sexta-feira, 15 de abril de 2011

Será arte?

Eu não entendo nada de arte. À cabeça, já vou me desculpando, mas, o atrevimento faz parte do meu jeito de ver o mundo. Consciente do risco de "cutucar onça com vara curta", falo o que quero, assumindo o ônus de ouvir o que não quero. 

O que é a arte?

Entendo que é um conceito para especialistas. Para mim, são criações humanas que representam a sua maneira particular de ver o mundo. Mas, com um limite: para mim é arte aquilo que me agrada aos olhos. Nesse aspecto, sou à favor da beleza e da harmonia. Gosto das cores cravadas com tinta na tela, reveladas pela luz. Gosto do sorriso da menina estampada na foto e da elegante impaciência do moço, gravada em vídeo. As ruas antigas, os casarões azulejados, são pura arte. Talvez por isso, seja mais chegada ao artesanato, pois essa expressão popular é sempre cheia de significados e simplicidade.

Há algumas semanas, Aveiro convive com um trombolho de concreto encravado numa das praças da cidade. Logo que começaram a construir, nós passávamos pela "obra" todos os dias, especulando o que era aquilo. Luiza defendia que  era uma casa, até perceber que não se constroi casas sem janelas. Plantaram as lajotas sobre as pedras que cobrem a praça e para isso, tiveram que desligar a fonte. Certo dia, ´na nossa passagem ouvi, trazido pelo vento a palavras "instalação". Me lembrei das poucas aulas informais de arte que Ilma me deu na sua época de estudante de artes plásticas na UFPE. Instalação é uma arrumação que o artista faz para, a partir de objetos concretos, transmitir determinda mensagem. Tá bom, vamos esperar para ver o que é.

A instalação é isso aí. Como dizia, um labirinto de lajotas. A artista se valeu dessa ideia para denunciar o tráfico de mulheres no mundo, expondo histórias de vítimas em pequenos textos curtos grudados na parede ao lado dessas telas. Era o que Luiza tentava ler na foto vertical.




Será arte?

É preciso reconhecer que  local da "exposição" foi bem escolhido, pois de um lado fica a sede do Governo Civil, do outro o Tribunal e no outro lado, a Igreja. A situação é terrível e deve ser discutida, para que se minimize o problema. Mas, a obra de arte é feia. E de feia, basta a história que ela conta. O vento levanta o lixo que se deposita nos veios do labirinto e não há um acompanhamento para discutir a questão. Só estar lá no meio da praça e pronto. Seria muito mais produtivo investir o dinheirinho empregado (e não foi pouco, haja vista a lista de poderosos patrocinadores) para ações mais focadas, como um trabalho de integração das meninas em situação de risco. Talvez os resultados obtidos sejam mais eficientes. 

Inevitável não lembrar da música "Bienal", de Zeca Baleiro e Zé Ramalho: 

"Pra entender um trabalho tão moderno
É preciso ler o segundo caderno,
Calcular o produto bruto interno,
Multiplicar pelo valor das contas de água, luz e telefone,
Rodopiando na fúria do ciclone,
Reinvento o céu e o inferno".



http://letras.terra.com.br/zeca-baleiro/73692/

Peço perdão de joelhos pela minha ignorância, mas, meus olhos tem sede de beleza. Pois, de tanta coisa feia, basta olhar os noticiários. 

Ranzinzamente, té manhã!
Fiquem com Deus, e que a beleza se espalhe em sua vida!

4 comentários:

  1. Também peço as mesmas desculpas, Anninha,mas eu na minha ignorência só penso em arte como coisas bonitas, logo...

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  2. Pra mim tudo é arte! Feio ou bonito,caro ou barato, inteligível ou não... o problema que nem tudo agrada meus olhos, então, sendo assim, se fosse comprar alguma peça optaria pelo que fosse enfeitar minha vida e não chocar meus visitantes. Beijo com saudade!

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  3. É uma boa perspectiva, D. Amora... Gostei!
    Até porque o conceito de beleza é subjetivo. Bjoooo!

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  4. Prefiro as coisas bonitas, também, embora até do lixo saiam coisas muito belas, depende muito do olhar. Beijos.

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