segunda-feira, 25 de junho de 2012

Regresso


Então, na última quarta-feira, regressamos. Fizemos alguns acertos para deixar tudo organizado para quando voltarmos em setembro. Graças à santa tecnologia não precisamos alugar ninguém para fazer nossos pagamentos, deixando tudo pendurado no débito eletrônico da CGD. Assim, quando retornarmos as contas estarão sob controle. Assim, na quarta pela manhã, Francislê e Dayse passaram lá na casota para nos ajudar com as malas e deixar-nos no Porto. Fomos cedo, pois não queria atrapalhar o dia de trabalho dos meus queridos amigos, e esperar por esperar, poderíamos fazê-lo no Aeroporto. Luiza sofreu um pouco, pois, por ansiedade teve insônia na noite anterior. Contudo, criança dá um jeito a tudo e acabou dormindo no meu colo no saguão do Aeroporto. Um lanchinho e uma revistinha da turma da Mônica ajudaram a passar o tempo mais rápido. Na hora do embarque fomos ao ritual do monitoramento eletrônico. Felizmente, as portas não cantaram, acusando-nos de portadoras de objetos perigosos. Andamos desconfiadas dessas portas, pois no sábado anterior, ainda em Aveiro, comprei um cinto na Lefies, e a funcionária não teve o cuidado de desmagnetizar o alarme e quando íamos saindo da Zara, a miserável da porta apitou. Pagamos o maior mico, tive que abrir a bolsa para descobrirmos que o alarme magnetizou um código de barras que havia na minha carteira! Felizmente, a funcionária da Zara foi muito delicada, apesar do grande constrangimento. Depois disso, Luiza atravessa as portas eletrônicas toda dura e sem olhar para os lados, como se a coisa fosse acontecer novamente. Bom, no aeroporto como é de praxe, deixamos nossos pertences nas caixinhas e no outro lado, a monitora nos apressava, impaciente.  Como era muita coisa e Luiza nessas horas nunca ajuda, fiquei catando os objetos, atirando tudo aleatoriamente na mochila de Luiza. Já na área embarque percebi que estava sem meu relógio. A probabilidade de haver esquecido nas badejas de monitoramento eram enormes. Fiquei triste, pois o reloginho foi minha primeira prenda de dia das mães. Velho e arranhado, só tem valor para mim. Mas, já era hora de embarcar, não dava mais tempo de ir procurar.

O voo de Porto-Lisboa leva apenas 40 minutos e é feito numa aviãozinho pequenino, 2x1 (dois assentos de um lado e um do outro). Quando procurávamos os nossos lugares, Luiza começou a puxar pela minha manga, com sua insistência característica: “Mãe, mãe! Olha, Pedro Abrunhosa está ali.” Disse-lhe que me deixasse encontrar o lugar e que sentasse de uma vez, enquanto a menina se torcia toda no assento para olhar para trás. Quando entramos no autocarro que nos levaria para o terminal de desembarque, Luiza se vira para trás, coloca o dedo quase no nariz do homem e tasca: “Mãe, ó! É o Pedro Abrunhosa!” Fiquei morta de vergonha e sai toda errada. Era mesmo o artista, famoso cantor português e jurado do programa Ídolos. Aeroporto tem dessas coisas e minha filha poderia ser mais discreta.

Daí foi uma corrida para chegar ao Portão 42 e comprovar a documentação na Imigração. O aeroporto de Lisboa é imenso e a paragem do autocarro poderia ser mais perto. Eram 15h31 quando desembarcamos no terminal e começamos a maratona de documentação numa fila interminável e multiétnica. Felizmente, o agente da imigração fez-nos poucas perguntas, conferiu os documentos e interessou-se mais pelo fato de Luiza estar estudando em Portugal. Perguntou-lhe qual o ano que concluíra, se gostava da escola, qual a disciplina que mais gostava, se tinha amigos. Carimbou nossos passaportes e nos mandou embora. Sair de Portugal é inifinitamente mais fácil do que entrar! Começamos a esperar num mar de brazucas vindos de todas as partes da Europa, predominando mulheres arrastando dois ou três filhos de várias idades. O embarque atrasou uma hora, um nadinha em relação ao mesmo voo do dia anterior que atrasou nada mais, nada menos que 10 horas, chegando ao Recife às 6 da manhã do outro dia.

Apesar de ser uma aberração administrativa, pois trata-se de uma empresa pública, a TAP oferece um serviço  bastante decente. Uma particularidade deste voo de tripulação masculina era a minoria absoluta de estrangeiros. Havia um ou outro perdido em meio a uma maioria de brasileiros em visita ou em retorno definitivo, em fuga da crise europeia. A travessia ocorreu sem maiores problemas, poucas turbulências na altura da Linha do Equador. Luiza brincou, escreveu, assistiu, desenhou. Apenas após Cabo Verde é que a menina decidiu dormir, mas não antes de eu fechar a cara para ela e mandar-lhe dormir de uma vez. Todos dormiam ou tentavam dormir, e a menina conversando? Tenha santa paciência.

Chegamos ao Recife às 21h05. E saibam: o Brasil está mudando, não é mais uma terra de ninguém. Há bem pouco tempo gato e cachorro entravam aqui com todos os direitos, tapete vermelho e banda de música. A Receita Federal está apertando, principalmente na comprovação das compras. Na noite anterior uma operação padrão da PF revistou TODAS as malas dos passageiros que vinham de Nova Iorque, com direito a cães farejadores e tudo. Foi um circo daqueles. Eu, já aprendi a passar nessas situações: passaporte meu e da criança, autorização de viagem da criança, cartões de residência em Portugal, declaração de vínculo da Universidade de Aveiro. Se me perguntam se tenho algum objeto de valor ou compras, digo logo: “Somos estudantes.” Os agentes da imigração mandam-nos logo ir passando, pois não vão perder tempo em revistar bagagem de estudante pobre aventurando na Europa, reservam sua criticidade para bagagem de turistas, é bem mais divertido provocar-lhes a confusão.

Nos Guararapes recebemos a canícula recifense, mesmo tendo passado das 22hs. Tony nos esperava, acompanhado com Tony Lucas e Moniquinha, casal amigo que nos acolheu por esta noite.  Estávamos com saudades desse burburinho quente e colorido que é o Recife, felizes por voltar.

Até amanhã, fiquem com Deus.

2 comentários:

  1. Ainda acho que você deveria ter tirado uma foto do Pedro Abrunhosa pra gente ver, e Luiza com certeza iria adorar! Beijos e bem vindas!

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  2. Nido conhece esse cara, colocou uma musica dele para eu ouvir! eu nao gostei! nao gosto da pronuncia portuguesa!

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