A mudança é necessária, pois é ela que promove a evolução. Ninguém muda para pior po vontade própria, sempe buscamos uma melhorinha, mesmo que isso implique em perdas e ganhos. Ontem à boquinha da noite, enquanto arrumava os cabelos de Luiza após uma tarde de brincadeiras com as amigas-vizinhas, conversávamos, e como sempre, ela saiu com um mais um enigma: "Ô mãe, quando eu crescer vai existir caverna, gruta?" Minha porção ambientalista apressou-se em responder que sim, pois o ser humano deve peservar a natureza e tal. Depois de um instante pensando, ela retornou: "Ih, mãe, então ai não vai mais ter Dvd, nem internet, nem computador... Tu não vais gostar." Não entendi, pedi maiores explicações. "É que na pré-história o povo morava em cavernas, a gente vai morar em cavernas quando eu crescer?" Então, entendi tudo! O temor da minha menina era perder os benefícios da tecnologia numa (im)possível regressão do tempo. Corrigi: "O tempo não pára, Lulu. Quando eu era do seu tamanho não existia dvd, nem internet na casa das pessoas. E hoje, (quase) todos tem isso. Quando você crescer existirão outras coisas que não existem hoje." Ela riu-e e perguntou o que fazíamos em um tempo distante onde não existia comunicação em tempo real. Me sentindo um peça de museu, lembrei que corríamos na rua, faziamos expedições nas capoeiras, subiamos em árvores cheias de frutas nos imensos quintais de nossas casas, descíamos as ladeiras nos carrinhos de rolimãs em desabalada carreira, brincávamos de bonecas... Os lindos olhinhos brilharam quando citei as "kikas" (bonecas de pano), e, então, brilhantemente, ela concluiu: "Então, vamos plantar uma árvore de frutas no quintal, pois, eu já brinco de bonecas."
Penso que a maior tarefa nossa é tentar realizar essa operação de preservar as boas coisas antigas, somando-as às novidades, otimizando os ganhos e minimizando as perdas. Simples assim, como as conclusões de uma criança.
Té manhã!
PS: Um beijo, Lia Lufth, pelo maravilhoso livro "Perdas e ganhos".
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