domingo, 14 de agosto de 2011

Deu praia!!!!

Desde que cheguei por essas bandas que me avisam que o verão é de pegar fogo. Esperei um bocado, e por implicância do tempo, tivemos o julho mais frio de 27 anos, segundo um jornal que espiei na banca. Agosto chegou com o céu azul maravilhoso e menos ventania. Hoje mesmo estava pensando que se fosse sempre assim, Portugal seria o melhor lugar do mundo de se viver. Lembrei-me de Neide Jófili, que tem um caso de amor com terras lusitanas, penso que por lembranças de vidas passadas. Também, coisa mais fácil do mundo para todo pernambucano é ter vidas passadas entrelaçadas com Portugal, desde que as vidas passadas realmente existam. Isso está parecendo enredo de novela espírita.

O tempo foi generoso e nessa semana, deu praia. Nos acordamos tarde, pois os peões da obra estavam discretos e silenciosos na manhã da quarta-feira. Depois da ronda matinal nos e-mails e páginas obrigatórias (tenho um intinerário certo, não me perco), ainda me torturtava porque não conseguia escrever um A no artigo desde a noite passada no artigo. Lembrando da sugestão do Luís Pedro  (com um ar de riso) ao final da defesa do projeto de "aproveitar a temporada de praia neste verão", olhei através da janela para o céu azul e sugeri: "Luiza, vamos à praia?" Os olhos da menina faiscou de entusiasmo. Se levantou aos saltos e correu para providenciar a sua arrumação. Aos sete anos, Luiza é praieira experiente, conhece Ponta Verde, Pajuçara e Cruz das Almas (em Maceió), mais Maragogi e Barra Grande (em Alagoas) ; Ponta Negra, Redinha, Genipabu e Pirangi (no Rio Grande do Norte); Boa Viagem, Tamandaré e São José (em Pernambuco), Atalaia Nova e Velha (em Sergipe), Tambaú, Manaíra, Bessa, Praia dos Amores e Tambaba (na Paraíba). Agora que mudou de continente, tínhamos que conhecer as praias do Atlântico Norte.


Zarpamos da Glória para a praia da Barra que fica à uns 8km. Já haviamos vindo por aqui com Fracislê e Dayse, mas não na condição de banhistas. Tomamos um taxi no centro da cidade, e tivemos a companhia divertidíssima do taxista, que já havia morado em Santos (São Paulo). No caminho, ele nos contou que foi para o Brasil em 1962 aos 16 anos, fugindo de Salazar. Morou dois anos no Brasil, o resto do tempo ficou na Venezuela. Retornou à Portugal em 1973, com uma carta do Governo Venezuelano para ficar apenas três meses e retornar à Venezuela, sem correr o risco de ser preso pela Ditatura. Casou-se e voltou. Retornou à Portugal no início da década de 1990, quando a esposa se fartou de enfrentar os mosquitos e o calor absurdo dos trópicos. Hoje é taxista como estratégia de enfrentamento à crise económica. Se lamenta por ter voltado, pois se tivesse ficado, poderia ser rico. Mas, a vida tem seus caminhos. Enquanto jovem, se divertiu muito e isso valeu à pena. Ainda fiquei uns minutos no banco de tras do automóvel, fingindo que estava procurando moedas, para ouvir o resto da história.   

Saltamos na frente da praça do Farol da Barra. Ao primeiro pensamento, me esforcei para evitar o etnocentrismos praieiro dos trópicos: "Onde estão os coqueiros?" é testemunho de uma comparação descabida. Cada lugar tem seus encantos. Luiza nem deu pela falta das árvores comuns em nossa área, estava mais interessada no parquinho infantil. Catamos um lugar à beira do mar, pois aquela altura estava cheio de guarda-sóis coloridos. Somente quando sentei é que percebi que os portugueses usam umas proteções de tecido, contra o vento, acho. E ficam lá dentro daquela espécie de cercado a ler, dormir e conversar, cada um no seu quadrado! Não se vê alguém, ao menos que se levantem ou andem!
A visão que temos é essa: o cercado de tecido, as sandálias ordeiramente arranjadas ao lado, e ninguém mais! Do nosso lado tinha um casal de franceses (ela estava queimadíssima, para mim, deveria sair dali direto para o pronto socorro). As cadeiras, guarda-sóis, e demais acessórios cada um traga o seu, não há empreendedores ambulantes fazendo esse serviço. Não se vende nada, não se compra nada. Para não dizer que não vi ninguem vendendo nada, passou um senhor idoso vendendo bolacha americana. Mas, nenhuma cervejinha, nem um marisco se quer!

