mas, muito bonito e muito gostoso. Só não tinha para que ser tão chamativo. Voltamos ao Hotel, mais mortas do que vivas. Apóso banho (compramos o que esquecemos no Mini Preço), fiquei a ver TV e Luiza brincando de compras, circulando no quarto. Ás 21hs, ela abriu a janela do quarto e veio um cheiro de frango assado. No faro, encontramos o Restaurante Avenida, pouco abaixo do hotel. Comemos lá uma espetada, vendo jogos de futebol na Sport Tv.

Lulu e mais uma fonte em Vieu

No outro dia, sairíamos às 14h30. Deu tempo de ver o Museu Grão Vasco, vizinho da Sé de Viseu. Uma belíssima coleção de pinturas e de arte sacra. Tudo muito rico, ornados com o marfim de África, as tapeçarias do oriente, as pratas da Índia e o ourinho do Brasil. Esse povo já nadou no dinheiro, por isso o sofrimento destes tempos dificeis. Aproveitei a coleção para ensinar algarismos romanos a Luiza, pelo menos, até quanto eu sei. Ilma é quem sabe dos números maiores, eu nunca aprendi. Até 40, está bom. Passamos nas lojinhas de recordações para comprar cartões postais para a família. Almoçamos fastfood no Forum e voltamos a Aveiro no início da tarde.

Detalhe dos pisos táteis
Viseu é uma cidade encantadora. Para além da riqueza histórica, as ruas são show de inclusão com os passeios rebaixados, rampas, e pisos táteis. Os semáforos mostram o tempo para travessia do pedestre (aqui chama-se peão) e emitem sinais sonoros. As informações turísticas sempre estão em três idiomas e em braile. Aprende-se muito e na prática acerca do turismo inclusivo numa cidade como esta.

Durante o percurso, Luiza queixava-se de dor de cabeça e uma "moleza nos braços". Achei que era preguiça, mas, a coitada estava com varicela. Apesar de fraca por conta da vacina, a nossa conhecida catapora maltrata um bocado. Coitada, chegou em casa rebocada.

Até a próxima viagem.
Até amanhã, fiquem com Deus.
 

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Segundo tempo


E então, chegou a hora de voltar para o hemisfério norte para o segundo tempo desta jornada de formação. Nos últimos dias, muitos compromissos apressados, conclusão de planejamentos, embora alguns itens da imensa e interminável lista de tarefas tenham ficado por fazer. Alguns destes compromissos, tentarei dar a volta à distância. Outros, não há jeito, fica para a próxima. Espero que o tempo me espere para cumprir essas pendências, pois nem sempre temos todo o tempo que pensamos ter.

Eu e Zézinha na AESGA. Foto de Clodoaldo Ferreira.
Na quinta-feira sai apressada após o almoço para ir buscar a Profa. Maria José Loureiro nos Guararapes. Zezinha é professora da UA e tem trabalhado com Francislê no projeto do software ArguQuest. Juntei-me a eles propondo-me a fazer o teste do protótipo da plataforma interativa que visa promover a aprendizagem através do Questionamento e da Argumentação, uma parte importante da minha tese do doutoramento. Contudo, mais importante do que o software foi a oportunidade de conhecer uma pessoa tão maravilhosa quanto a Zé. Absolutamente cosmopolita, somente este ano promoveu formações em Cingapura, foi à Índia visitar o maridinho que trabalha lá, gerenciando uma fábrica de cerâmicas. Esteve em Moçambique a trabalho. Veio ao Brasil através da  Universidade Tiradentes, de Sergipe, conduzida por Ronaldo Linhares, professor dessa IES que fez parte do pós doutoramento com a Zé no departamento. Como havia uma folguinha de dois dias entre uma visita a Salvador e o evento em Aracaju, cuidamos em articular a participação da Zé, orientando uma formação para os professores da AESGA. Assim, com a ajuda da Presidência da nossa IES, trouxemos a Zé, que trabalhou conosco “Argumentação para a construção do Conhecimento”. Na minha avaliação pessoal, a formação foi muito boa, apesar de ter sido apenas das 9h às 12h. Para além da sua competência, Zé encantou a todos com a sua simpatia e simplicidade. Uma aula de como ser sem se achar, se é que vocês me entendem. Depois, a professora segue para Chipre, Paris e Bruxela. Não é sempre que temos a oportunidade de conviver com uma pessoa assim, do mundo!

