E então, chegou a hora de voltar para o hemisfério norte para o segundo tempo desta jornada de formação. Nos
últimos dias, muitos compromissos apressados, conclusão de planejamentos,
embora alguns itens da imensa e interminável lista de tarefas tenham ficado por
fazer. Alguns destes compromissos, tentarei dar a volta à distância. Outros,
não há jeito, fica para a próxima. Espero que o tempo me espere para cumprir
essas pendências, pois nem sempre temos todo o tempo que pensamos ter.
Eu e Zézinha na AESGA. Foto de Clodoaldo Ferreira. |
Na quinta-feira sai apressada após o almoço para ir buscar a
Profa. Maria José Loureiro nos Guararapes. Zezinha é professora da UA e tem
trabalhado com Francislê no projeto do software ArguQuest. Juntei-me a eles
propondo-me a fazer o teste do protótipo da plataforma interativa que visa
promover a aprendizagem através do Questionamento e da Argumentação, uma parte
importante da minha tese do doutoramento. Contudo, mais importante do que o
software foi a oportunidade de conhecer uma pessoa tão maravilhosa quanto a Zé.
Absolutamente cosmopolita, somente este ano promoveu formações em Cingapura,
foi à Índia visitar o maridinho que trabalha lá, gerenciando uma fábrica de
cerâmicas. Esteve em Moçambique a trabalho. Veio ao Brasil através da Universidade Tiradentes, de Sergipe, conduzida
por Ronaldo Linhares, professor dessa IES que fez parte do pós doutoramento com
a Zé no departamento. Como havia uma folguinha de dois dias entre uma visita a
Salvador e o evento em Aracaju, cuidamos em articular a participação da Zé,
orientando uma formação para os professores da AESGA. Assim, com a ajuda da
Presidência da nossa IES, trouxemos a Zé, que trabalhou conosco “Argumentação
para a construção do Conhecimento”. Na minha avaliação pessoal, a formação foi
muito boa, apesar de ter sido apenas das 9h às 12h. Para além da sua competência,
Zé encantou a todos com a sua simpatia e simplicidade. Uma aula de como ser sem
se achar, se é que vocês me entendem. Depois, a professora segue para Chipre, Paris e Bruxela. Não é sempre que temos a oportunidade de conviver com uma pessoa assim, do mundo!
No outro dia, pegamos a estrada para Recife. Acreditava que Luiza
iria cair em prantos quando deixasse a Juju em casa. Mas, surpreendendo-me como
sempre, pôs a cachorra no colo, beijou-a, acarinhou as longas orelhas
prometeu encontrar-se com ela pelo Skype. Menos mau. Matheus foi conosco, pois
deveria tomar um voo para São Paulo no domingo pela manhã, onde participa de um
Congresso Nacional de Psicologia. Promissor, o garoto. Vai seguir a carreira
acadêmica, certamente. Chegamos ao Recife depois da 18hs, bem na hora do rush,
e no Guararapes às 19hs. Check in feito, ninguém merece ficar de lá para cá com
bagagens, fomos em busca de comida, pois Luiza estava “morrendo de fome”. Me
impressiona a força do brega no Recife. Num ambiente tão bonito, classificado
pela FIFA como o melhor aeroporto do Brasil, no terceiro piso do Guararapes um
sujeitinho se esgoelava tentando cantar um brega mais desclassificado. Nem
combina. Arremedo de música como aquela e uma tentativa frustrada de ser cantor
como aquele é mais adequado para uma feira de bairro ou um espetinho de
periferia. Vi a hora da estátua de Gilberto Freyre tapar os ouvidos. Falta de
gosto e vergonha alheia.
Não tivemos nenhum problema de embarque, a documentação estava
toda certa e a permissão de residência emitida pelo SIF de Portugal dispensa
maiores perguntas. Luiza chorou a saudade do pai durante toda a fila, mas,
quando chegou a hora dela passar no detector de metais, colocou a mochila na
esteira, tirou o computador da bolsa, enxugou as lágrimas e passou, altiva.
Entrou aos saltos no avião, comeu quase nada da ceia, dormiu todo o percurso.
Eu, engoli as lágrimas, comi quase tudo e não dormi quase nada. O resultado é
uma cara de panda no outro dia.
Esperando o voo para o Porto, eu com cara de Panda. |
Chegamos em Lisboa quase às 10h do domingo. Não sei o que houve
mas pararam o avião lá do outro lado, tivemos que atravessar todo o terminal
para que verificassem nossos documentos na Imigração. Uma fila quilométrica e
um calor desgraçado foi a senha para Luiza fechar a cara e começar a encher
minha paciência. Nesta fila encontrei a Kelly, ex-aluna da AESGA e a mãe de
Tatiane Barros, que vinham visita-la na Mealhada. O mundo é realmente pequeno.
Aguardamos na fila da maneira que deu, quase na nossa vez, lembrei a Luiza que
melhorasse a cara quando fosse falar com o agente da imigração. Com o abuso que
ela estava era capaz deles mandarem-nos de volta. Ela pôs um sorriso artificial
na carinha e respondeu as perguntas do agente acerca da escola que ela
frequentava.
Daí, fomos aguardar o avião para o Porto. O céu de Lisboa estava
azul profundo, sem nuvens. Parecia a Garanhuns que deixamos no dia anterior.
Depois de um lanche, fomos olhar as lojinhas de conveniência, evitando
habilmente as lojinhas de brinquedos. O voo atrasou quase uma hora. Esperamos
assistindo a um noticiário em inglês e sem som. Liberado o embarque, Luiza
pulou na frente da fila, pois já sabe que adultos com criança tem prioridade.
