sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Fumo

"Nunca houve uma mulher como Gilda." E na minha singela opinião, Rita Hayworth é a mais linda do cinema. Quando voltamos a vê-la na pele da Gilda constatamos que Beyoncé é uma coitada. E quando nos deparamos com os espectros nas passarelas do mundo fashion ficamos na dúvida se quem veste aquela moda não são cadáveres vivos. Rita Maravilhosa, mas sempre envolta em uma cortina de fumaça. É, a perfeição não existe.
Naquela época  fumar era chique. As mulheres glamourosas eram vistas com suas luvas 7/8 e longas piteiras. Pode até ser uma imagem sensual, mas o cheiro do cigarro é horrível. Impregna na roupa e no cabelo. O fumante, já com a capacidade ofativa reduzida, nem sente. O sorriso amarelo é característico do fumante, pois a nicotina destrói o esmalte dos dentes, além das terríveis manchas castanhas, que as poucos vão tomando o lugar do que seria a curva mais bela que faz qualquer ser humano bonito. E o hálito? Não adianta disfarçar com pastilhas (rebuçados) de menta e afins: o "aroma" pernicioso do cigarro está lá, indestrutível. Segundo nosso amigo Carlinhos (que já foi fumante), beijar um fumante é o mesmo que dar uma lambida num cinzeiro. Não vou falar que o tabaco mata lentamente, que causa cancro disso ou daquilo, pois aí é chover no molhado e vocês já estão carecas de saber que tudo isso acontece. E fumar é uma questão de opção.

Me impressiona muito esse vício em terras portuguesas. Quando chegamos, ainda no aeroporto de Lisboa, levamos um choque dessa dura realidade: nas zonas de livre comércio, as lojinhas vendem pacotões de cigarros, marcas muito conhecidas à preços bem acessíveis. Contudo, em aeroportos, shoppings e teatros, fumar é proibido e muitos desses ambientes são equipados com sensores de fumaça (fumo). Quem insistir, pode pagar um mico público. Porém, o pior está nas ruas. Hoje, ao atravessar o campus para uma reunião, tive que passar num caixa eletrônico para arranjar alguns cobres para o almoço. Terminada a operação, percebi que havia uma jovem à espera. Grávida. E fumando. Aquilo me revoltou. Olhei bem para a cara da rapariga (no sentido nordestino) e para o cigarro nos dedos da sujeita. Ela ficou tão embaraçada, que escondeu a mão nas costas. Segui o meu caminho pensando no pobre bebê (ou bebé) na câmara de gás.  Adolescentes e jovens, de ambos os sexos não dispensam o cigarrinho. Fumam em qualquer lugar que não seja expressamente proibido. No final do ano passado, estivemos no Porto, e fomos cumprir uma obrigação turística: comer a francesinha. Já contei essa história aqui mesmo: uma menina arrumadinha sentou-se numa mesa atrás da nossa e fumou cigarros sucessivos. Em um ambiente fechado e destinado à alimentação é, no mínimo, falta de educação, ainda que seja permitido. De modo geral nas ruas não encontramos lixo, mas pontas de cigarro não faltam. Nesse período de agosto-outubro os incêndios são constantes na vegetação seca e de baixa humidade (aqui se escreve com 'h') do ar. Não me espanta se metade desses "acidentes" não seja causados por fumantes descuidados que atiram em qualquer lugar as sobras de seus vícios. Por parte do Governo não vi ainda uma só peça publicitária ou qualquer campanha para reduzir o tabagismo. Parece que prezam mais pelos 50% de impostos ao cigarro do que a saúde. Talvez gastem menos para tratar e enterrar esse povo suicida. 

Na Espanha, a legislação apertou o cerco e proibiu o fumo até na praça de touros. http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2011/01/espanha-proibe-cigarro-em-locais-publicos.html . Lembro-me que nesta época, as cidades próximas da fronteira tiveram um acréscimo no movimento, principalmente nos finais de semana e feriados, pois os espanhois vinham fumar, beber e comer, nessa ordem. Parece-me então, que proibir não adianta. É uma questão de educação ou de um choque de realidade. É possível ganhar do vício? Casos bem sucedidos de pessoas que viram a luz e abandonaram o tabaco são inúmeros. Não é fácil, mas não é impossível. Quem investir nessa mudança de programa sofre com crises de abstinência, pode até engordar um pouquinho, mas certamente a melhoria na qualidade de vida é garantido. Até mesmo aquele cheiro desaparece, pode até deixar um sutil cheiro de rosas nos papéis que o ex-fumante toca.

Como diria meu amigo Dimas: "o homem é o único animal que engole fumaça." Se os apelos para abandonar o vício são insuficientes, entenda-se como uma estratégia de enfrentamento à crise: corte a despesa do cigarro e poupe o seu dinheirinho, seu pulmão, o nosso pulmão e a minha paciência, se faz favor!

Saudades de hoje: de Rita. Nunca imaginei que ela conseguiria dar à volta ao cigarrinho.

Té amanhã, fiquem com Deus.  

   
 

2 comentários:

  1. Obrigado, menina Anna, por lembrar de minhas "tiradas filosóficas" e da capacidade por nomes peculiares em pessoas.Continuo o mesmo, he,he,he...
    Um graaaaande abraço,

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  2. Wow, Menino Dimas! Aproveitamos um bocado aqueles tempos. Às vezes me lembro das nossa molecagens na idade adulta com muita saudade. Abraços.

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