No outro dia, pegamos a estrada para Recife. Acreditava que Luiza iria cair em prantos quando deixasse a Juju em casa. Mas, surpreendendo-me como sempre, pôs a cachorra no colo, beijou-a, acarinhou as longas orelhas  prometeu encontrar-se com ela pelo Skype. Menos mau. Matheus foi conosco, pois deveria tomar um voo para São Paulo no domingo pela manhã, onde participa de um Congresso Nacional de Psicologia. Promissor, o garoto. Vai seguir a carreira acadêmica, certamente. Chegamos ao Recife depois da 18hs, bem na hora do rush, e no Guararapes às 19hs. Check in feito, ninguém merece ficar de lá para cá com bagagens, fomos em busca de comida, pois Luiza estava “morrendo de fome”. Me impressiona a força do brega no Recife. Num ambiente tão bonito, classificado pela FIFA como o melhor aeroporto do Brasil, no terceiro piso do Guararapes um sujeitinho se esgoelava tentando cantar um brega mais desclassificado. Nem combina. Arremedo de música como aquela e uma tentativa frustrada de ser cantor como aquele é mais adequado para uma feira de bairro ou um espetinho de periferia. Vi a hora da estátua de Gilberto Freyre tapar os ouvidos. Falta de gosto e vergonha alheia.

Não tivemos nenhum problema de embarque, a documentação estava toda certa e a permissão de residência emitida pelo SIF de Portugal dispensa maiores perguntas. Luiza chorou a saudade do pai durante toda a fila, mas, quando chegou a hora dela passar no detector de metais, colocou a mochila na esteira, tirou o computador da bolsa, enxugou as lágrimas e passou, altiva. Entrou aos saltos no avião, comeu quase nada da ceia, dormiu todo o percurso. Eu, engoli as lágrimas, comi quase tudo e não dormi quase nada. O resultado é uma cara de panda no outro dia.

Esperando o voo para o Porto, eu com cara de Panda.
Chegamos em Lisboa quase às 10h do domingo. Não sei o que houve mas pararam o avião lá do outro lado, tivemos que atravessar todo o terminal para que verificassem nossos documentos na Imigração. Uma fila quilométrica e um calor desgraçado foi a senha para Luiza fechar a cara e começar a encher minha paciência. Nesta fila encontrei a Kelly, ex-aluna da AESGA e a mãe de Tatiane Barros, que vinham visita-la na Mealhada. O mundo é realmente pequeno. Aguardamos na fila da maneira que deu, quase na nossa vez, lembrei a Luiza que melhorasse a cara quando fosse falar com o agente da imigração. Com o abuso que ela estava era capaz deles mandarem-nos de volta. Ela pôs um sorriso artificial na carinha e respondeu as perguntas do agente acerca da escola que ela frequentava.

Daí, fomos aguardar o avião para o Porto. O céu de Lisboa estava azul profundo, sem nuvens. Parecia a Garanhuns que deixamos no dia anterior. Depois de um lanche, fomos olhar as lojinhas de conveniência, evitando habilmente as lojinhas de brinquedos. O voo atrasou quase uma hora. Esperamos assistindo a um noticiário em inglês e sem som. Liberado o embarque, Luiza pulou na frente da fila, pois já sabe que adultos com criança tem prioridade. Lá embaixo, tomamos um autocarro que nos levou a pequena aeronave que poderia muito bem ser pilotada pelo comandante  Jaderson Gundes. Chegamos por volta das 14h40, para a via crucis das malas. Apesar da queda de energia que travou as esteiras, até que as bagagens vieram rápidas. Lá fora, Francislê e Dayse nos esperava. Além da gentileza de vir esperar, nos auxiliam a economizar mais um metrô, um comboio e um táxi para chegar em casa. A viagem é longa. Por volta das 18hs chegamos a Aveiro, pois ainda almoçamos no Porto e fomos a IKEA, Dayse queria comprar uns forros e tapetes que estavam numa promoção.  Quando sai do carro senti o cheiro de sal que Aveiro tem. Gosto daqui, é uma cidade linda e essa é sem dúvida a melhor época para conhece-la. As árvores estão vestidas, o calor não é tão intenso quanto em Julho e Agosto, o sol brilha até as 20h30.

