sábado, 31 de dezembro de 2011

Tudo novo de novo

Pronto, então hoje é 31 de dezembro de 2011. E pedindo título e verso emprestado a Paulinho Moska, "vamos começar colocando um ponto final." Quem já viveu quase 40 vezes essa data, começa a olhar com perplexidade como as coisas podem se repetir. A mesma festa, o mesmo frango na farofa, a mesma maquiagem carregada que não se usa no dia-a-dia, a mesma roupa branca que depois da festa vira farda no hospital. Antes que vocês digam que eu sou adepta do Lunguismo (isso dá uma tese, pena que já comecei a minha!), confesso: esse é o meu segundo ano longe da família, e a saudade é imensa. ONatal, passamoscom a família de Francislê e Dayse, que nos juntaram aos seus agradáveis amigos da Igreja. Esse ano, tivemos um natal luso-franco-brasileiro. Na passagem do ano, Eu-Tony-Luiza de pijamas e pantufas, apesar da queima de fogos ser aqui do lado, o frio de 3 graus não nos anima a sair à meia-noite. Por outro lado, descontada a falta que nosso povo nos faz,   tem me dado um distanciamento metodológico para analisar as coisas de uma maneira menos emocional e mais divertida. 

Antigamente, tínhamos roupa nova para a festa de Natal e de "dia de anos". Crianças, tinha que ter, obrigatoriamente duas roupas. Me lembro dum vestido de marinheira que tive aos 6 anos. O meu era branco e azul escuro, o de Vilma, era vermelho e branco. Inesquecível esse vestido, pois foi com ele que passei mal na roda gigante e vomitei lá do alto, e foi tudo no cabelo da bilheteira... Tragédias de final de ano, que Ilma teve que contornar com toda a sua diplomacia, dizendo que eu também havia sido atingida, quando na realidade quem lançou a bomba de suco gástrico, sopa e seriguela parcialmente digeridas fui eu! O parque de diversões montado na Av. Santo Antonio tem suas histórias terríveis, mas era tradição, e ecomizávamos durante meses para ir "a festa".

Com o passar dos anos, fui percebendo que não adianta discutir e querer inovar, a tradição sempre ganha na mesa do Natal e do ano novo. Tem sempre o lombo nevado de Mahria, a salada de bacalhau de Vilma, o strogonoff de Izabel (o único prato que ela sabe fazer e é sempre o primeiro que se acaba), o jacaré (um bolo de carne) de Ilza, e o peru, que Ilma compra. Ilda faz a base (arroz, salada, massa). Eu, como fraude culinária, levo  caixas de sorvete (gelado) e Ilza apresenta uma torta de limão, que ela garante que ela mesma fez, mas que a embalagem tem a etiqueta do Estação Doçura.  

Frequentemente acontece a briga de casal. Sempre alguém mantém a tradição e se engalfinha com o marido/esposa em plena festa, e fica aquele mal estar generalizado. Para dissipar a onda de tristeza, um sobrinho e/ou um cunhado sempre conta anetodas ridículas, e tudo termina em sonoras risadas, auxiliados pelo teor alcoólico já elevado. No final da festa, quando os pais juntam as suas crianças adormecidas sujas e descabeladas e os jovens zarpam para outras baladas, fica sempre a pia repleta de pratos à lavar. A casa, que foi tão cuidadosamente arrumada e limpa parece uma praça de guerra, com sapatos de mulher e meias de criança por todo lado. Arrumar tudo de novo será a primeira atividade do ano novo, antes do famoso almoço R.O. (Resto de Ontem), quando voltarão as sobrinhas com restos de maquiagem escura nos olhos e os sobrinhos mortos de ressaca, contando ruidosamente "quem ficou com quem" na primeira festa do ano.

Nos dias subsequentes, haja paciência para aguentar aqueles cumprimentos absurdos: "como fosse de ano novo?!" Como FUI, se o ano apenas está a começar? Certo é Cid, irmão de Tony,  que dá um cumprimento generalizado porque não sobra paciência para os discursos repetidos de "muita paz, muito amor, muita saúde, que Nossa Senhora..." Reconheço que são boas vibrações, mas a repetição é chatíssima. Reinaldo me lembrou de outra perguntinha descabida dessas: "Onde vais passar o ano novo?!" Então, o inquirido responde: "Na casa da sogra!". O ano inteiro? Coitada dela. Pior do que isso só aquele ano que me vesti toda de preto, porque a tradição brasileira é vestir-se de branco, e inventei de beber uisque com Tevano. No outro dia, fiquei em casa e no escuro, assistindo um VHS de South Park. E foi a última vez que tomei alguma bebida alcoólica.

Pronto, vou terminar. Vou contato histórias que não acabam mais. E ainda tenho que fazer as minhas resoluções de ano novo, e me preparar para aquela inadiável dieta que prometo fazer todo 1º de Janeiro.

Fiquem com Paulinho Moska, que em 2012 aconteça tudo de bom que nos esforçarmos para fazer acontecer.



Até o ano que vem, fiquem com Deus!


  

4 comentários:

  1. Gosto de festas de final de ano! As ceias são tradicionais, mas é bom renovar! Esse ano vou ver a queima de fogos na praia de Boa viagem! Tem muitos shows por lá! é bom festejar a vida! boas vibrações para o novo ano!

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  2. Vi tem razão, tem-se que renovar, mas sinto muitas saudades das festas na Sto Antônio,tomando guarana champagne com bolo faixa branca nas mesinhas no Colunata, é mais velho que as suas lembranças aninha, depois em casa esperar a luz apagar...a gente n tinha com o que se preocupar além de passar de ano...Hoje a gente fica rezando , esperando que "as crianças" cheguem em paz da balada, que as coisas dêm certo no ano que está às portas...ou que pelo menos tenhamos tantas tristezas como no que passamos . Quero lhe informar que em nome da mudança,n faço mais lombo nevado...aprendi, varias receitinhas na Italia, que valem à pena serem testadas. Grata por lembrar de mim.Um beijão e Feliz Ano Novo!

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  3. Muito bem, meninas. Mas, vou dizer: estou com uma saudade imensa dessas coisas repetidas, tão características da nossa família e de muitas famílias brasileiras. Isso faz uma falta danada!
    Bjos!

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  4. Eu gosto das coisas de sempre. Pena que tem gente que sempre dá um jeito de azedar as coisas, com mau humor e picuinhas. Saudades sem fim de vocês. Beijos.

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