domingo, 9 de agosto de 2015

Escolhas

""Se você tiver dinheiro para dois pães,
compre um pão e algumas flores."
(Aforismo Chinês)

Pronto, então, como diria o profeta Samuel; "Eis-me aqui!" Não vou nem desfiar desculpas. Em muitas ocasiões, não escrevi porque não tive vontade mesmo. Em outras, estava ocupada ou viajando. Sempre fui uma pessoa meio rebelde com as rotinas. Mesmo a mais prazerosas das ocupações me enfastiam se cai na rotina. Como diria Dante: "O inferno é a repetição". Pois, por isso mesmo acabei dando um jeito de fugir do que se repete, e deixei de assistir novelas. Se algum dia, aparecer algum enredo diferente, talvez eu volte. De certa forma, o tempo rende mais quando deixamos de ver tanta tv e de zanzar nas redes sociais. Se um link puxa outro, e no meio deles existem os jogos eletrônicos, acabamos por nos tornarmos reféns de uma distração. Com o nosso novo modelo de cotidiano, tive que reordenar as minhas prioridades. E assim, elegi a leitura de lazer, como bem classificou a professora Isabel Alarcão, como uma prioridade de meus dias. Mesmo com bastante trabalho na escola, menina adolescente para educar à revelia, casa, marido e cachorro, arranjo sempre umas horinhas para minhas leituras. E tenho realizado excelentes aprendizagens. 

O aforismo chinês era o preferido de Sofka Skipwith, cuja vida foi relatada pela neta no livro "A princesa vermelha". A personagem principal deste livro é a princesa Sofka Dolgorouki, cuja família perdeu a realeza na Revolução Russa de 1917. Sofka viveu uma infância de princesa, uma adolescência de exilada. Depois, entrou na idade adulta na Segunda Guerra Mundial, quando aderiu ao comunismo utópico, cujo regime havia destituído o poder de sua família. Foi rica, foi pobre, foi prisioneira. Trabalhou com Laurence Olivier em suas montagens teatrais. Morou em palácio, casa, sótão, casebre e cabana. Viveu a sua maneira, enfrentando preconceitos, desafiando modelos até os 86 anos, quando faleceu de insuficiência cardíaca, no norte da Inglaterra. Foi alegre, foi triste. Perdeu e ganhou. A leitura desta história de vida emprestou-me o ditado popular chinês, cuja sabedoria tem fundamentado as minhas escolhas. Já não me aperreio com coisa pequena. Tudo é possível resolver, desde que se disponha a isso. O único mal irremediável é a doença degenerativa, cuja existência justifica-se pela necessidade de lembrarmos da nossa fragilidade. Porque até a morte, no momento certo, pode ser um bom remédio. Contudo, enquanto temos margem, vamos manobrando, sabendo que "Toda escolha implica numa renúncia."  

Por isso, na última sexta-feira, arrumei o meu horário para assumir os compromissos da escola, e, pela manhã, aproveitei para pagar algumas contas, tomar um café e comprar algumas flores. É que o meu jardim é todo feito de pedras. E mesmo que eu não suporte topar com a pá e a picareta, posso cultivar a vida em vasos, além de que lutar com as plantas pode vir a ser uma excelente ocupação sem rotina, pois, nunca sabemos como essas coisas vivas podem se comportar. É um bom desafio. Hoje, parafraseando a minha querida companheira de trabalho Virgínia Spinassé, com quem tenho aprendido muito, já não quero nada além da simplicidade. Talvez, esteja entrando numa fase de "eu quero uma casa no campo" para fazer render a juventude que me cabe.

Até amanhã, fiquem com Deus.

2 comentários:

  1. Anna Cecilia, é bom ser lembrada por coisas assim! Obrigada. Cada dia tenho mais certeza que estou fazendo boas escolhas. Tomara que Deus continue me permitindo aproveitar bem esse momento!

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  2. È verdade, eu tenho uma amiga que diz: 90% dos problemas são picuinhas, ou outros 10% são problemas", e conhecendo minha amiga Virgínia Spinassé de longas datas, com certeza Deus sempre a iluminou. Ela sabe do que estou falando, quando parecesse perdido, Deus manda uma solução para ela.

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