O nosso apartamento estava fechado há quase 3 meses. Na minha imaginação estaria coberto de grossas teias de aranha como nos filmes de terror. Exceto o cheiro de guardado que dissipamos abrindo as janelas e deixando entrar o ar carregado de maresia, até que não estava tão ruim. Energia e água funcionando. Ligamos o telefone para avisar que já estávamos em casa. Tudo certo. O aborrecimento veio na hora de tomar o banho reparador após uma viagem intercontinental. Cortaram o gás. Tivemos que tomar banho frio. Mas, vocês não sabem o que é a água fria em Aveiro. Mesmo no final do verão, a água daqui é ligação direta com o Iceberg que afundou o Titanic. É como tomar banho em Garanhuns com água da caixa às 3 da manhã em ponto. A primeira tacada da água parece que há milhões de pequenas formigas picando-lhe a pele. Fui primeiro para dar o exemplo, depois banhei Luiza. Comemos comida fria e fomos dormir às 20hs, mais mortas do que vivas, enquanto o sol ainda persistia no horizonte.

Na sexta-feira no intervalo da formação, Paulo Falcão me perguntou com um sorriso como é que eu vivia aqui. A mesma pergunta já me foi feita pelo companheiro blogueiro Ed Cavalcante. Ontem e hoje tenho tentado estabelecer uma rotina, embora as coisas ainda estejam meio na urgência. Ontem, após levar Luiza à escola (que mudou-se por conta da reforma, depois eu conto), fui resolver a história do gás. Com pouco mais de um mês de atraso, a empresa não tem dó: passa a régua. Para tanto, tive que ir a Loja do Cidadão (equivalente ao expresso cidadão que temos agora em Garanhuns), pagar uma conta de 35 euros. As multas, taxas e roubalheiras virão na próxima fatura. Que jeito? Depois, fui encomendar os livros de Luiza. Já era hora de busca-la na escola. Fomos almoçar e depois fiquei de castigo até às 16hs, quando o moço veio ligar o gás. Eu estava com uma cara tão acabada, que o sujeito perguntou se eu estava “bem disposta”. Depois, supermercado e buscar a criança na escola. Detalhe: tudo a pé. Eu devia ser magra! Hoje de manhã, levei Lu na escola e só vou busca-la às 17h45, aproveitei e comprei o interruptor da luz da casa de banho que estava quebrado desde junho. O senhorzinho da Casa Martelo me ensinou tão direitinho, que preferi ganhar de mim mesmo estes 15 euros que iriam me cobrar pelo serviço. Desliguei a chave geral e fui usar as minhas ferramentas: uma faca com ponta, uma faca sem ponta, uma tesourinha com ponta. Por fim, acertei na tesourinha sem ponta para retirar os parafusos. Não esperava que o troço que tem dentro da luz fosse diferente do que eu comprei. Acima, 6 buraquinhos para 3 fios. Abaixo, 3 buraquinhos para 1 fio. E agora? Montei e desmontei a luz duas vezes, somente na terceira, acendeu uma das três luzes do banheiro. Está ótimo! Para quê um ambiente tão pequeno com tanta luz? Confesso que senti saudades do Jailson Pergentino, o vizinho que faz esses serviços para nós lá na Cohab 2. Mas, quem não tem cão, caça com gato e acabei consertando a luz. E assim, as coisas vão entrando nos eixos. O plano é  amanhã retomar a vida acadêmica, encontrar um rumo para essa universo de dados que coletei junto aos meus queridos companheiros de trabalho.

 

Fiquem bem.

Até amanhã, fiquem com Deus.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Fechando as malas

Enfim, olho para o calendário com a figura de Nossa Senhora de Fátima e uma paisagem do amanhecer em Jericoacoara e, já é dia 19 de junho. Como diz Tony Neto, depois que passa, o tempo passa rápido. Faz 60 dias que contamos os dias para chegar amanhã. É que como aquele quadro célebre  do Gugu, "De volta para minha terra", amanhã vamos atravessar, finalizando a primeira etapa desta temporada portuguesa. Nem precisa dizer que estou com imensa saudade da minha gente, da minha casa eternamente em obras, da minha vizinhança simples, mas, muito humilde e solidária. Sinto falta do meu trabalho, dos meus colegas e dos meus alunos. Já é hora de voltar.

