Então, na última quarta-feira,
regressamos. Fizemos alguns acertos para deixar tudo organizado para quando
voltarmos em setembro. Graças à santa tecnologia não precisamos alugar ninguém
para fazer nossos pagamentos, deixando tudo pendurado no débito eletrônico da
CGD. Assim, quando retornarmos as contas estarão sob controle. Assim, na quarta
pela manhã, Francislê e Dayse passaram lá na casota para nos ajudar com as
malas e deixar-nos no Porto. Fomos cedo, pois não queria atrapalhar o dia de
trabalho dos meus queridos amigos, e esperar por esperar, poderíamos fazê-lo no
Aeroporto. Luiza sofreu um pouco, pois, por ansiedade teve insônia na noite anterior.
Contudo, criança dá um jeito a tudo e acabou dormindo no meu colo no saguão do Aeroporto.
Um lanchinho e uma revistinha da turma da Mônica ajudaram a passar o tempo mais
rápido. Na hora do embarque fomos ao ritual do monitoramento eletrônico. Felizmente,
as portas não cantaram, acusando-nos de portadoras de objetos perigosos.
Andamos desconfiadas dessas portas, pois no sábado anterior, ainda em Aveiro, comprei
um cinto na Lefies, e a funcionária não teve o cuidado de desmagnetizar o
alarme e quando íamos saindo da Zara, a miserável da porta apitou. Pagamos o
maior mico, tive que abrir a bolsa para descobrirmos que o alarme magnetizou um
código de barras que havia na minha carteira! Felizmente, a funcionária da Zara
foi muito delicada, apesar do grande constrangimento. Depois disso, Luiza
atravessa as portas eletrônicas toda dura e sem olhar para os lados, como se a
coisa fosse acontecer novamente. Bom, no aeroporto como é de praxe, deixamos
nossos pertences nas caixinhas e no outro lado, a monitora nos apressava,
impaciente. Como era muita coisa e Luiza
nessas horas nunca ajuda, fiquei catando os objetos, atirando tudo
aleatoriamente na mochila de Luiza. Já na área embarque percebi que estava sem
meu relógio. A probabilidade de haver esquecido nas badejas de monitoramento
eram enormes. Fiquei triste, pois o reloginho foi minha primeira prenda de dia
das mães. Velho e arranhado, só tem valor para mim. Mas, já era hora de embarcar,
não dava mais tempo de ir procurar.
O voo de Porto-Lisboa leva apenas 40
minutos e é feito numa aviãozinho pequenino, 2x1 (dois assentos de um lado e um
do outro). Quando procurávamos os nossos lugares, Luiza começou a puxar pela
minha manga, com sua insistência característica: “Mãe, mãe! Olha, Pedro
Abrunhosa está ali.” Disse-lhe que me deixasse encontrar o lugar e que sentasse
de uma vez, enquanto a menina se torcia toda no assento para olhar para trás. Quando
entramos no autocarro que nos levaria para o terminal de desembarque, Luiza se
vira para trás, coloca o dedo quase no nariz do homem e tasca: “Mãe, ó! É o
Pedro Abrunhosa!” Fiquei morta de vergonha e sai toda errada. Era mesmo o
artista, famoso cantor português e jurado do programa Ídolos. Aeroporto tem
dessas coisas e minha filha poderia ser mais discreta.
Daí foi uma corrida para chegar ao Portão
42 e comprovar a documentação na Imigração. O aeroporto de Lisboa é imenso e a
paragem do autocarro poderia ser mais perto. Eram 15h31 quando desembarcamos no
terminal e começamos a maratona de documentação numa fila interminável e
multiétnica. Felizmente, o agente da imigração fez-nos poucas perguntas,
conferiu os documentos e interessou-se mais pelo fato de Luiza estar estudando
em Portugal. Perguntou-lhe qual o ano que concluíra, se gostava da escola, qual
a disciplina que mais gostava, se tinha amigos. Carimbou nossos passaportes e
nos mandou embora. Sair de Portugal é inifinitamente mais fácil do que entrar!
Começamos a esperar num mar de brazucas vindos de todas as partes da Europa,
predominando mulheres arrastando dois ou três filhos de várias idades. O
embarque atrasou uma hora, um nadinha em relação ao mesmo voo do dia anterior
que atrasou nada mais, nada menos que 10 horas, chegando ao Recife às 6 da
manhã do outro dia.
Apesar de ser uma aberração
administrativa, pois trata-se de uma empresa pública, a TAP oferece um serviço bastante decente. Uma particularidade deste
voo de tripulação masculina era a minoria absoluta de estrangeiros. Havia um ou
outro perdido em meio a uma maioria de brasileiros em visita ou em retorno
definitivo, em fuga da crise europeia. A travessia ocorreu sem maiores
problemas, poucas turbulências na altura da Linha do Equador. Luiza brincou,
escreveu, assistiu, desenhou. Apenas após Cabo Verde é que a menina decidiu
dormir, mas não antes de eu fechar a cara para ela e mandar-lhe dormir de uma
vez. Todos dormiam ou tentavam dormir, e a menina conversando? Tenha santa
paciência.
Chegamos ao Recife às 21h05. E
saibam: o Brasil está mudando, não é mais uma terra de ninguém. Há bem pouco
tempo gato e cachorro entravam aqui com todos os direitos, tapete vermelho e
banda de música. A Receita Federal está apertando, principalmente na
comprovação das compras. Na noite anterior uma operação padrão da PF revistou
TODAS as malas dos passageiros que vinham de Nova Iorque, com direito a cães
farejadores e tudo. Foi um circo daqueles. Eu, já aprendi a passar nessas
situações: passaporte meu e da criança, autorização de viagem da criança,
cartões de residência em Portugal, declaração de vínculo da Universidade de
Aveiro. Se me perguntam se tenho algum objeto de valor ou compras, digo logo: “Somos
estudantes.” Os agentes da imigração mandam-nos logo ir passando, pois não vão
perder tempo em revistar bagagem de estudante pobre aventurando na Europa,
reservam sua criticidade para bagagem de turistas, é bem mais divertido
provocar-lhes a confusão.
Nos Guararapes recebemos a canícula
recifense, mesmo tendo passado das 22hs. Tony nos esperava, acompanhado com
Tony Lucas e Moniquinha, casal amigo que nos acolheu por esta noite. Estávamos com saudades desse burburinho quente
e colorido que é o Recife, felizes por voltar.
Até amanhã, fiquem com Deus.
Ainda acho que você deveria ter tirado uma foto do Pedro Abrunhosa pra gente ver, e Luiza com certeza iria adorar! Beijos e bem vindas!
ResponderExcluirNido conhece esse cara, colocou uma musica dele para eu ouvir! eu nao gostei! nao gosto da pronuncia portuguesa!
ResponderExcluir