domingo, 20 de agosto de 2017

No caminho a caminhar: Lisboa

Luiza e o Elevador de Santa Justa, Lisboa.

Já era hora de pegar o beco e voltar para casa. 10 dias passam muito rápido, principalmente quando se está em lugares tão especiais. Então, depois do velho cafezinho, demos uma voltinha na Rambla, a tempo de ver os artistas que fazem as estátuas vivas chegarem aos seus pontos. Um espetáculo à parte: de um lado, um allien meio vestido de gente,  do outro, uma dama antiga, maquiada, com suas perucas de cachinhos, de leggin e top. Depois de comprar uma coleção de lápis e uma pulseirinha para Luiza, ainda passamos no Mercado Boqueria, antes de ir buscar as malas, no número 41 de Las Ramblas.  Fomos andando pelo meio do calçadão para chegar a Plaza Cataluña e pegar o aerobus para o aeroporto de Barcelona, terminal 1. Ainda deu tempo de ver o bebedouro do Barcelona, comemorativo a algum título do time de futebol mais conhecido do mundo e pisar no mosaico de Juam Miró, que até então não tínhamos visto porque só passávamos pelo outro lado da calçada. No aeroporto, aquela espera de sempre: primeiro para abrir o check in e finalmente, nos livrarmos da bagagem. Antes disso, ainda comemos sanduíches num café bem arrumadinho, enquanto olhávamos o desembarque. Depois, compramos água e chocolate e fomos despachar nossas malas. Estava somente com o identificador, e como havíamos comprado os tickets pela Ibéria, estava certa que deveria ir no guichê essa empresa. Mas, para o nosso voo, a gigante da aviação espanhola havia tercerizado, daí, tivemos que procurar o check-in da Vueling. Luiza desenrolou tudo num inglês bem arrumadinho. Eu fiquei do lado só mostrando os documentos. Ainda esperamos um pedaço bom, pois o nosso voo só sairia pelas 17h. Enquanto isso, olhávamos a vida alheia dos viajantes. 

O processo de embarque desse aeroporto é quase todo automatizado. Vocês só trocará uma palavra com um ser humano se quiser. Passamos nos guichês, imitando os demais, e seguindo a multidão, passamos no raio x das nossas bolsas de mão. Entramos na área de embarque, seguindo por um imenso corredor para encontrar nossas "puertas".  Quando autorizam o embarque, costumo chamar a minha pequena: "vamos pegar o beco", o que não deixa de ser verdade, porque temos que entrar naqueles corredores imensos que desembocam na aeronave. Na nossa frente iam duas figuras, dois caras muito brancos, com mochilas nas costas e uma peculiaridade: um deles estava descalço!

O sujeito descalço (e fedorento) no embarque para Lisboa

Dei uma tapeada e fiz a foto. É a prova de que o povo na Europa não está nem aí para como o sujeito se veste, se calça ou não. Fiquei rezando que nenhum dos dois sentassem ao nosso lado, pois estávamos com assentos separados. Os sujeitos quando se mexiam subia um cheiro nauseabundo de grude, suor e xixi. Ninguém merece uma companhia dessas. Felizmente, eu fui sorteada para a saída de emergência, entre dois executivos que mal se mexiam. E Luiza ficou entre um norte-americano gordo e uma senhorinha. Menos mal.

Chegamos em Lisboa pelas 20h. Como a cidade é temperamental, o tempo já estava diferente. Passamos os últimos dias em altas temperaturas, mas em Lisboa, o céu estava nublado e ventava um bocado. Pegamos o metro e descemos no Rossio. O bom  de chegar em Lisboa é a sensação de familiaridade. Antes de subirmos para nossos alojamentos lisboetas, paramos num restaurante ao lado da Estação Ferroviária do Rossio e batemos dois belos pratos da boa comida portuguesa. Luiza pediu bifanas com batatas fritas e eu, comi hamburgueres. Fomos muito bem atendidas por um jovem engraçado que, ao identificar-nos como brasileiras, sacou do vocabulário uma série de "valeu", "é top". Depois de bem alimentadas, fomos para o hostel. Instalado num casarão setecentista, o nosso quarto ficava no quarto andar, sem elevador! Quase morro para subir os oito lances dos quatro andares de escada de madeira, de degraus bem estreitinhos. Prometendo visitar o cardiologista quando voltasse, chegamos num quarto com uma cama de casal, uma varandinha com portas duplas, um duche apertado para tomar banho, uma pia, e só. O banheiro era coletivo, lá no final do corredor. Essas hospedagens são mais baratas e, apesar de não ter nenhum luxo, são seguras, limpinhas e cabem no nosso exíguo orçamento. Foi tomar banho e cair na cama. Me acordei no noutro dia, com a vida começando no Rossio. 
Restauradores, vista da varandinha do prédio antigo.

