domingo, 19 de junho de 2016

Investimentos

Então, ontem, eu, Luiza e Matheus comentávamos sobre a etiqueta social no whats app. Chegamos, dentre muitas conclusões que as pessoas agem no uso do aplicativo como se comportam na vida. Algumas perdem um pouco a noção de cabimento e do bom senso. Quem nunca esqueceu o aplicativo e lá para as tantas da madrugada, em pleno feriado, alguma alminha de Jesus achou que era o momento adequado para mandar-lhe um lembrete sobre algo que poderia ser facilmente resolvido no horário comercial normal? Como bom senso mandou lembranças, fiquei pensando em quê empregamos o nosso tempo.

Fui procurar no tio Google (o novo "pai dos burros") o significado da palavra investimento, pois, atualmente para mim, não perco tempo e não gasto tempo, eu invisto tempo. E, quando entramos  nos "enta" (quarenta, cinquenta, sessenta... Só sai se completar cem!) o tempo passa a ser commodities, produtos in natura de vida que se valorizam mais do que os produtos industrializados derivados dela, como o dinheiro, a fama e o poder. Sem coincidência nenhuma, vi umas fotos da companheira Virgínia em um congresso de Gestão de Pessoas, realizado em Recife, esta semana. Comentei que ela é "danada" porque não perde um encontro. Para a colega, aprender um pouco mais é um investimento profissional, que ela faz com grande entusiasmo. O valor de quem gosta de aprender e se interessa em ensinar o que sabe é um dividendo raro nestes dias. Na balança comercial das maioria das organizações públicas anda em déficit servidores que se disponham a realizar uma autoinvestimento, embora, é preciso reconhecer que falta a definição de uma política de formação continuada, e nem sempre que é agraciado com o investimento é uma real prioridade. 

Há inúmeros tipos de investimentos em vida que podemos fazer. Uns dispendem de mais planejamento, outros de uma redefinição de prioridades. Passar um  tempo maior com a família é um clássico da redefinição de prioridades, a ponto de ser um verdadeiro clichê. Também  não adianta querer passar um tempo maior, se não for com qualidade. Certas presenças tumultuadas é melhor uma ausência justificada. É melhor uma tarde-noite sem discussões e com diversão do que um final de semana com brigas, mesmo que seja num cinco estrelas. Trabalhar com o que gosta é fundamental para ter um bom rendimento. Não que esta escolha nos faça milionários ou refratários a aborrecimentos. Em todo lugar existem contextos e cenários desfavoráveis. O importante é não se deixar dominar por elas. E se levantar da cama para ir ao trabalho não lhe faz feliz é importante buscar alternativas: há pessoas que conseguem  compensar as chateações do serviço com outro serviço. Tenho um colega que como magistrado é um excelente professor. Outros conseguem dividir o tempo e compensar com a Igreja, a caridade, a jardinagem. Há um tipo sui generis que rompem definitivamente e vão procurar a satisfação no que as faz realmente feliz. Tive o imenso prazer de trabalhar com uma jovem que buscou seu caminho profissional. Fernanda Feitosa é uma jovem inteligente, que fez o curso de Direito bem direitinho. Quando terminou a graduação, investiu seu tempo na aprendizagem das técnicas de confeitaria. Criou uma marca e abriu uma empresa. Os negócios prosperaram às custas de muito trabalho. Hoje, Tia Nanda é uma marca solidificada no mercado regional. Fico muito satisfeita em acompanhar o seu sucesso e suas conquistas, pois são frutos de sua busca pessoal. Imaginem quantas vezes essa menina não ouvi a célebre frase: "vai deixar de construir uma carreira jurídica para ser boleira?" Pois, tem dado muito certo. Eu sou  além de consumidora, uma fã, pois me admiro em pessoas que constroem seu próprio caminho.

E nessa linha de investir em vida, outro dia, numa manhã de sexta-feira meio vaga, dei uma busca na internet, e num impulso, comprei mais um cão. Fiz o contato com o criador em Recife, através do OLX. Acertados preços, liguei para Tony, perguntando se ele não queria ir à final do Campeonato Pernambucano, que este ano calhou de ser no dia das mães. Estranhando o súbito oferecimento, ele aceitou e convocou Sandro Carrapicho para a empreitada. Então, informei que havia comprado o cão e que ele passaria na casa do sujeito para pegar a encomenda. Uma oferta como essa só podia ser uma bela de uma armação. Pois, lá para as 23 horas, Tony chega em casa com um dauschund trêmulo debaixo do braço. Durvalzinho é o novo morador da casa. Antes que se perguntem porque esse nome, é uma "homenagem" a Durval, jogador do Sport, que por sinal perdeu o jogo e o campeonato. O cãozinho faz companhia a Juju, que perto dele é uma lady inglesa. Vivo às voltas com o sequestrador de meias, e não há como receber revistas, pois quando o entregador joga pelo muro, baixa nele o Chico Picadinho, e a publicação vira confete. Anda assim, é uma festa. Tony anda trabalhando com um divórcio, cujo ponto nevrálgico é a posse do cão. O sujeito, um policial militar disse que não queria nada, que sairá do casamento com "uma mão na frente e outra atrás", mas não renuncia ao cachorro, até porque, nos últimos tempos, o pet era o único que ficava realmente feliz quando ele chegava.

Investi no cão, mesmo apertada das contas. Mesmo precisando urgentemente de um fogão, pois o nosso já tinha quase 12 anos de uso e estava completamente capenga. Comentei com a equipe de trabalho sobre a necessidade de adquirir um novo eletrodoméstico, mas que estava com as finanças esgotadas. Daí, a Profa. Rosa respondeu: "Está com o fogão quase sem funcionar e comprou um cão. Agora, eu quero ver você cozinhar num cachorro." Talvez a companheira não entenda, mas foi uma opção lúcida pela alegria, um investimento em felicidade. Às vezes é necessário transgredir a lógica e investir em afeição, que rapidamente se transforma em amor.

Até a próxima, fiquem com Deus.  
  

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