O sol estava maravilhoso. Gustavo já havia me alertado para a temperatura da água. Francislê e Dayse também. Mas, com um curriculo de praias que temos, não poderíamos deixar de mergulhar numa água tão limpinha. Aliás, sobre a limpeza uma palavra: a praia é impecável! Não tem UM papel de bala (rebuçado) na areia, muito menos na água! Mas, meu amigo, a temperatura da água...
Sabe água de degelo de geladeira? Banho com água de cisterna que passou a noite na caixa d'água no alto da casa, no mês de julho em Garanhuns? Pronto, é um pouco mais! Conceituo o mergulho na praia da Barra como uma experiência quase sobrenatural, extra-corpórea! Na água minhas pernas foram ficando dormentes e os dedos das mãos doíam! Parece que a alma vai saltar fora do corpo a qualquer momento. Você entra na chamando por todos os santos e sai sofejando "Helter Skelter", pronto para um assassínio! Tem que ter parte com leão-marinho para suportar essa provação. Teve uma hora que olhei para Luiza e ela estava com o queixo batendo e os lábios azulando.  Mas, para criança tudo é festa, deu para fazer uns castelinhos para as Pollys que carregamos dentro da bolsa.

Enquanto Luiza brincava no parquinho, observava os barzinhos da praça do farol, os clientes tomam café! No final da tarde, pegamos o busão lotado de jovens banhistas marcados pelo sol. Muito divertido, uma boa experiência. Praia maravilhosa, mas, da areia, por favor!

Saudade de hoje: de Fabianny, irmã de Francislê. Ri muito com ela quando esteve por cá no final do ano passado. Sobre suas impressões da Europa, ela disse: "Muito lindo, muito maravilhoso, mas, eu vou para Tamandaré, me sentar na cadeirinha e ficar chamando: 'Caldinho!!! Ô, seu caldinho!!!', 'Camarão, aqui!' Frio não é para mim!" Uma graça!  

Té manhã, fiquem com Deus! 

     


4 comentários:

  1. É Anna, nossas praias do não se comparam nem com as do sudeste, quanto mais as de fora...
    Só tem melhor porque são limpas, no mais...
    Praia sem cerveja, sem caldinho, sem camarão, não dá.
    E o pessoal daí se escondendo dos outros, querendo ficar sem chamar atenção sem ninguém ver ninguém, igualzinho em Garanhuns e o pessoal que frenquenta a praia no Recife, esse pano por aqui não daria certo.
    E enquanto a temperatura da água, não sei você, mas eu só fiquei 2 minutos dentro dela e mesmo assim porque foi uma aposta, pois se não teria saído antes.
    Com PERNAMBUCANIDADE

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  2. Achei essa cabana a coisa mais esquisita do mundo, aqui não ia dar certo, porque o calor seria insuportável, uma sauna! E praia sem coqueiro também é muito estranho, mas o mais interessante é essa água gelada, que não combina com praia. Imagino o seu susto quando mergulhou! Eu ri muito, queria ter visto a cara de vocês! Beijos e saudades.

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  3. hehehe, é mesmo pessoas. Mas, cada lugar tem sua graça e seu jeito, o importante é aprender o que tem de bom e valorizar o que temos de melhor. Saudades imensas da muvuca brasileira, até do atropelo recifense.
    Beijos, amores!

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  4. Definitivamente n dá pedal esta praia aí!!! Sem coqueiro , nem caldinho de feijoada nem caranguejo? isso n é praia mesmo. Vi o video de Lu entrando na água de degelo... tadinha, ela tentava e n conseguia mergulhar. Quando vcs voltarem fiquem uma semana numa praia de verdade, para matar as saudades. Bjo. Saudades imensas.

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