Temos aproveitado muito a oportunidade que a vida nos deu. Sair do Brasil e vir estudar em Portugal numa das 100 melhores Universidades do mundo é um privilégio. E fazer um doutoramento a tempo integral é um privilégio aumentado: a maioria dos meu colegas dividem-se entre o trabalho e o estudo, em cursos modulados. Apesar dos tropeços do início, cursei os créditos no primeiro ano, e o segundo ano foi dedicado ao desenvolvimento da primeira versão do embasamento teórico da tese e para a construção dos instrumentos de coleta de dados e dos modelos de intervenção, que serão aplicados no período de julho a setembro, na AESGA. Escolhi a instituição que trabalho como terreno da investigação como forma de retorno ao investimento que tem sido feito nesta formação. Vivo aqui à tempo inteiro para investigação com o meu salário de professora de ensino superior. Apesar de muita gente achar que vivo nadando em dinheiro e sem nada para fazer, a realidade é exatamente o contrário: a Europa está atravessando uma profunda crise econômica e hoje, diferente de 12 anos atrás, quando o meu orientador e sua esposa trocaram o Brasil por Portugal, não há disponibilidade de bolsas de estudo, principalmente para estrangeiros que tenham alguma fonte de renda. Assim, temos contado as moedas para manter-nos. Além disso, há que se dedicar muito tempo à investigação. Ninguém pense que vem para uma Universidade européia, e que vai poder fazer as coisas à meia boca. É necessário sentar-se e gastar o tempo em estudar, principalmente para reduzir as deficiências da formação. Assim, acostuma-se a passar 7 a 10 horas diárias, sentadinho na cadeirinha, estudando. No início o corpo dói, a cabeça gira, há mil e uma coisas mais interessantes para fazer do que ler uma carrada de artigos e escrever uns tantos outros.  Mas, faz-se o hábito. Afinal, vim aqui para isso.

Terminou também o ano letivo para Luiza, que concluiu com avanços significativos o 3º ano. Desenvolveu muito bem a leitura e a escrita, além de ter alcançado grandes progressos na matemática. Para quem chegou aqui, como diria minha mãe "puxando uma cachorra", mesmo tendo concluído o 2º ano no Brasil, inscrita novamente no 2º, só conseguia média 60 em matemática, alcançar média 82 é uma melhoria importante. Está estudando bem inglês, embora escreva melhor do que fale, e continua gostando muito de estudo do meio, uma junção de Geografia, História e Ciências. Acostumou-se com a ginástica, muito mais puxada que no Brasil; adora as ciências experimentais e a música. Convive bem numa escola multicultural. Na sala de Luiza só falta um Russo para ser a miniatura do BRIC - Luiza é do Brasil, Ayat é da Índia. Nuno Hong e Angelo Wong são chineses. A professora Purificação aproveita-se da diversidade e promove o intercâmbio de saberes entre os meninos. No final, todos saem ganhando. Só não teve acordo com o xadrês: odeia! Quando o professor não está olhando, as meninas passam o tempo a inventar histórias românticas com os cavalinhos e peões. Participa atividades extra, como o cortejo das energias renováveis, manifestação pública das escolas do agrupamento para desenvolver uma consciência ambiental sustentável. Outro dia, estávamos estudando, e ela veio com os símbolos da nacionalidade. Disse-me solenemente que iria cantar o hino do nosso país, e tascou, desentoada: Às armas, às armas, sobre a terra, sobre o mar..." Interrompi a cantoria: "Ei, que hino é esse?" ela respondeu-me como seu eu fosse uma totó: "É o hino do nosso país, né, mãe!!!" Expliquei que esse era o hino de Portugal, o do Brasil é outro. Ela interrompeu: "então o hino do Brasil é: 'Alto padrão de civismo e de glória, templo sagrado de luz e saber...'" Expliquei entre risos que esse é o hino do Colégio Diocesano, onde ela estudou até vir para cá. Minha filha anda a fazer confusões, entre outras coisas, com o parlamentarismo e o presidencialismo. Ainda tentei ir explicando as duas realidades, mas desisti. Quando voltarmos definitivamente, ela conseguirá destinguir melhor, com a vantagem de conhecer outra cultura.  

Gosto de Portugal. Não estou aqui contrariada e cumpro à risca o juramento que me fiz um dia de somente sair de Garanhuns para viver em um lugar melhor. Espero que a nossa cidade chegue um dia a ser como Aveiro: limpa, organizada, educada e elegante. Uma cidade pequena, mas que tem tudo, onde não andamos nas ruas com medo, onde os condutores param na passadeira, no cumprimento das leis de trânsito, esperando o pedestre atravessar. Uma cidade com uma Universidade realmente universitária, onde não importa de onde você vem, nem como se veste. A efervecência criativa da produção do conhecimento é tão grande que não importa se a pessoa está de chinelos e bermuda, de véu ou de sari. Importa mais as contribuições de cada um para a partilha de saberes. Não há tempo para miudezas.  