No outro dia de manhã, Lisboa continuava sob uma chuva fininha. Luiza disse que era para nos habituarmos ao nosso inverno tropical de Garanhuns. Pretendíamos ir à Belém, mas, acordamos tarde, acabamos andando pela Augusta, até a N.Sa. do Carmo e pegarmos um bonde errado e acabarmos em frente ao Cemitério de Martin Moniz. Depois de muita conferência, pegamos o bonde de volta, e ao avistar a Igreja de Santa Catarina, chamei Luiza para descermos no Chiado, bem atrás da estátua do Poeta. Fizemos uma parada obrigatória na Brasileira, onde tomamos um cafezinho - Luiza fingiu que tomou. Ela odeia café espresso -, e fomos zanzar na Bertrand, uma livraria obrigatória para nós, quando vamos a Lisboa. Adoro, tem tudo que você imaginar e vários idiomas. O problema é sempre o mesmo: com a grana curta, escolher não é nada fácil. Optei por um livro de Eça de Queiroz, um de José Saramago e outro de Agualuza. Luiza escolheu dois para engordar a lista dela, já quilométrica. Depois, fomos almoçar no Armazém Chiado e zanzar mais um pouco na Fnac. Já à noitinha, tomamos o metro - sobre a estação do Chiado, uma nota: aquela sucessão de escadas rolantes entrando chão a dentro me causam uma péssima impressão. Fui conversando bobagens para não registrar que estava sendo enterrada viva. Meu coração só volta ao normal quando chegamos na plataforma da estação. Seguimos para a Gare do Oriente, pois Luiza queria ir ao (shopping) Vasco da Gama, e eu precisava comprar uma mala para trazer as coisas. Compramos mais umas camisas para Tony e pegamos voltando para o Rossio. Para jantar, passamos no Pìngo Doce e compramos meio frango, batatas fritas e uma garrafa de suco de laranja natural: como nos velhos domingos quando morávamos em Aveiro. 
Acima, eu e Luiza no Chiado. Abaixo o quartinho do 5º andar do Guest House.
  Quando chegamos no Hostel, fomos informados que haviam nos mudado de quarto: agora estávamos no quinto andar! mais dois lances de escada, e ficamos instaladas no sótão. Mas, até que o quarto era bonitinho, apesar do banheiro ser completamente partilhado. Perguntei umas vezes a Luiza se ela queria ir ao banheiro, pois se quisesse, eu iria com ela, com medo de que alguma daquelas portas se abrissem e um meliante puxasse minha menina para o quarto. Duas fica mais difícil de atacar. Eu tenho assistido muito episódios de Law and Order SVU. 

No outro dia pela manhã, já não chovia, mas, estava friozinho. Luiza não quis descer para tomar café, fui sozinha a uma padaria que fica na esquina com o Theatro D. Maria I. Depois, fui andando até o Tejo, só para dá tchau. Na volta, comprei um pãozinho e um suco Compal e fui lutar com as coisas para acomodar tudo dentro das malas. A descida dos cinco andares com duas malas me fez duvidar que descendo todo santo ajuda. Cheguei ao rés do chão lavada de suor e com o coração na boca, reconhecendo que preciso urgentemente perder peso e melhorar a minha condição física. Pagamos o Aerobus em frente a fonte do Rossio e chegamos ao Aeroporto pelas 14 horas. Mais alguma espera e já estávamos voltando, no nosso voo de 7 horas sobre o Atlântico, aterrisando em Fortaleza. Daí, pegamos um voo da Gol para o Recife, sob uma chuva que me fez duvidar se realmente iria decolar. Chegamos em Recife pelas 2h da manhã, onde Tony já nos esperava após assistir o Jogo Sport X Atlético de Goiás. O Sport ganhou de 4 x 0 e quando chegamos, Boa Viagem estava às escuras, sem energia por causa da queda de árvores. Dormimos na Pousada Casuarinas, que chamamos carinhosamente de "Pousada dos gatos", pois na rua e na pousada há muitos felinos. 

Foi uma boa viagem. Temos absoluta certeza de que iremos fazer esse caminho mais vezes para descobrir novos aspectos, pois, foi uma breve passagem. Até a próxima!

Fiquem com Deus.

Um comentário:

  1. Foi uma bela viagem. Ainda bem que vocês não foram à Las Ramblas a semana passada.

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