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Frontão da Sé de Viseu. Foto: A torradeira 2 e Eu! |
No final de semana passado, tivemos um feriadão. O Dia da República (05.10) caiu numa sexta-feira. Sempre gostei de feriadões, o problema é a sindrome pré e pós feriadão: ficamos ansiosos a esperar a folga bem vinda, e depois, ficamos cansados de feriar. Feriadões sempre resultou-me em queda de produtividade. Para quem não anda lá essas coisas, o caso é mais grave. Contudo, não foi nem pelo feriado que juntamos nossas coisas e fechamos o apartamento. Havia recebido uma notícia muito ruim de um amigo muito querido que atravessa um momento dificil. Quando disse a Tony, ele confessou que estava procurando uma maneira de me dizer que a situação não era confortável. Além disso, era véspera da eleição. Vinha me mortificando pelo fato de não ter ficado para votar no meu marido. Já pensaram se ele perdesse por um voto? Divórcio, na certa. De qualquer forma, ele não foi eleito, mas o fato de não está presente nestes momentos tensos, acabou comigo. Muito triste, fiz a reserva num hotelzinho e triste saí em lágrimas pelas calçadas para comprar os bilhetes do autocarro. Não há o que fazer de tão longe, senão orar.
Na sexta-feira, saímos depois das 13hs pois não havia autocarro mais cedo para Viseu, na região do Dão, à 89km de Aveiro. Nesse aspecto, não há diferença entre está em Aveiro ou em Saloá. Perdeu o carro, dançou. Coloquei umas coisas dentro da mochila e peguei Luiza pela mão, que saiu pulando como um pardal. Ela adora conhecer cidades novas. E se disser que vamos pernoitar em um hotel é a glória. A pequena consegue lembrar-se de detalhes dos lugares onde já ficamos. O ônibus chegou pontualmente às 13h35, diferenciando-se da nossa constante impontualidade. À bordo de um autocarro de dois andares, lotado de estudantes e militares, chegamos em Albergaria-à-Velha. Estranhei que quase todos desceram na pequena rodoviária. Descemos também. Somente na outra fila é que soube que "enlace" significa escala, ou seja, há uma mudança de autocarro. Aquele que estávamos, seguiria para o Porto. Acertamos porque fomos atrás do cardume. Contudo, ficamos em cadeiras separadas. Isso consumiu os nervos de Luiza, porque ela queria dormir, e ao seu lado estava um rapaz desconhecido. Enquanto eu olhava pela janela o controno da Serra da Estrela e o rodopio suave das hélices das torres de energia heólica, ela se emburrava. Chegamos às 15h e pouquinho em Viseu, e a menina estava com a cara tamanho de um bonde. Ninguém merece. Deixamos as coisas no hotel e fomos olhar a cidade.
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Parque da Cidade, Viseu. |
Já na saída do Hotel Avenida, um casarão antigo de hospedagem acessível percebi que Viseu, para além dos vinhos famosos, é a cidade das fontes e das flores. Há tantas que não dá para fazer delas ponto de referência. As rotundas são floridas, os passeios são floridos. Há ruas inteiras pontuadas de grandes taças de cobre cobertas de flores. E muito verde e tudo limpo, impecável. Já na praça da República, vizinha do hotel, há um lindo painel de azulejos, cuja fotografia postada no Facebook por Ilda me fez escolher esse destino. Do outro lado, à direita, temos a Igreja da Ordem 3ª de São Francisco e o Parque da Cidade, muito verde e muita história. No parque há uma capelinha dedicada a N.Sa. da Vitória, cuja primeira construção data de 1385. A visão dos cães a correr no gramado animou Luiza, que a esta hora já havia desfeito a tromba. Um pitstop nos balanços, e a menina já era outra. Fomos andando, acompanhado as placas que indicavam o centro histórico. Foi então que ela começou a se queixar que estava com fome. Fiquei enrolando e seguindo uma música que tocava não sei onde, com o argumento de que "onde há festa, há comida."