Viver fora do seu lugar é uma aprendizagem de amplo espectro: aprende-se de tudo e em todos os lugares. Aprende-se sobretudo a observar para tentar fazer as coisas mais certas o possível. Defendo arduamente o direito do estrangeiro em cometer uma ou outra parvoice, afinal, por mais semelhanças que tenhamos, são culturas absolutamente diferentes, para além do que o Prof. Fernando Ramos classificou como "dois países irmãos separados por uma língua." Com o tempo, vamos aprendendo a entender e comunicar melhor. A convivência ensina que o abuso dos portugueses é apenas o jeito deles, e vamos aceitando-os da maneira que são. Quando me dão uma resposta brusca a troco de nada, dou risada, até porque um  português com a simpartia mulata e a cordialidade indígena é um brasileiro legítimo.

Deixamos alguns amigos, um T0 fechado com uma parede coberta por desenhos. Ficam também alguns livros, roupas e brinquedos. Voltaremos em finais de setembro, junto com as gaivotas.

Até amanhã, fiquem com Deus.

sábado, 2 de junho de 2012

Diga-lhe que fui ali: Zoo Santo Inácio, Vila Nova de Gaia

Desde que viemos morar na Glória, recebemos semanalmente um jornalzinho de ofertas de uma rede de supermercados alemã, muito conhecida em toda Europa. Além de apregoar os preços (nem sempre) baixos dos produtos, o jornalzinho trás informações, jogos e entrevistas interessantes com personalidades da cultura e esporte. Foi através deste semanário que conheci o Nelson Évora, atleta português de ascendência caboverdiana; Carminho, uma jovem e maravilhosa cantora de fados, atualmente em temporada com Pablo Alboran, um jovem (e lindo) cantor espanhol. Outro dia, me deparei com um interessante entrevista com a Joana Santos, a Diana da novela Laços de Sangue, vencedora do prémio Emmy nos EUA, ano passado. Foi nesta entrevista que soube que a atriz iria ao Brasil para negociar direitos da novela Dancin'Days. A versão portuguesa do clássico de Janette Clair, que revelou a magnífica Sônia Braga e sua  inesquecível atuação em meias de lurex e sandálias de salto alto, irá começar na próxima segunda-feira. A Joana Santos fará o papel de Júlia, e eu prometo não comparar o desempenho das duas, pois, cada coisa a seu tempo. Engraçado, a Sônia Braga está sendo revista tanto no Brasil, com o remake da Gabriela, como cá em Portugal, com a Dancin'Days. 

Pois bem, neste jornalzinho vem sempre publicidades do Zoo Santo Inácio, localizado numa cidade vizinha ao Porto. Há meses que eu vinha enrolando Ana Luiza no compromisso assumido de visitar o Zoo. Ela adora bichos, e quando planeamos alguma visita, ela pergunta duas coisas: 1) Há parque de diversões? 2) Há zoo? No primeiro caso, só vou em última instância. Já na segunda alternativa, vou com todo prazer, pois também aprecio olhar os bichos. Apesar das "aperturas econômicas", a menina é bem merecedora de um passeio e, confesso, eu já estava ficando meio doida (mais?!) deste nosso intinerário aveirense: Universidade, Glicínias, Estação. Vivemos neste perímetro triangular, a despeito de sua beleza, cansa. "A repetição é o inferno", está lá em Dante Alighieri.