Lá embaixo, tomamos um autocarro que nos levou a pequena aeronave que poderia
muito bem ser pilotada pelo comandante Jaderson Gundes. Chegamos por volta das 14h40,
para a via crucis das malas. Apesar da queda de energia que travou as esteiras,
até que as bagagens vieram rápidas. Lá fora, Francislê e Dayse nos esperava.
Além da gentileza de vir esperar, nos auxiliam a economizar mais um metrô, um
comboio e um táxi para chegar em casa. A viagem é longa. Por volta das 18hs chegamos a Aveiro, pois ainda almoçamos no
Porto e fomos a IKEA, Dayse queria comprar uns forros e tapetes que estavam
numa promoção. Quando sai do carro senti
o cheiro de sal que Aveiro tem. Gosto daqui, é uma cidade linda e essa é sem
dúvida a melhor época para conhece-la. As árvores estão vestidas, o calor não é
tão intenso quanto em Julho e Agosto, o sol brilha até as 20h30.
O nosso apartamento estava fechado há quase 3 meses. Na minha
imaginação estaria coberto de grossas teias de aranha como nos filmes de terror.
Exceto o cheiro de guardado que dissipamos abrindo as janelas e deixando entrar
o ar carregado de maresia, até que não estava tão ruim. Energia e água
funcionando. Ligamos o telefone para avisar que já estávamos em casa. Tudo
certo. O aborrecimento veio na hora de tomar o banho reparador após uma viagem
intercontinental. Cortaram o gás. Tivemos que tomar banho frio. Mas, vocês não
sabem o que é a água fria em Aveiro. Mesmo no final do verão, a água daqui é
ligação direta com o Iceberg que afundou o Titanic. É como tomar banho em Garanhuns
com água da caixa às 3 da manhã em ponto. A primeira tacada da água parece que
há milhões de pequenas formigas picando-lhe a pele. Fui primeiro para dar o
exemplo, depois banhei Luiza. Comemos comida fria e fomos dormir às 20hs, mais
mortas do que vivas, enquanto o sol ainda persistia no horizonte.
Na sexta-feira no intervalo da formação, Paulo Falcão me perguntou
com um sorriso como é que eu vivia aqui. A mesma pergunta já me foi feita pelo
companheiro blogueiro Ed Cavalcante. Ontem e hoje tenho tentado estabelecer uma
rotina, embora as coisas ainda estejam meio na urgência. Ontem, após levar
Luiza à escola (que mudou-se por conta da reforma, depois eu conto), fui
resolver a história do gás. Com pouco mais de um mês de atraso, a empresa não
tem dó: passa a régua. Para tanto, tive que ir a Loja do Cidadão (equivalente
ao expresso cidadão que temos agora em Garanhuns), pagar uma conta de 35 euros.
As multas, taxas e roubalheiras virão na próxima fatura. Que jeito? Depois, fui
encomendar os livros de Luiza. Já era hora de busca-la na escola. Fomos almoçar
e depois fiquei de castigo até às 16hs, quando o moço veio ligar o gás. Eu
estava com uma cara tão acabada, que o sujeito perguntou se eu estava “bem disposta”.
Depois, supermercado e buscar a criança na escola. Detalhe: tudo a pé. Eu devia
ser magra! Hoje de manhã, levei Lu na escola e só vou busca-la às 17h45,
aproveitei e comprei o interruptor da luz da casa de banho que estava quebrado
desde junho. O senhorzinho da Casa Martelo me ensinou tão direitinho, que
preferi ganhar de mim mesmo estes 15 euros que iriam me cobrar pelo serviço.
Desliguei a chave geral e fui usar as minhas ferramentas: uma faca com ponta,
uma faca sem ponta, uma tesourinha com ponta. Por fim, acertei na tesourinha
sem ponta para retirar os parafusos. Não esperava que o troço que tem dentro da
luz fosse diferente do que eu comprei. Acima, 6 buraquinhos para 3 fios.
Abaixo, 3 buraquinhos para 1 fio. E agora? Montei e desmontei a luz duas vezes,
somente na terceira, acendeu uma das três luzes do banheiro. Está ótimo! Para
quê um ambiente tão pequeno com tanta luz? Confesso que senti saudades do
Jailson Pergentino, o vizinho que faz esses serviços para nós lá na Cohab 2.
Mas, quem não tem cão, caça com gato e acabei consertando a luz. E assim, as
coisas vão entrando nos eixos. O plano é amanhã retomar a vida acadêmica, encontrar um
rumo para essa universo de dados que coletei junto aos meus queridos
companheiros de trabalho.
Fiquem bem.
Até amanhã, fiquem com Deus.
Pois então, vi agora o seu post. Voltou para Portugal e embarcou pertinho da minha casa. Moo em Jardim São Paulo, bem pertinho do aeroporto do Recife. O interessante é que estou vivendo um momento parecido com o seu: estou concluindo mais uma pós – Mídias em Educação – para dar vasão a esse vício de brincar com blogs. Estou usando essa ferramenta nas minhas aulas, virou coisa séria. Desejo-te sorte nessa retomada das atividades acadêmicas. Quanto ao brega, bem, sofro cotidianamente com essa poluição sonora, trabalho na periferia.
ResponderExcluirSucesso!
Moo= moro
ResponderExcluirvsão = vazão
kkk
kkkkk! Eu vi uma plaquinha indicando o teu bairro, Ed. Nunca fui por ali, meus caminhos no Recife são bem manjados. O brega é realmente uma doença: tanta coisa boa para divulgar, divulga-se música e estilo de vida da mais baixa qualidade. Infelizmente, não há lei que coiba o mal gosto. Abração, beijinhos na Mirths.
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