domingo, 12 de outubro de 2014

Correções, conclusões e decisões

Jardim da Cordoaria, Porto.
Durante a semana, gastei todo o meu tempo fazendo correções para a versão final. Isso me tomou um tempo danado, pois na euforia de concluir aquela sessão, nem me lembrei de pedir os exemplares que os professores do juri haviam lido. E pelo jeito, estavam bem riscadinhos. Desta forma, tive que consultar minhas anotações e tentar fazer jus às correções e observações muito bem colocadas. Li e reli a versão provisória, e já estava de saco cheio de tanto rever aquelas mesmas ideias. Na quarta-feira, mandei o pdf para gráfica (que voltou para mais duas correções: paginação e uma outra coisa lá que não me lembro). Foi a oportunidade que tive de ver a cidade, refazer o meu caminho de dois anos e alguns meses. Até então, não havia parado nem para pensar no que fazer em seguida. Cumprindo as formalidades da Universidade, não havia tempo nem para curtir o jat lag. Superei às custas de muita correria. Quando chegava a casa de Francislê, descia para o quarto de hóspedes e me jogava na cama. Só me acordava no outro dia, pela força do despertador para mais um dia de corrida maluca. 

No final da semana, estava quase louca. Quer me matar, me prenda numa rotina de repetições. Juntei três coisas na mochila, e depois de passar na gráfica para pegar os resumos e nos Serviços Acadêmicos para pagara minha dívida e receber meus papeis, me botei para o Porto. Simples, se não fosse comigo. Sempre há de haver uma complicação ou outra no meio do caminho. Saí da gráfica toda serelepe, nem conferi as cópias que recebi. Iria resolver uma pendência, e isso me bastava. Pois, por artes do destino, a gráfica errou no título da tese. Onde era "Comunidades de prática (...)" apareceu impresso "comunidade de prática (...)". O sujeito dos Serviços Acadêmicos olhou para minha cara, com nenhuma paciência e me perguntou: "É comunidade ou comunidades?" Respondi que era plural. "Pois, volte para a gráfica e mande fazer novamente. Isso veio errado." Putz grila. Voltar, mandar fazer novamente, receber esse negócio só na outra semana. E pior, passar o final me mortificando por causa do erro alheio. Tentei argumentar. O sujeito chamou o chefe. Felizmente, era bem mais razoável. Mandou-me falar com a chefe da Biblioteca. Se ela permitisse que a via impressa fosse com esse ERRO (engraçado como eles enfatizam a palavra ERRO), ele autorizaria o recebimento do material e a liberação da documentação. Fui, meio cega, à Biblioteca. Lá, uma senhora me atendeu muito gentilmente. Expliquei a situação. Ela fez-me garantir que a versão em CD estava correta. E estava. Liberou. Ligou para o sujeito dos SA, e lá vou eu novamente à Reitoria. Quando receberam os materiais que eu devia, me entregaram apenas a certidão. O diploma, depende da gráfica, da Reitoria, do Reitor, de Nosso Senhor no Céu. Apelei, dizendo que tinha urgência.  E o funcionário, muito cansado, afirmou que poderia ser emitido em uma semana. Ou duas. Ou um mês. E a urgência que solicitei? Sem urgência, o documento só será entregue em Maio. Conformei-me. E fui-me embora, certa de que a documentação irá render ainda muito trabalho.

Por do sol no Porto.
 Parcialmente resolvido o problema, graças a Deus e a razoabilidade das pessoas, fui. Hospedei-me num hostel, que atendia aos requisitos essenciais aprendidos com o pessoal do "Não conta lá em casa": tinha cama, água, chuveiro, porta, chave. E o mais importante de tudo: uma excelente internet.  O que mais me surpreendeu foi a temperatura. Fazia calor no Porto, em pleno outono, dava para andar de chinelos. Bati ponto nas livrarias, zanzei ladeira acima e abaixo até ficar de canelas doendo. À noite, como todos os gatos são pardos, ficava curtindo as notícias da eleição no Brasil e curiando a vida das pessoas. Apesar do tempo relativamente quente, as noites no hemisfério norte estão mais longas. Amanhece às 7 da manhã, o que faz da insônia uma companheira persistente e insistente. Se durante a semana, mal deitava e já dormia, nestes dias, vi o dia amanhecer pela sacada do sobrado antigo. Me diverti olhando os transeuntes pela sacada, lembrando do livro "O botão de rosa", de Maviael Medeiros. Quem sabe alguém não assustou-se, pensando que eu fosse um fantasma? Aproveitei esses dias de "eu sozinha" para pensar na vida. E cheguei a algumas conclusões. 

Na segunda pela manhã, voltei à Aveiro. Passei na padaria que frequentava para tomar um café. As funcionárias são as mesmas, perguntaram por Luiza. Quiseram saber de nós. Numa das mesas, encontrei a mãe de uma colega de Luiza, que me atualizou sobre os progressos das meninas. Trocamos impressões e saudades sobre nossas filhas. Aproveitei o caminho até a Universidade para rever meu caminho. Há um prédio sendo construído na rua que moramos. O prédio de alto padrão à frente das nossas janelas já foi concluído. No parque, prossegue a reforma. Estão construindo uma espécie de passadeira através da rua, ligando a Baixa de Santo Antonio ao Parque D. Pedro. Vai ficar bom. O problema
Reformas em Aveiro. Era a minha vizinhança.
da reforma é a demora. Quando morávamos lá, a baixa foi interditada para a reforma. São mais ou menos dois anos e sete meses de serviço, que caminha a passos lentos.

Na quarta-feira, despedi-me de meus amigos com os olhos secos. Aveiro desabava do céu numa forte chuva. A cidade que chore por mim. Dayse, de saída para um Encontro em Viseu deixou-me na estação. Meu compromisso era autenticar a certidão (já que deu bronca na emissão do diploma) no Consulado Brasileiro, para legalizar o documento,e, aproveitar para reencontrar a cidade dos meus encantos. Aproveitei meus dias em Lisboa para tomar algumas decisões para o futuro.

Porto e Lisboa. Conclusões e decisões.

Reflexões à Portuguesa!

Até amanhã, fiquem com Deus.





4 comentários:

  1. Na capa da minha tese tive i mesmi problema que o seu. So que nao aceitaram com erro e tive que mandar refazer as 11 copias

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  2. Imagino as repetições do dia a dia como aquele filme do Adam Sandller, a mesma coisa toda manhã... deve ser o O! Imaginei o quarto do Hostel como algo pequenino, mas quem precisa de espaço estando só? O bom de tudo é mesmo a NET, muito rápida em Portugal, e fico tbém pensando em fantasmas... se é que eles existem... penso quantas daquelas pessoas com quem interajo seriam espirituais, e a gente nem dá conta que são?kkkk Tbém adorei Lisboa, espero poder revê-la em breve, e tenho plano , se Deus (e a TAP n aprontar, como vc diz) permitir. Mas o melhor é fechar mais uma janela da vida para que outras portas possam se abrir. Boa sorte, bom trabalho, parabéns!

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  3. Muito muito bom. Este texto das venturas e desventuras de uma recente DOUTORA está sublime! Como tu escreves lindo! Um beijo!!!! Grande!!!!

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  4. Parabéns Ana pela sua conquista. Acompanhei todo o seu esforço aqui pelo blog. Adoro também como você escreve, seus textos são maravilhosos.

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