sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Digam-lhe que fui ali: Ovar

Na última semana, o verão decidiu ir embora e o outono se cobre com folhas castanhas varridas pelas ruas por um vento assobiante. Conforme previsto pelos serviço de metereologia, a partir do domingo passado os aguaceiros se intensificaram na madrugada deste dia o vento era tão forte, que assobiava nos caixilhos das janelas, parecia filme de mal assombro. Já sabendo que a previsão de tempo em Portugal é ciência exata, na sexta passada, Luiza me interpelou a cerca de um passeio: "Estou farta de ficar em Aveiro". Olhei o mapa e os horários dos comboios e, dado ao exíguo orçamento de final de mês, pulamos num trem para Ovar. Há uns dias atrás ela esteve me mostrando umas igrejas com azulejos policromáticos daqueles que ela adora, chamando atenção que nessa cidade as igrejas tem esses ornamentos na fachada externa. Sábado de manhã, arranjamos nossas coisas, passamos na ótica para colocar um parafuso na haste do óculos dela, que havia se soltado desde a quarta-feira, e fomos. 
Ovar fica à 42 km de Aveiro e é uma cidade muito simpática. Além dos azulejos, tem também um famoso pão de ló, típico da região e um carnaval muito famoso, com escola de samba e tudo!
Igreja Matriz de S. Cristóvão
Chegamos por volta das 13hs, e logo próximo à estação no Largo Almeida Garret há um parquinho, parada obrigatória para Luiza brincar um pouco. Enquanto ela dava seus pulinhos, eu lutava com a torradeira (nossa máquina fotográfica) que teimava em não cooperar, completamente sem foco. Já estava me desesperando, quando me descuidei e a danada foi ao chão. Com o coração aos pulos, achando que era o fim da fiel companheira, quando tornei a liga-la, não é que o a queda consertou o foco?! Assim, deu para fazer umas fotografias do lugar.
Largo Almeida Garret - Ovar
Logo apareceram mais três crianças e a brincadeira animou. Interessante, que mesmo tão próximas, as pessoas são tão diferentes. As crianças em Ovar logo se relacionam com as outras e todos se tornam amigos, diferente de Aveiro. Até os adultos são mais receptivos.

Somente quando a fome apertou é que consegui interromper a brincadeira com promessas de voltar mais tarde.  Almoçamos vitela com batatas em uma cantina proximo a Igreja xxx. Enquanto esperávamos os pratos, acompanhei a discussão animada sobre futebo entre cinco idosos. Pareceu-me que apenas um era adepto do Sporting e os demais defendiam o Benfica. Apesar de ser minoria, o senhorzinho conseguia com seus argumentos dominar a discussão. Depois, enquanto comíamos, discutiram os efeitos da pressão alta, isso também aos berros. Portugueses discutindo parece uma briga séria.

Fomos andar pela cidade, fazendo pausas nas inúmeras igrejas. Lindas essas capelinhas distribuidas  em todo o percursso. São sete capelas iguais, cuja estrutura inicia-se dentro da Igreja Matriz e termina na Capela do Calvário. Lembra o Oratório de Penedo (AL).
Capela do Passo do Encontro
A foto não ficou um ouro 18, pois nessa rua passa carro e eu quase fui atropelada e Luiza já ia lá na frente, acabei me atrapalhando. Como são sete capelas, dava para ser uma para cada uma de minhas irmãs e uma para mim! A cidade é cortada pelo rio Cásper e há algumas pontes charmosas pelo caminho. Apesar de haver consultado o site oficial da cidade, que informava que os atrativos turisticos estariam em pleno funcionamento, demos com a cara na porta em vários deles. No Centro de Arte, onde fomos para encontrar o Museu do Azulejo, dois rapazes simpáticos (desculpem lá, mas é coisa rara em Portugal) nos deram uma cartografia (mapa) da cidade, e fomos ver a fonte de Netuno e os paineis da câmara.
Fomos também ao Museu Júlio Diniz, que estava... fechado! Na porta, um grupo de espanhois reclamavam da informação desencontrada. Nós conhecemos Júlio Diniz daquele livro do qual ele é o autor "As pupilas do Senhor Reitor", que lemos à força na educação básica nas aulas de literatura. A casa é bem bonita, mas linda mesmo é a praça do Largo 5 de Outubro. Uma praça só de rosas, de todas as cores. Lamentei não ter vindo visita-la na primavera. Mas, ainda assim, o cheiro é indescritível!

Cansada de tanto andar, Luiza queria ir a um café. Já está se acostumando com essa coisa de "ir ao café", está quase uma portuguesa! Passamos por diversos cafés, até que encontramos um bem simpático. Pedi um café e um pão de ló, e Luiza pediu alguma coisa com fiambre dentro e uma cola (aqui se diz assim e não "coca"). Observando os frenquentadores da casa, achei estranho: eram todas mulheres e bem idosas, e nos olhavam fixamente. Aprendi que quando não queremos ser observados é só devolver o olhar com insistência. Isso acaba intimidando o olhador", que lhe deixa em paz. Fiquei rindo comigo mesma, pois na casa a média de idade parecia ser 70 anos. Mas, não disse a Luiza o que estava pensando porque se não ela não hesitaria em dizer em alto e bom som; "é mãe, aqui só tem velha!" Eu morreria de vergonha. Conheço meu gado!

Na saída, passamos no parquinho para mais uma rodada de brincadeiras. Promessa é dívida.
Foi divertido, é uma linda cidade, com lindas pessoas. Apesar de ter um imenso potencial turistico, Portugal ainda precisa "comer muita farinha" para se consagrar como um destino turístico respeitável. As cidades pequenas, que não fazem parte do roteiro oficial são encantadoras. Infelizmente, o mercado não está preparado para receber o visitante, pois a estrutura de serviços é muito refratária à mudanças. Como é que pode fechar tudo no final de semana nesse tempo de crise? Falta profissionalismo, apesar de ser as gentes mais amáveis que tive o prazer de conhecer. 

Té manhã, fiquem com Deus.

PS: Não consegui colocar as fotos da fonte, nem da Praça das rosas. Hoje a Meo está querendo ser a Velox, de tão ruim. Essa fotos que entraram neste post foi com a rede da UA. Fica a dívida!
PS: A tal igreja com azulejos policromáticos fica em uma aldeia próxima, mas que é outra paragem do comboio. Como já estava anoitecendo, não fomos. Fica para a próxima vez!

  

Um comentário:

  1. Que lindo passeio! Pena que não saíram as fotos das igrejinhas, eu já ia escolher uma pra mim! Eu também adoro azulejos, pois as combinações de desenhos são muito inteligentes e bonitas; coisas de árabes, né? Beijos e saudades de vocês.

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