sábado, 3 de março de 2012

O circo

Já andava preocupada com o que fazer durante as férias de carnaval, pois, como vivenciamos em 2011, devidamente resgistado no post  http://digaasnovas.blogspot.com/2011/03/e-o-carnaval.html, o Carnaval português não é exatamente uma atração para pernambucanos.  E a bem da verdade, não somos de folia, apesar de termos nos conhecido no carnaval de Olinda. Preferimos nos esconder em uma praia com muito sol e águas mornas, num vilarejo de pescadores nos rincões alagoanos. Como a temporada portuguesa estender-se-á até meados de 2013, vamos aprendendo a viver no ritmo local. No carnaval, Aveiro é tal qual Garanhuns: os estudantes vão embora em alegre migração já na sexta-feira, e no final de semana chegam os turistas de todos os sítios da Europa, formando uma cacofonia alegre de sotaques e idiomas. Na sexta-feira a escola da Glória promove um desfile com os meninos, e Luiza foi de Sevilhana, animada para a atividade especial. Consegui negociar que ela usasse a mesma fantasia do  ano anterior, justificando os gastos com as atividades que fariamos durante o carnaval. Surpreendentemente, ela percebeu e aceitou repetir o disfarce sem qualquer confusão!

Luiza e sua maquiagem carnavalesca (aqui diz-se "maquilhagem"!)
No sábado, temos o desfile dos miúdos dos infantários (creches), muito lindos em seus disfarces de carnaval.
Desfile dos infantários: lindas princesinhas de chupeta!
E só. Felizmente, apareceu-nos a oportunidade de ir ao circo, que há muito tempo não íamos. Penso  que fui ao circo somente uma vez, apesar de no nosso tempo de molecagens, vivermos espreitando os circos através das lonas esburacadas. Na minha infância, no Magano, quando tínhamos a notícia que havia chegado um circo na cidade, era uma correria, um misto de euforia com temor, pois era preciso prender os gatos dentro de casa para que os meninos não os capturasse e trocasse os pobres bichanos por ingressos. Era preciso alimentar os esquálidos leões. Luiza nunca tinha ido ao circo, por falta de oportunidade mesmo. A atividade circense, arte familiar mundial, foi reduzida a quase nada após a tragédia do Circo Vostok. Em 9 de abril de 2000, o menino José Miguel dos Santos Fonseca Jr., de apenas 6 anos, foi devorado por leões famintos no intervalo do espetáculo do Circo Vostok, montado no estacionamento (parque) do Shopping Guararapes, em Jaboatão dos Guararapes, região metropolitana do Recife. A falha na montagem das jaulas somado aos maus tratos aos animais, sem alimentação há quatro dias, motivou a completa proibição de espetáculos com animais em Pernambuco. Nem Beto Carreiro entra em Pernambuco. A excessão do Cirque du Soleil, espetáculo de circo sem animais fica pobre, por isso, os circos desviam do nosso Estado. Ficaram apenas aqueles tão pobres que não tem meios nem para manter os humanos, quanto mais os animais. Outro dia, Luiza chegou em casa entusiasmada porque havia um circo montado na Cohab II, no pátio bem na frente da casa de Zé Carlos. Mas, se vocês vissem a condição do circo... fazia pena. A atração eram bodes dançarinos! Fiquei estarrecida quando ouvi anunciar por um carro de som (coisa de cidade pequena mesmo!) que a cantora Gretchen iria apresentar-se lá. Era a derrocada da "rainha do bumbum".

A oportunidade de vivenciar um espetáculo de circo veio com o Grande Circo Mundial. Às 16hs, após comprarmos os bilhetes a uma senhora muito enrolada com trocos, fomos em busca dos nossos lugares na geral equipada com cadeirinhas. A diferença das Cadeiras Central e da Cadeira Lateral era o preço, pois, a visualização do espetáculo era a mesma. Na entrada, tivemos que ficar numa fila para tirar fotografias com um sujeito vestido de Mickey, a que me neguei terminantemente. Era um Mickey muito decadente. Umas raparigas de libré tentaram nos dissuadir, mas, estavamos decididos a não nos deixar fotografar com o camundongo cover. O espetáculo começou com a apresentação dos Tigres, animais lindos e muito bem treinados. Depois, cavalos brancos maravilhosos e poneis de Amsterdã gordinhos e queridos. Apresentaram-se também umas raparigas com cobras enormes e crocodilos do Nilo, bichos pesados e  desobedientes, deram muito trabalho para voltar as respectivas caixas. Por fim, um hipopótamo enorme, que obedecia quando o treinador lhe dava pequenas frutas para mastigar na bocarra de dentes quebrados. As pessoas também faziam parte do espetáculo: equilibristas, dançarinas em arcos e redes e o fantástico homem bala. Muito divertido. Só não tinha mágico, e senti falta da Monga, mas isto deve ser coisa do nordeste brasileiro!

Ficamos satisfeitos, pois, em tempos de crise, o bilhete de adulto à 15 euros, e criança, 10, não é nada barato. Felizmente, não pagamos esse preço para ver bodes dançarinos ou estrelas pop decadentes. É um negócio de família, geradora de emprego e renda para uma grande equipe de multinacionalidades. Em tudo, há um custo para manutenção. Vale, sobretudo, pelos olhos brilhantes da criança, que levará a lembrança daquelas horas para toda a vida.
Luiza na entrada do Circo

Até amanhã,
fiquem com Deus.          

Um comentário:

  1. Antonio gosta de circo, principalmente dos palhaços. Ano passado esteve aqui na cidade um circo português, e a maior atração era o globo da morte, com cinco motociclistas de Las Vegas, um espetáculo perigoso e barulhento. Mas a carinha de admiração das crianças não tem preço, é muito bom fazê-las felizes. Beijos e saudades de vocês.

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