Então, na quinta-feira anterior a esta passada, comecei a prescrutar a previsão do tempo buscando do céus um sinal que deveriamos sair da rota estabelecida. Zoológico com chuva não dá condição. A previsão dava chuva no sábado e parcialmente nublado no domingo. Ficamos no vamos hoje, vamos amanhã, no meio da manhã do sábado, decidimos num pulo ir no sábado mesmo. Pegamos o comboio para São Bento, descemos antes, na estação de General Torres. As indicações do site do zoo nos instruia a apanhar o autocarro para Avintes. Como Luiza estava a morrer de fome e um Ferreira com fome é uma condenação, seguimos pela  Avenida da República, passando pela Câmara e pelo CTT, conforme nos informou um rapaz com borbulhas no rosto, portanto um imenso invólucro preto com jeito de violoncelo. Guiadas pelo faro, almoçamos no Charco Restaurante. Fomos muito bem atendidas, e ninguém ficou nos olhando curiosos. A vantagem de cidade grande é esta: Gaia está para o Porto, como Olinda está para o Recife. Com as informações dos funcionários do Restaurante, fomos em busca do autocarro. Daí, deu-se a confusão: três pessoas deram informações diferentes e conflitantes, o que nos fez decidir ir de táxi, pois já eram quase 14hs. O zoo fica numa quinta (sítio), bem distante da cidade, se eu tivesse olhado no Google Earth, não teria vindo. Melhor assim, às vezes a ignorância é benéfica.  Pagamos 11 euros para chegar. Na entrada, apresentei os talões de desconto do jornal, de forma que a entrada de Luiza ficou por 5,00 e a minha por 7,00. Bilhetes pagos, fomos entrando num lugar encantador: logo à entrada, nos deparamos com duas araras -  uma vermelha e outra azul - profissionais na arte de fotografar com visitantes. Confesso que tive três medos daquela ave pousada nos nossos ombros para a foto sem compromisso: 1) Que a arara cismasse com o cabelo de Luiza e atacasse, 2) Que a arara se abusasse com o meu brinco e me bicasse, 3) Que a arara tivesse incontinência e fizesse cocó nas duas. Nada disso aconteceu, os bichos eram bem educados e bem tratados.



Vimos vários animais que não conhecíamos a não ser em fotos, desenhos e filmes: zebras, pinguins, mini hipopotamos, Cangurus, aves estranhissimas, papagaios pequeninos e estridentes, um pequeno roedor dos campos, o cão das pradarias. Muito simpático, deixa-nos chegar perto, mas, se sentir-se ameaçado, ele morde forte. Melhor deixar ele quieto. Havia também os animais da quinta: vacas, ovelhas, coelhos, galinhas. Um porco vietnamita muito gordo e fedorento. Assistimos as demonstrações com aves e uma aula sobre cobras. Neste zoo, os animais não tem cara de cansados e estressados. Quando não querem aparecer, nem adianta chamar. A lontra não nos deu a mínima. Já a Onça das Neves, uma onça branca muito bonita e grande, só deu o ar da graça no final da tarde. Penso que passamos umas três vezes à porta dela para poder vê-la. No final do dia, fomos ver um jovem espanhol alimentar os pinguins.   Os lêmuris, só os vimos de longe, também não estavam a fim de fazer gracinhas. Só não gostamos da estufa tropical, muito sem graça, só tinha plantas e ratos.
Bicho inédito para nós: lindas, as zebras

O cão da pradaria


No zoo Santo Inácio há muitas flores, como esse roseiral

Na saída, fiquei pensando: e agora, para voltar? Perguntei ao segurança como fazer, que muito gentilmente nos ensinou a sair do zoo e esperar as carrinhas que desciam para o Porto. Após uma longa subida, chegamos ao portão que dava para a rua deserta. Eram 17h40, felizmente, nesta época só escurece às 21hs! Pensei: o primeiro autocarro que passar, entramos. Nada pode ser mais longe do que já estamos. A estas alturas estava com uma dor de cabeça feroz: inventei de reduzir a ingestão de açúcar e não tomei café pela manhã. Com a cabeça martelando ao sol, após 10 minutos de espera, apareceu um ônibus grande de viagem, eu acenei e, milagrosamente, parou. Perguntei se havia alguma parada próxima a alguma estação de comboios, o condutor esclareceu que o bendito transporte tinha a paragem final próximo à São Bento. Ótimo! Naquele pedaço do Porto, não nos perdemos de modo algum. O ruim foi chegar lá. Além da abstinência da cafeína, acho que comi algo que não caiu bem: o carro era perfumado com aquelas arvorezinhas de veículo. Quando o homenzinho acionou o ar condicionado, meu estômago deu um duplo twist carpado. Antes de chegar ao nosso destino, tivemos que subir ladeiras em vielas provavelmente abertas pelos romanos até chegar a uma localidade chamada Oliveirinha Douro. E eu que achava que Saloá era o fim do mundo. Até rebanhos de ovelhas esperamos atravessar a estrada para seguir viagem. Com Luiza aos pulos do meu lado, a cabeça latejando e o estômago revoltado, chegamos a São Bento dando graças a Deus. Nada que um café expresso bem forte não resolvesse. Minutos depois, estavamos numa livraria outlet, enquanto Luiza revirava o estoque dos livrinhos de atividades, eu lamentava não ter mais um real. Havia na prateleira inúmeros livros de Stephen King por 5 euros. Voltarei, com certeza!