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Grupo tradicional |
Encontramos a música numa feirinha típica no mercado. Uma pausa para um lanche - ela pediu um pão com chouriço e uma coca-cola; eu, um café e um pastel de nata. O pãozinho dela não estava muito bom. O que vende na Pastelaria Os Aveirenses, em Cinco Bicas é melhor. Visitamos as barraquinhas e compramos umas pulseirinhas com o nome. Tentei ficar para ver as apresentações, mas, acabei desistindo. Passamos no Adro da Sé, junto à estátua de D. Diniz. Uma coisa engraçada desse trecho é que não sabemos se onde estamos é rua ou calçada. Como o piso antigo e preservado é todo igual, há trechos que o espaço dos transeuntes é marcado com grandes bolas de ferro. Em outros, há apenas uma linha azul apagado, bem no meio da via. Esse aspecto nos causou grandes risadas, pois quando víamos, o carro já estava bem aos nossos pés. Felizmente, os condutores são pacientes e educados, e ninguém anda a correr. Visitamos o miradouro, de onde se via o voo dos parapentes. Luiza logo se candidatou para ir. Eu disse logo: "Deus me livre, tô doida não. Tinha graça". Ela insistiu, e mesmo aceitando que a ideia era absurda, prometeu voltar e voar na companhia do pai. Quando eu ver!
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A lavagem das mãos na Fonte das 3 Bicas |
Já era final de tarde, umas 19hs, quando descemos para o hotel. Ainda passamos na Fonte das Três Bicas e lavamos as mãos numa agua geladíssima. Apesar dos turistas aproveitarem a fonte para encher as garrafinhas, não me arrisco a beber dessa água. Para mim, sempre há cocó de pombos e xixi (aqui escreve-se "chichi") de morcegos à disposição. Além disso, é muito miserê economizar 0,15 numa garrafinha de meio litro. Tenham dó.
Na descida, seguimos uma placa que indicava "Janela Manuelina". Luiza me perguntou: "Mãe, o que é uma 'Janela Manuelina'?" Sem a menor vaidade, respondi: "Sei não, Luiza. Mas, vamos ver o que é, pois está mostrando o caminho, deve ser algo importante." E a Janela Manuelina é isso:
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Janela Manuelina |
Quando chegamos ficamos olhando para cima. Mandei Luiza ir para perto para tiramos uma foto. Ela reclamou "Ô mãe, é só uma parede com uma janela!" Caímos na gargalhada, um casal idoso riu conosco enquanto Luiza dizia, numa voz gasguita: "cadê a porta? E entra pela janela? Dessa altura?" Saíram mais duas mulheres nas sacadas do prédio vizinho e riram-se das maluquices de Luiza. Com todo respeito ao valor histório, foi muito divertido.
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Luiza e a Janela, uma foto histórica! |
Descemos para a Praça da República, já estava escurecendo às 20hs. Procuramos um lugar para jantar e escolhemos a Pastelaria Capuchinho do Rossio, onde fomos atendida por uma linda jovem africana. Pedimos bifanas e sumo de laranja. Luiza não gostou, e pediu um bolinho de bacalhau, que também não estava lá essas coisas. Voltamos ao Hotel, cansadíssimas. Enchi a pequena banheira e coloquei a menina dentro. Foi quando descobri que havia feito a mala mais mal feita do mundo: esqueci o sabonete, o carregador do telemovel, o pente. O jeito foi banhar-se com esses horríveis sabonetes líquidos de hotel. Para completar, a água da ducha tinha cheiro de ferrugem. Era obrigatório o banho na pequena banheira, que mal me cabia sentada. Me senti um bebé de 11 meses. Que jeito? Melhor ir dormir para continuar o passeio na manhã de sábado.
Depois eu conto. Não me deixem esquecer de escrever um guia de sobrevivencia para viagens com crianças. Tenho aprendido muito nesses pequenos passeios.
Até amanhã, fiquem com Deus.
Divertir-se com o pensamento aperreado em outro lugar é bem difícil mas uma viagem assim ajuda a relaxar mesmo que a comida não seja lá do nosso inteiro agrado. vamos esperar o final da aventura!
ResponderExcluirPois,Ildinha.Não dá jeito ficar parado num canto. Tem gente que compra roupa, eu mudo de lugar.Beijinhoo!
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