Então, na última semana acabei sendo mais uma vítima da gripe pós junina. Desde 2013 que não contraia um vírus, já estava me achando uma X-Man. Qual o que? Foi só uma bobeirinha, uma chuvinha e uma fumaça de fogueira que enfraqueci e o safadão acabou me pegando. Ainda fiquei comemorando por ter caído somente na quinta passada, pois essa semana estou cheia de compromissos e não é de bom tom chegar numa qualificação de mestrado falando "abiguinhos". No ranger das tempestades, estou quase boa. Além do ambiente junino, contribuíram também o inverno, que este ano está bem temperado e a reforma na escola. O primeiro, é uma característica de Garanhuns. Aqui, quando baixam as temperaturas, o mofo toma conta porque a umidade é imensa. Uma festa para os bolores e uma luta inglória para os alérgicos. Na escola, estamos vivenciando uma reforma da coberta, pois havia tantas goteiras no teto que ficávamos a pensar se chovia mais fora do que dentro. Assim, a nossa nova presidente da Autarquia arranjou os procedimentos e, finalmente, estamos em reforma. Mas tudo o que tem que arrumar é preciso desarrumar primeiro, e o corredor das coordenações foi parcialmente transferido para outras paragens, permanecendo as últimas salas, das quais uma eu tenho ocupado. Então, somando-se tudo isso ao final do semestre quando já estamos cansados bem cansados e merecedores de férias, o sistema imunológico também cansa e nós ficamos vulneráveis a estes bichos. Maltrata, mas não mata.
Como parte da minha vizinhança mudou-se, reduz-se drasticamente também as conversas. Portanto, para muita coisa que muitos vêm me perguntar, só respondo: "não estou sabendo". E me preparo para ouvir uma ladainha de conversas, algumas meio sem jeito, outras fofocas genuínas. No ambiente de trabalho é profícuo para as fofocas, e a gestão de pessoas explica cientificamente. Como não tenho know how para fundamentações, além de que, hoje é domingo, só desafio a aquele que comprove que trabalha num ambiente imune a fofoca. É a tal rádio corredor que propaga o discurso extraoficial da organização, mas que reflete muito bem a sua cultura. E olhem que eu sou bem flexível na conceituação do que é fofoca e o que é comentário. Fofoca é aquele que sempre aumenta um ponto (ou vários), vem sempre com um tom jocoso de maldade e geralmente começa a sentença dizendo: "Se perguntarem o que eu disse, eu digo que é mentira". Quando ouvir essa frase, já pode ligar o seu detector de conversa mole, pois, lá em história. A esses, devemos ter a educação de ouvir, e jamais retrucar ou concordar. Se muita disposição tiver, o receptor da ideia pode jogar uma pergunta que pressione, nomeadamente nos detalhes, que o falador vai se perder e talvez saia com um "não sei, só sei que foi assim", citando Chicó, do Auto da Compadecida. Aqueles comentários especulativos, tipos, "tu soubesses que fulaninho saiu do departamento tal?" é somente o fio de Ariadne ao contrário para lhe inserir no labirinto da fofoca, sem cão nem gato. Por isso que eu ando evitando muita conversa, pois, a intenção primordial da conversinha é azedar o que já está bastante amargo, e, talvez seja esse um dos fatores desencadeadores das doenças organizacionais que vivenciamos.
Mas, como para tudo tem remédio, numa sessão de "como foi seu dia?" estava contando aos meus que as coisas andam taciturnas lá na escola. Daí, Tony Neto saiu-me com uma de suas memórias: Quando ele era adolescente, a avó dele estava comentando muito enfaticamente acerca de alguma coisa ou de alguém, daí, ele saiu do banho (os banheiros nas casas antigas costumavam ficar na cozinha), dançando e cantando um clássico de Jararaca e Ranchinho: "Aiiii, pessoal! Escute nosso conselho, não fale da vida alheia, que é um costume feioooo!" Pois, a avó, já nos azeites, deu-lhe uma lapada nas costas, que ficou os cinco dedos da velha desenhas nas costas do imprudente cantorzinho. Ainda levou um "cabra safado, me respeite!" e ele ainda hoje jura de pés juntos que não estava ouvindo a conversa e nem tinha a intenção de jogar uma indireta para a avó. Foi uma infeliz coincidência e D. Maria do Carmo, quando pegava ar, não perdoava. Não a conheci, mas definitivamente, ela nunca foi uma avó moleirona, que só sabem encher os meninos de dengos.
De qualquer forma, tem um ditado que Genésia Neri sempre me dizia: "Quem fica calado, não se perde". E, como em boca calada não entra mosca, e além de tudo conserva pé do ouvido intacto, em certas ocasiões ouvir e calar é o maior exercício de sabedoria. Em caso de emergência, corra. Se não puder, ligue a cara no modo de paisagem e segua em frente, sem olhar pelo retrovisor!
Fiquem com Deus.
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