terça-feira, 30 de julho de 2013

Lições do FIG - parte 2

Como todo julho é chuvoso, não como esperar um ambiente que não seja dominado pela garoa fininha e pelos indefectíveis guardas-chuvas chineses. Hoje em dia, poucos se dispõem a investir mais que 15 reais para adquirir uma sombrinha. Aliás, entre 15 e 20 reais era o preço praticado no comercio ambulante da JMJ, para proteger os "pelegrinos" mais sensíveis às chuvas do verão tropical. Quem tem TV ou acedeu à internet não escapou da espinhadinha compulsória às aventuras do Papa Francisco e o terror da segurança, nas pernadas do santo padre por terras tupiniquins. E atrás do gerente da Igreja católica, apinhava-se uma animada juventude. Já se foi o tempo em que "atrás do trio elétrico só ão vai quem já morreu". Nesse período, o Papa Chico deixou para trás as Marchas de Orgulho Gay e pôs o Galo da Madrugada no Chinelo. 1 milhão de pessoas é fichinha. O Santo Padre arrastou 3 milhões!

Então, nesta semana, passamos o tempo com um olho no padre e outro no show. Muita coisa boa aconteceu em Garanhuns durante o FIG, em que a cidade esteve repleta de turistas, apesar do trânsito absolutamente atravancado. Mais uma vez, tive a mesma impressão do sentimento descrito pelo Ronaldo César: acho que perdi muita coisa e que mais uma vez não cumpri o intento de visitar todos os pólos culturais. Não fui ao cinema, nem ao jazz do Pau-Pombo. Não fui ao Euclides Dourado, talvez desmotivada pelas críticas que ouvi a respeito da infra-estrutura precária deste ano. Passei voando pela praça da palavra e ainda não fui a galeria Ronaldo White, mantida pelo SESC. Esta, ao menos a exposição permanece até início de setembro, e iremos lá, junto com os meus alunos. É estou voltando para as salas de aula da FAGA, cheia de saudades e de boas expectativas. Espero continuar assim! Perdi muita coisa com medo da chuva, com receio da lama. E essas, não há mais como reverte. Perdi. Não se pode ter tudo. Na terça, ainda rranjamos um tempinho para ir a SBPC que ocorria no Recife. Fundamentada na teoria do Mano do Caetano, quando é que voltarei lá?  Como expositora de poster, acho que não mais, já dei a minha contribuição para a iniciação científica do Brasil. Já passei da idade, apesar de ter sido uma oportunidade boa para aprendizagens breves. 

A boa surpresa do festival foi o concerto dos Deolinda. Engraçado, foi o primeiro grupo musical com que me identifiquei em Portugal. Não tive oportunidade de ve-los lá, pois eles vieram cá. Me diverti muito com a confusão dos meus amigos com o português lusitano. Ouvir é um exercício que exige paciência e treino. Acompanhei emocionada a multidão a cantar  os poemas da Cecília Meireles e Florbela Espanca. Por vias da música, os poemas atingem em cheio a multidão. 

Um excelente festival, considerado por muitos artistas o maior festival multicultural da américa latina. É lamentável  a ganância dos comerciantes, donos de loja, hoteleiros e até mesmo dos ambulantes. No afã de multiplicar os lucros aumentam vertiginosamente os preços de produtos e serviços. Até "seu" Tom Cruise inventou de embarcar nessa moda de temportada. Atraída pelo cheiro adocicado do fruto, fui até o beco do vento e comprei uma saquinha de jaca por cinco reais. O miseravel do velho parece que havia visto as visas do meu passaporte e aumentou o preço da jaca proporcionalmente ao meu desejo. Desse jeito, vai ficar rico numa parada só e viver como artista de cinema. 

Estamos a escrever de Porto Seguro (BA). Conforme diria André Vagalume, achei pouco o tempo que passei fora e inscrevi um artigo num encontro nestas paragens. Para a minha surpresa, o artigo foi aprovado e a semana que vem, relatarei os causos da viagem na sessão "Digam-lhe que fui ali". Confesso que pensei que não iria relatar viagens nem tão cedo, mas, investigador é assim mesmo: são oportunidades para aprender mais um bocadinho.

Até amanhã, fiquem com Deus.

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