segunda-feira, 2 de março de 2015

"Finalmentes"?


Pronto. Então, mais uma vez me enganchei no final de semana e não passei  por cá. Agora, que estou esperando chegar a hora de encontrar a turma de projeto, calhou de encontrar o computador vazio e a cabeça mais vazia ainda: temos serviços de pintura na vizinhança da sala onde trabalho e, eu sempre fico meio grogue com esse cheirinho. Aliás, nunca me afinei às drogas pois qualquer coisinha já me afeta o equilíbrio. Uma criatura que fica dois dias sem enxergar direito quando fazia exame de vista com atropina, que dorme como uma pedra com qualquer passiflorine, pode ter uma overdose só de sentir a fumaça de cigarro. E esse cheiro de tinta está me fazendo trocar letras. Mas, não se pode desperdiçar uma hora, então, vamos lá.

Durante a semana, Tony chegou todo animado em casa, dizendo que iríamos ao baile de formatura de Matheus. Perguntei logo que dia seria, pois, não fomos à colação de grau porque chocou com uma reunião de trabalho. Gosto de formaturas, mas já decidi que só vou a qualquer uma se houver alguém da família ou um amigo muito amigo entre os formandos. Em outro caso, só por convocação do empregador. Achei estranho pois o meu par foge de compromissos sociais aos sábados. O motivo? Ele se acaba no futebol durante o dia, e à noite, resta pouco para se aproveitado. Já me habituei a isso. O que poderia ser motivo de conflito, lá em casa é matéria resolvida. Além disso, todos sabem que considero festas uma atividade maçante. É preciso paramentar-se toda, calçar sapatos pouco amistosos e ainda manter aquele sorriso de comercial de margarina. Definitivamente, não me diverte. Mas, a esta formatura, quis ir. Primeiro, porque o formando é uma pessoa especial. Matheus é, de longe, um jovem incrível. Escreve como ninguém, é simpático, divertido e sem afetações. E, a despeito de sua idade, fala português, ao contrário dos garotos de sua faixe etária, que falam um dialeto incompreesível para quem já entrou nos 40. Então, enfrentei os paramentos e arranjei um sapato amistoso. E o sorriso foi sincero, pois gostei do que vi. A família (quase) toda reunida. Os pais do formando não cabiam em si de tanto orgulho. Foi bom de ver Neide a rodopiar suas músicas preferidas na pista iluminada. 

A formatura de Matheus lembrou-me do meu rito de passagem da graduação. Já faz muito tempo. E não tivemos festas, pois a nossa turma eram somente 6 formandos. Destes, 2 eram evangélicos. Tivemos uma foto num convite, tomei uma carraspana na aula da saudade (a última da minha vida, já que sou tão fraca para as drogas), fomos, depois de muita briga e discussão com o falecido diretor Luiz Tenório, à pulso para colação de grau. Na chamada solene, fomos eu, Cícero Dimas, Evaneide, Delmário, Geovane e José Ronaldo. Esse último era um pagador de disciplinas que foi acolhido a nossa "grande" turma. Tudo porque no ano em que fizemos vestibular, a UPE (na época era FESP ainda) decidiu "botar moral" nas licenciaturas e formou uma turma de Geografia com apenas 19 alunos. Destes, fomos os 6 sobreviventes. Não sei se isso voltou a acontecer ou foi só conosco. Tinha que ser comigo, não é, rapaz?

Pois bem, lembro-me também nítidamente da estranha sensação do "day after" da formatura. Se num dia o acadêmico é formando, cheio dos parabéns, no outro é desempregado. Eu mesma fiquei olhando assim para o mundo a me perguntar: "e agora?" O rito de passagem é apenas a abertura da porta para a batalha da profissionalização. No curso de Direito, essa sensação de estar perdido é um pouco menor, pois a graduação encaminha para o exame da ordem, e daí, o sujeito tem o que fazer. Nas demais, é começar o último período da formação, pois a depender da área, o mercado de trabalho é um desafio e a concorrência é enorme. Mas, quem tem competência, se estabelece e, penso que o meu sobrinho Matheus não ficará muito tempo a catar papel na ventania na seara da ala psi. Em todo caso, com a pouca idade, uma dose de dedicação, somado ao talento que ele já demonstrou possuir, será possível viver uns sete anos como bolseiro da CAPES. Ser pesquisador/professor não é de todo mau negócio.

Vou-me, que os meus 'clientes' já estão a chegar.

Parabéns pela conclusão, Matheus. E parabéns maior a Rita e Rocha, os pais, pois somente eles sabem dos sacrifícios diários para cumprir essa jornada de formação.

Até amanhã, fiquem com Deus.

  


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