Até a próxima viagem por Portugal, agora, somente quando voltarmos do Brasil em finais de setembro.
Fiquem com Deus.      

domingo, 13 de maio de 2012

Here comes the sun :)))

Depois de um inverno muito estranho, sem chuvas, com o céu mais azul que já vi e um frio de rachar, finalmente, parece-me que chegou a primavera. O inverno atípico e seco acertou em cheio a agricultura e a pecuária. Criadores do Alentejo sofreram para manter os rebanhos, pois as pastagens ressecaram. Lavouras foram perdidas e os reservatórios tiveram a sua menor baixa dos últimos 20 anos. Ao mesmo tempo, uma vaga de frio matou muita gente (principalmente idosos) Europa à dentro. Felizmente, aqui é o lugar mais quentinho destas bandas, embora tenhamos aguentado muito frio nesta Beiras. Por meu lado, parei de me queixar do tempo, pois reclamação não esquentam ninguém, só me deixam mais ranzinza. Ademais, Portugal ao sol é um dos sítios mais belos para se viver.

As árvores já estão verditas há tempos. Poucas ainda mostram os galhos esguios. Em toda parte há flores. Apesar de todas as manhãs amanhecer nublado, as temepraturas já se elevaram: 20 graus aqui dá praia! Ao final das manhãs, já beirando a tarde, as nuvens afastam-se e o sol brilha no céu azul. Agora, os dias são mais longos, e as tardes, quase intermináveis. "Nesta época, é preciso cuidado", aconselha-me solicita, minha querida Dayse. O clima seco e o calor exigem maior hidratação, e as garrafinhas de água sempre estão à mão. Os estudantes costumam levar garrafas grandes de um litro, garantindo o consumo durante o dia. Não vale a pena manter a linha com copinhos pequenos ou garrafas miúdas. Uma garrafa grande sai mais barato e será consumida inteira naquele mesmo dia. Além da hidratação, a pele sofre com a baixa umidade do ar. Os "cremes gordos" devem ser utilizados sem reservas por mulheres, homens e crianças. A pele ressecada, torna-se quebradiça e irritada, o menor comichão pode abrir feridas. Achei muita graça quando Marcelo Leão, dividindo conosco a sua experiência vivida em Barcelona, sentenciou que o sujeito nordestino (cabra aqui é nome feio) quando vem morar na Europa fica meio afrescalhado, passando creme. Mas, é necessário e se não fizer, o prejuízo é maior. Além disso, é necessário ter cuidado para não se exceder nas horas de trabalho, pois como o sol só se põe depois das 20h20, corremos o risco de perder a hora e continuar trabalhando, atrapalhando os horários de alimentação e repouso. É uma provação à temperança.

Nesta época o mundo fica mais bonito. Acordamos pela manhã com o canto dos pássaros que vivem nos parques da vizinhança. Os casacões escuros e pesados são substituídos pela "deselegância discreta" das meninas do mundo no (quase)verão europeu. Aos poucos, a cidade vai sendo ocupada por turistas que chagam em grupos, famílias ou casais. São tantos rapazes jovens empurrando carrinhos com bebés, enquanto as jovens esposas puxam os maiores pela mão. Me surpreendem as famílias de três, quatro miúdos em escadinha com seus cabelos de milho, tão louros, quase brancos. Já me habituei a vê-los a fumar nas esplanadas dos cafés, enquanto folheiam jornais do dia, com os cães atados aos pés, enquanto os filhos pequenos arriscam a vida em brincadeiras mirabolantes. E, ao caminhar, apesar da guerra biológica que travo com as flores, apetece-me parar e fotografá-las. O  pólen tornou-se o meu inimigo número 1 da primavera, jamais imaginei que as florinhas que desabrocham na sebe que arrodeiam os canteiros da UA fossem adversárias tão temíveis. Para não entrentá-las, prefiro fazer o caminho mais longo, vou pelo outro lado onde tem sol e a brisa é perfumada pelas salinas. Aqui e ali saco a Torradeira da mala e vou acertando e errando imagens pelioo caminho:

Florinhas de mato, lindas!

Nestes arbustos brotam estas flores interessantes abaixo!



Flores de canteiros de rua. Aveiro está colorida com elas.


