sábado, 24 de outubro de 2015

Séries para que te quero!

Das coisas que passam na televisão, sempre gostei das séries da TV americana. Me criei assistindo episódios repetidos de "O incrível Hulk" e "As panteras" que passava na Sessão Aventura,  a partir das 16h15, na Globo. Como o sinal da retransmissora só pegava o sinal nacional a partir desta hora, estas aventuras foram assistidas mil vezes pela metade. Aos sábados, gostava de assistir "Ilha da Fantasia", apesar de Ilma, que sempre gostou de aperrear as crianças, ficar enchendo a minha paciência, dizendo que Tatuzinho era o meu namorado.  Lembro-me particularmente de um episódio em que a mulher queria realizar o desejo de ficar rica e famosa. Apesar de ser muito alertada pelo "patrão", insistiu. Ficou mesmo rica e famosa, mas perdeu o grande amor de sua vida, que era mesmo o que a fazia feliz. Não era possível ter tudo. Refletindo sobre "A ilha da Fantasia", hoje entendo que aquele sujeito vestido de branco não era nada divino. Ele concedia os desejos, mas, de modo sutil, sempre a criatura perdia algo. Ou seja, sempre havia algum "pagamento" pela realização da fantasia. Ou, quem sabe, desde cedo, aprendíamos com os enlatados da tv que não se pode ter tudo, ou ainda, que não existe almoço grátis.

Pois bem, neste anos tenho assistido muita coisa, embora com certa dificuldade de acompanhar os capítulos, essencialmente, por três motivos: 1) Falta-me organização. Na hora do episódio, nem sempre estou à disposição; 2) Falta-me pachorra. No meio da série, acabo me abusando da história, principalmente quando os autores se perdem no enredo, e, 3) Falta-me passividade. Não consigo me deixar aprisionar pelo compromisso de acompanhar uma novela, série, o que for. Mesmo assim, tenho assistido algumas séries inteiras, em sequência e/ou salteadas, por pura distração:

1. House. As aventuras do médico mais turrão do Princeton-Plainsboro são sempre uma opção quando não resta mais nenhuma opção. Só me cansei numa fase em que ele estava selecionando novos médicos para a equipe, após a saída da 13. Ficou chato e arrastado. Assisto os episódios salteados, desde que mudamos para esta casa, com Luiza pequenina. Hoje é ela quem mais assiste.
2. E.R - Que no Brasil ganhou o título Plantão Médico. Quando estou em casa, gosto de ver o George Clooney e Juliana Margulies bem novinhos, às voltas com as rotinas da emergência de um hospital. Esta semana, dei risadas com as novas tecnologias para os diagnósticos numa revolucionária máquina de ultrassom. Muito bom. Estão sendo veiculados os episódios na Warner, em comemoração aos 20 anos da rede.
3. The Good Wife. Até que a primeira temporada me chamou atenção. Juliana Marguilies lutando para deixar de ser a esposa de um senador corrupto e se firmar como advogada. Gostei muito das primeiras temporadas. Depois, me cansei. 
4. Law and Order SVU. Gosto muito da Olivia Benson, uma sargentão sem frescuras. E as histórias da divisão de investigação de crimes contra vítimas especiais são sempre muito boas. Assistimos (eu e Luiza) à tarde, pelas 16h30, enquanto aproveitamos para discutir comportamentos sexuais de risco. Outro dia, era o caso de um menino que sofreu assédio sexual na escola. Foi um bom motivo para discutir com a menina como evitar que isso aconteça, pois gente safada tem em todo lugar. A série está no ar há 17 anos, e outro dia, vi a Mariska Hargitay, que faz a Olivia Benson, fazendo uma ponta no E.R. É engraçado isso. 

Nos últimos meses, Tony entrou na onda das séries. Outro dia, ele chegou em casa com os DVDs da série completa  de House of Cards. Achei estranho, pois ele nunca havia comentado que gostava de séries. Não vi o primeiro episódio, mas o marido falou tão entusiasmado, que no segundo, sentei para assistir as aventuras de Francis Underwood. E vi o resto da temporada inteira, e depois todas as demais. Na última, assistimos morrendo de pena, por que ia acabar. O enredo desenrola-se através da escalada política do personagem central, acompanhado por sua linda e ambiciosa esposa Clear Underwood, vivida brilhantemente por Robin Wrigth. Kevin Spacey dispensa comentários por ser um ator brilhante: ele consegue assumir uma personagem de personalidade dúbia, que torcemos por ele, mesmo ele fazendo tanta ruindade. De quebra, aprendemos um pouquinho sobre a política norte-americana, que como em todo lugar, existe trapaça e muita sujeira pelo poder.

Quando terminamos House of Cards, ficamos nos perguntando o que iríamos assistir nas noites de segunda, após o trabalho (da rua e de casa). Lembrei que Pedro Henrique havia comentado sobre uma série que ele estava encantado, que misturava história, literatura fantástica, aventura e política. Sugeri que Tony procurasse com o nosso fornecedor (todas as nossas séries são "genéricas", mas de muita qualidade, não dão defeito) "Games Of Thrones". Semanas depois, o doido do meu marido chegou com as cinco temporadas debaixo do braço. Questionei: "e se for ruim?" Na sua praticidade, respondeu-me calmamente, ligando o dvd: "Vamos ver agora." Terminamos a quinta temporada, procurando informações na internet de quando sairá a próxima, até porque muita coisa não ficou resolvida, e o corvinho bonitinho morreu no final! Que coisa absurda! O filme é muito bem realizado. As locações são lindas, o figurino é perfeito, a história é empolgante, as personagens são muito bem definidos. No quesito desempenho, três atores me chamaram atenção: 1) Lena Headey, que vive a rainha Cercei Lennister. Ela não é má, é péssima. Contudo, os autores escrevem o papel como Aguinaldo Silva fez Nazaré Tedesco, uma vilã que leva desacerto ao longo da trama. É tanto que no final da trama da quinta temporada, ficamos com pena da miserável, por conta da humilhação que ela passa. 2) Charles Dance, que encarna o Lorde Tywin Lannister. A criatura não tem sentimentos. Vive para manter a família (que eles chama "casa") no poder. O sujeito é perfeito. 3) Peter Dinklage, o Tyrion Lannister. Para lhe dizer só uma: o ator é anão. Diferente do "O senhor dos Anéis", que optou em fazer efeito visual, a produção encontrou um ator brilhante para viver a personagem, que entra em toda a sorte de armadilhas, e consegue safar-se pela inteligência. É o João Grilo da deficiência física. Impressionante a competência do ator. Não é à toa que ganhou o Emmy de melhor ator coadjuvante este ano. 

Além destas figuras, as histórias trazem reflexões interessantes a respeito da vida, do poder, da justiça. De como as pessoas se apropriam das instituições para manipular a vida das outras pessoas, e como tudo isso é passageiro. Tem sido bons momentos, que nos fazem ficar em casa por mais tempo, curtindo um pouco mais o nosso lugar. E nisso precisamos reconhecer: esses norte-americanos são danados de competentes na arte de fazer cinema e tv.

Até amanhã, fiquem com Deus.    


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