terça-feira, 6 de setembro de 2011

Domingo

Apesar de hoje ser terça, vamos falar em domingo.

Moliceiros, em 20.12.2010
Domingo é naturalmente um dia meio cansado. Talvez pela memória das antigas ressacas de sono e mais alguma coisa que restava do sábado à noite, isso antes dos serões nos barzinhos ou alguma festa de ver e ser visto se chamar "balada". Faz muito tempo que andei nessas paradas. Primeiro, por ter envelhecido antes do tempo e aos vinte e uns já estava saturada desses ambientes, preferindo ficar num sítio calmo com bons amigos, boa música e boas conversas do que ter que espichar cabelo e me equilibrar sobre vertiginosos saltos altos e ficar fazendo pose para ninguém. Nunca tive grande talento para isso. Depois de Luiza, os serões reduziram-se a um ou dois shows e um cinema de vez em quando. Como não tenho a opção de deixar a cria na casa da vovó, conto com a cooperação de uma ou duas tias quando os programas não se chocam. Isso seja bem dito, quando estava em Garanhuns. Em terras portuguesas, só vivo de dia. À noite, passeios estritamente virtuais. Longe de me lamentar, trato de aproveitar a fase, pois sei que daqui a uns anos, sair com papai e mamãe será "pagar mico" (ainda não encontrei um equivalente lusitano para essa expressão) e nós estaremos disponíveis para retomar os serões. Às vezes percebo em alguns olhares o pesar de quem acredita que somos um sofredor casal com mobilidade reduzida por uma criança pequena. Olhos cegos que não percebem a  parte boa, a diversão, o aprendizado que supera essas pequenas renúncias.

Domingo é dia de acordar tarde, almoçar na casa da família ou recebê-los em casa. Nestes últimos meses este ritual tem nos feito muita falta. Cá, nesta rotina transplantada, o domingo de manhã, quase meio-dia após a ronda nas páginas obrigatórias, saímos para ouvir o som das ruas. Depois que os estudantes se foram (e já estão quase de volta), as ruas antigas da Glória se transforma em um pequeno território espanhol. Há dias que não ouvimos uma só palavra em português. Sempre em trios ou em grandes grupos, fazem igual algazarra que reverberam nas paredes dos casarões azulejados. Animados e divertidos, é engraçado tentar acompanhar as conversas atropeladas, lembrando daquele desenho antigo do Ratinho Ligeirinho. Outro domingo, atravessava a praça da Câmara arrastando o meu fiel carrinho de compras rosa pink e um casal de meia idade fotografava a Igreja. Ao me avistar, a mulher que posava na foto, exclamou "mira!" O senhorzinho disparou o obturador em minha direção. Continuei pelo beco às gargalhadas, pensando: "estou quase uma salineira!" Nem sabem quão gato por lebre é aquela fotografia da nativa que irão exibir orgulhosos à família em um domingo qualquer. Se bem que caladinha, até que não sou tão diferente das portuguesas. Ao pronunciar a primeira palavra, me denuncio. Numa outra ocasião, três senhoras me pediram uma informação: "Donde está lá catedral?" E para responder? pensei por 10 segundos e arrisquei, gesticulando para auxiliar na compreensão: "A delante, nesta calle,  on the left, you will see the Catedral." Alegres, elas atropelaram-se no agradecimento, ao que respondi em bom português brasileiro: "por nada!". Depois de uma msiturada dessas, espero que elas não tenham se perdido.

É digno de nota que nestes grupos predominam pessoas da terceira idade e mulheres com crianças confortavelmente sentadas em carrinhos, mesmo as já grandinhas. É o sonho de consumo de Luiza, mas, ela já está grandinha demais para ser empurrada num carrinho de bebê. Os espanhois que enchem as ruas e os moliceiros que cruzam a ria são maioria entre os visitantes, mas também identificamos muitos italianos e alemães. Vem também um povo alto e louro que fala um idioma cheio de "rrrr", não consegui identificar de onde são, mas, quando passam nas barcas, acenam satisfeitos para os transeuntes que cruzam as pontes.

Aveiro nos domingos de verão é uma aula de turismo à céu aberto. 
Té amanhã, fiquem com Deus.  



  

4 comentários:

  1. 1º Quando eu crescer quero ser igual a você! como escreve bem!!! muito bem!!! sobre o domingo o meu quando não estou com quem gosto é um tedio, tenho ate dor de cabeça, mas também não tenho paciência pra balada (e como você diz me arrumar pra niguem!) acho que envelheci antes do tempo!

    um abraço cordial!
    te mais!

    ResponderExcluir
  2. Gosto do domingo pra dormir bem muito! pra sair prefiro o sábado. Gosto de ir ao shopping com as meninas ou a noite ir ao cinema ou barzinho (comer camarão) com Mosedo, Gosto tb de ir a shows. Mas não tenho feito muito esses programas por causa da grana curta! mas sempre que dá gosto de passear com Nido. Gosto de me arrumar, maquiar, fazer escova pra sair. Não tem nada mais melhor do que passear com as crianças. Tb acho legal qdo as meninas se aprontam pra sair com seus saltos imensos! Queria muito usa-los mais devido ao meu corpo um tanto qto avantajado, não aguento!kkkkkkkk! Só não tenho saco de ir pra balada que só tenha adolescente!
    Saudades

    ResponderExcluir
  3. Só faltou fechar o post com Saudades de hoje: Almoço de domingo com a família.
    ahahahah
    Abraços

    ResponderExcluir
  4. hehehe, valeu Guga! Gostei!
    Danilo, vc é um doce, obrigada pelos elogios. Tem coisas que não mudam nessa vida, né Vilma? eu sempre fui meio desligada.
    Beijos à todos.

    ResponderExcluir