domingo, 26 de outubro de 2014

Sim ou não? Ou: de como a tolerância é o exercício mais difícil do mundo

Finalmente, após três meses de acusações, mentiras e promessas, de parte a parte, finalmente chegou o dia da eleição. É certo que isso não acaba por aqui, mas, pelo menos, haverão outros fatos sociais para se discutir. O cenário político já há muito desgastado, consumiu toda a nossa paciência. E a falta de modos dos intervenientes nas redes sociais a certa altura, exaspera. Houve ocasiões que estive olhando as páginas dos companheiros portugueses, pois as dos amigos brasileiros era uma repetição de agressões, tanto desrespeito que chegava a enojar. É certo que a política na rede rende boas  ideias. O brasileiro é bem criativo e desenvolve tirinhas engraçadas e espirituosas. Mas, na geral, é tudo muito mais do mesmo. Confesso que me decepcionei com alguns que eu até julgava pessoas que tinham um bom nível de construção intelectual. E isso não tem nada a ver com a opção por candidato A ou B, mas pela loucura dos posicionamentos extremistas, que transcende a qualquer parâmetro da razão. Como diria minha velha mãe "tudo de mais, é exagero", e quando o sujeito tem que se impor desse jeito, empurrando seu posicionamento "goela abaixo" de quem vier pela frente, desconfie. São as fragilidades que emergem e que não podem ser confrontadas. Há casos claros que deveriam ser encaminhados para o serviço de saúde, e do jeito que vai, a psicologia e a psiquiatria são as profissões mais promissoras do futuro. Há casos que causam pena. E outros, que dá vontade de torcer o pescoço e receitar uma camada de pau. Mas, como não existe licença para isso, o jeito é ir levando, fazendo de conta que não viu, ou dando risada. Rir é mesmo o melhor remédio. E às vezes, o único.

Neste cenário caótico, tipicamente brasileiro, me deparei com um tipo de pessoa que tenho me esforçado heroica e bravamente para suportar. Na minha singela percepção de observadora dos inquilinos que Deus colocou neste mundo eu me esforço para entender os "em cima do muro". Sabe aquela gente que não é carne, nem é peixe; não é céu, nem é mar; não é sal, nem é açúcar? São aquelas pessoas amorfas, que você não sabe com quem está lidando, que não se define? pois, dessas criaturas, eu tenho até medo. E olhem que eu sou uma pessoa que não tenho lá muito medo de gente.  Mas, estas, são particularmente perigosas porque elas têm a habilidade de se mimetizar nas situações, e se transformar no ambiente, favorecendo-se de acordo com a maré. Sendo mais clara: são pessoas que  não podemos contar com em situação nenhuma da vida, pois elas se quebram por qualquer coisa, pois, pensam primeiro no próprio bem estar, depois, o resto, que se exploda. Independente da situação, seja no trabalho, na escola, até mesmo nas relações pessoais, corro dessas pessoas que não defendem seus pontos de vista, pois elas dependem da definição do ponto de vista dominante para extrair benefícios pessoais da situação. São pessoas escorregadias, acometidas pela síndrome da Diana, sabem, do pastoril? "Sou a Diana, não tenho partido..." Em certas ocasiões da vida, não há como não ter definições. Ou é contra, ou é a favor, não há meio termo. Mais ou menos não tem credibilidade. É melhor mudar da água para o vinho do que ser uma sangria, que nem embriaga, nem mata a sede.  

Então, nestes dias, tenho tentando exercitar a tolerância (do latim tolerare, sustentar, suportar). Seja como uma expressão da evolução pessoal ou do amor ao próximo, conforme nos ensinou Nosso Senhor, tolerar as diferenças e aceitar os outros conforme eles são é uma batalha diária. Outro dia, a troco de nada, fiz um comentário em rede que me rendeu umas boas lapadas virtuais. E parece que ganhei uma oposição de pessoas bem próximas, as quais considero bastante, mas que pelo jeito, a recíproca não é verdadeira. Infelizmente. Já pensei em tirar a história a limpo, mas considero a situação tão ridícula que, no momento seguinte, sinto-me absolutamente imbecil em ter que me dispor a isso. Melhor aplicar o ensinamento do Mestre Zeca Pagodinho: "deixa a vida me levar", e esperar para ver aonde isso vai chegar. Se é que chega em algum lugar. Aceitar as pessoas tal como elas são é a melhor maneira de não capitalizar aborrecimentos. E eu já estou grandinha para saber que quem escreve o que quer, pode se fazer entender ou não. A escrita é minha, mas a interpretação é do  leitor. Além disso, eu já passei da idade de ter a ilusão de que quatro dedos e um teclado poderiam mudar o mundo.

Até amanhã, fiquem com Deus. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário