domingo, 11 de maio de 2014

dia da mãe e reflexões à perder de vista

Pronto. Então, me atrasei mais uma vez. Hoje, inventei de arrumar as coisas, e daí, perdi a hora. No domingo pela manhã, preciso ficar à mesa, ainda em pijamas para que a publicação seja feita no primeiro horário. 2014 é um ano, de alguma forma significativo, para nós. Após quase três anos fora, é o nosso retorno. Luiza mudou de escola, e já vai no 5º ano. Por isso, penso que foi este o meu último ano de festinha das mães na escola. Também, sou mais que veterana. Como minha pequena começou em fraldas na escola, são 10 anos de vida e 8 festas das mães. Só não são mesmo oito anos porque em Portugal faz-se as lembrancinhas, mas não tem as apresentações e comes e bebes na escola. Cada um faça a festa com sua mãe em particular. Aqui é tradição promover as apresentações e as festinhas, o que frequentemente põem as mães de cabelo em pé, pois nem sempre a escola tem a sensibilidade de promover o encontro numa hora possível para as mães trabalhadoras. Felizmente, a nova escola de Luiza neste pequeno detalhe e marcou a festinha para as 17h30. Tudo muito bom, tudo muito bem, para quem tem um cotidiano normal, o que não é o meu caso. Como estamos terminando (graças a Deus) um projeto de curso com o prazo mais que apertado para submissão e reconhecimento do CEE, temos enfrentado jornadas de trabalho estendidas. Na quinta, dia da festinha, cheguei da IES às 7h40, saí às 12h35. Almoçamos juntos, rapidinho lá na escadinha (um restaurante popular que tem na avenida Caruaru. A comida de D. Ana é excelente, o preço é acessível e é perto), e voltei às 13h20. Trabalhamos até às 17h, quando Luiza chegou para a carregar-me para a festa. Depois, voltei às 19h15 e caí na sala de aula até às 21h40. Ninguém disse que isso seria fácil, mas também não precisava ser assim. Cheguei esbaforida e descabelada na festa, pendurada no celular, acertando detalhes de assuntos de trabalho com a presidente da Autarquia, enquanto as outras mães exalavam bons perfumes e exibiam seus melhores modelitos. Não me importei, pois cada um sabe de seu cotidiano, e a festa foi muito legal. Lulu estava entusiasmada com a apresentação, embora já tenha feito números bem mais elaborados. Dividi a mesa com uma ex-aluna da FDG e uma jovem mãe que não conhecia. Apesar da boa localização, pareceu-me que a mesa era a sorteada para ser "caloria zero" pois o buffet nunca chegava até nós. Luiza foi se enchendo e abordou uma das garçonetes, cobrando atenção e salgados. As apresentações transcorreram muito bem e depois teve a preleção de um pastor, que não me lembro mais o nome. No final, já próximo das 18h30, houve um bingo. Ainda consegui completar uma cartela, mas, empatei com outra mãe. Na decisão, perdi por pontos. Não tem mal. Azar no jogo, sorte no amor. Já na prorrogação do meu tempo, serviram o lanche. Tudo lindo e gostoso. Comi uns doces e sai correndo, pois os meninos do 1º de Administração me esperavam, e já fazia quase um mês que eu não ia à turma, por causa dos feriados. Felizmente, são generosos e me esperavam, envolvidos com a distribuição do fardamento recém-confeccionado. Apesar do atropelo, tudo correu bem.

Das festividades, três coisas me chamaram muito atenção. Como sabem, Luiza mudou de escola e de credo. Saiu da escola católica para a escola evangélica. E como eu estudei todo o ensino fundamental (na época era primeiro grau) numa escola evangélica, em alguns aspectos, reencontrei pistas da minha história. Primeiro, o presentinho que a escola mandou foi uma linda proposta de interação: tecidos para que juntas, mamãe e menininha, confeccionassem um pano de copa. Começamos hoje, aproveitei e iniciei Luiza no mundo das costuras, dentro de minhas limitadas habilidades. Penso que vamos levar mais de um mês para conclui-lo, mas, vai ficar bem bonitinho. Um presente participativo, que visa promover a interação entre mãe e filho. Gostei muito. Depois, sobre as músicas que falam da mãe. Se vocês prestarem atenção na letra das canções, elas falam sempre de um ser perfeito, maravilhoso e abnegado. Enquanto a professora apresentava um vídeo com muitos corações, mamães e bebés e rosas, eu refletia que o modelo de mãe que ainda se propaga é muito cruel com a mulher que se divide no trabalho. Principalmente se for um trabalho intelectual, que consome física e mentalmente. Tenho conversado com muitas jovens mães, tentando sensibiliza-las para que fujam do estereótipo da mãe perfeita, abnegada, que renuncia a tudo pelos filhos. Primeiro, que a perfeição não existe. Depois, que sabemos que a culpa é inimiga da saúde mental. E sendo bem sincera: tem muita mulher que atribui a sua falta de coragem aos filhos para tomar as rédeas de sua vida. É muito mais fácil renunciar a tudo e jogar a responsabilidade para os meninos. Filho não impede ninguém de nada, até promove um pouco mais de juízo. Já abordei esse tema no post "Mulheres perfeitas", e luto contra a idealização do ser humano, pois a expectativa que se cria é injusta.

Por fim,   a preleção do pastor me trouxe uma discordância histórica que tenho com a interpretação evangélica de algumas passagens bíblicas. Digo histórica pois há mais de 30 anos que me questiono a história narrada em Lucas 10: 38-42. Trata-se daquela passagem que Jesus vai à casa de Marta, Maria e Lázaro. Aliás, parece-me que Jesus e os três irmãos eram bem amigos. E toda vez que Jesus chegava, Maria se aboletava aos pés do Salvador, para ouvir-lhe as boas conversas. Enquanto isso, a Marta se ferrava com o almoço, com a casa, com a cozinha. Quem conhece serviço de cozinha sabe que aquela azáfama não termina. Penso que a Marta estava tão de saco cheio com a folga da Maria que reclamou a Jesus, e ainda recebeu a seguinte resposta: "Marta, Marta, anda muito inquieta e se preocupa com muitas coisas. No entanto, uma só lhe é necessária. Maria, sua irmã, escolheu a melhor parte.” E eu, com oito, nove anos de idade ficava pensando: Maria é muito da folgada. E se todos trabalhassem, o serviço terminava logo e todos poderiam aproveitar a palestra de Jesus. Na verdade, nunca me agradei de gente escorona, e Jesus que me perdoe, mas nessa ele errou feio. Ou estava apenas tirando um verso. Pois, após tantos anos me reencontrei com a história e mantenho a minha opinião: cooperando, tudo é mais fácil de executar. E com os resultados partilhados, todos ficam felizes. 

Outra coisa que me chama atenção é a negação sistemática que os evangélicos fazem importância da mãe de Jesus. Mas, isso é tema para um outro post, pois é muito pano para as mangas.

Até amanhã, fiquem com Deus.
Felicidades com sua mãe, e seja um bom filho durante todos os dias do ano. De vez em quando, lave os pratos - sem ela mandar!

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