Um exagero de margaridas num jardim há muito abandonado
Uma flor muito perfumada, talvez uma prima próxima da angélica
Rosas na janela
Nos jardins das moradas, muitas rosas.


Um músico de rua à beira da ria a tocar "Here comes de sun" num sábado de manhã


São dias bonitos, abençoados. Bom de caminhar pelos passeios de pedrinhas, olhando as pessoas sob o sol. Assim, reconhecemos porque esta estrela de quinta grandeza é tão importante ao equilíbrio do planeta e de todos os seres que por aqui se aventuram nesta grande jornada.


Até Amanhã, fiquem com Deus.


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quarta-feira, 25 de abril de 2012

Os cravos e a primavera de Garanhuns

Sabia da Revolução dos Cravos através das músicas censuradas do Chico Buarque, pois nos meus tempos de escola, isso não era assunto para os livros de História. Durante algum tempo, falar em Portugal não era recomendável, pois a ditadura brasileira só arrefeceu no final da década de 1970, com a Anistia e o retorno dos exilados, entre eles, Miguel Arraes, ex-governador de Pernambuco, que cumpriu anos de exílio na Argélia.  O medo ainda nos cercava nos primeiros anos da década de 1980, e, nas escolas básicas, a história política recente era cuidadosamente varrida para debaixo do tapete. Não se ensinava aos pequenos a valorizar liberdade e a democracia. Eram tempos difíceis.

Décadas depois, o tempo em que o aluno ideal era o aluno caladinho, passou. Cresci e alcancei metro e meio de altura. Há ano e meio atravessei o Atlântico e mudei de hemisfério. E, neste período que vivo numa Europa esfacelada pela crise, Portugal vive o desmantelo económico de um país que dormiu rico e acordou em apuros, quase pobre. Às vezes, parecem-me desnorteados, sem saída.  Recuso-me a aceitar que um povo que enfrentou o mar nas caravelas, tenha diluido  sua boa genética na riqueza ilusória do mercado comum. Um povo que uniu canhões à cravos não pode ser tão facilmente derrotado, há de se encontrar uma saída.

Ontem Luiza chegou da escola e me perguntou: "Mãe, o que tu sabes sobre o 25 de Abril?" Além de ser meu aniversário, pouco sei, respondi. A miúda discorreu bem sobre o assunto, pois os portugueses fazem questão de manter viva a memória de 38 anos passados. Aprendi com a minha pequena que os ideiais da Revolução dos Cravos - Descolonizar, Desenvolver e Democratizar -, ainda estão vivos, apesar da pressão pela austeridade imposta pelos parceiros-quase-patrões. A estes acrescentaria, ao Portugal dos nossos dias mais um D: "Despertar". A juventude portuguesa precisa buscar caminhos para ultrapassar as dificuldades, empreender o futuro, reduzindo a dependência da vizinhança.

Yuri Gagarin, quando fez o primeiro voo na órbita do planeta, exclamou: "A Terra é azul". Até então, ninguém sabia disto. Foi preciso sair do planeta água para melhor visualiza-lo. Penso que é isso que hoje acontece comigo. Compreendo melhor o meu lugar, ao visualizá-lo cá de fora. No último Outubro, primavera no hemisfério sul, ocorreu um movimento em Garanhuns cuja importância só será percebida quando o fato entrar  para a história. A imprensa pernambucana alcunhou o movimento como "Primavera de Garanhuns", uma alusão ao movimento de resistência organizado pelos jovens em Praga em 1968. O movimento primaveril  de resistência em curso no Agreste é contra a imposição movida pela arrogância busca o cumprimento de um dos ideais da Revolução: A democracia. Nada  pode ser mais contrário à democracia do que a falta de respeito pelo povo. No lugar dos cravos portugueses, os bytes das redes sociais, através do grupo de Discussão Viva Mais Garanhuns e Blogueiros do interior pernambucano, bem como da capital, dentre eles - Ronaldo César, Roberto Almeida, Cysneiros e Amanda Oliveira fomentaram um movimento que demonstra a força que temos quando unidos por um bem comum. Conforme Manuel Castells, a informação que circula livremente na internet é a inimiga número 1 da memória encurtada pelas conviniências políticas não pode sobrepor aos interesses da comunidade.Não podemos nos acomodar e aceitar invasões e desmandos. A passividade de hoje é um desrespeito àqueles que lutaram pela liberdade num passado tão recente.

Até amanhã, fiquem com Deus.