terça-feira, 20 de setembro de 2011

Sobrinhos

Um coisa boa de ter irmão são os sobrinhos. Como tenho seis irmãs, tenho um lote de sobrinhos, que vão dos 30 e uns aos poucos meses aos de idade.  Até mesmo os filhos únicos podem ter sobrinhos, adquiridos no pacote da relação com o seu par. Sobrinhos afins, mas, para quem sabe, o amor é o mesmo, principalmente se convivemos com eles desde pequeninos.

Os sobrinhos são a evolução da boneca de pano. Quando bebês, eles se prestam (nem sempre passivos) ao aprendizado dos primeiros cuidados, um testdrive para a maternidade sem o encargo de acordar de madrugada e as imensas responsabilidades da educação familiar. Os sobrinhos podem também ser grandes parceiros de reinações e bagunças. Não sei ao certo se existe o dia do sobrinho, e também acho que não existe o dia do tio/tia. Certa vez, ouvi um desabafo de uma amiga, solidária com uma briga familiar de outra amiga, declarando que "tio não é nada, e ainda quer dar pitaco." E de vez em quando, mesmo que fiquem com o encargo de zelar pelas criaturas, quando toma uma decisão mais enérgica, a mãe ofendida não hesita em declarar: "vá ter um para mandar!" Mas, isso é briga de irmão e os sobrinhos não tem nada a ver com isso. Deles, prefiro a diversão atual e as memórias engraçadas que fazem parte da construção pessoal de cada um. O tempo passa e nos espantamos como eles cresceram. Longe de ser um alerta humano da inexorável passagem do tempo, nos encantam com suas conquistas e enternecem o coração ao lembrarmos o tempo em que eles, pequeninos, sentavam no nosso colo para ver televisão e os carregavamos adormecidos para a cama.

Outra madrugada, olhando os pontos de luz brilhando na parede do quarto escuro, pensava na vida  destes nossos eternos meninos, que surpreende-nos, de repente, crescidos:

Mayda está no plantão. Entre os bips de vida e de morte, segue firme e competente na profissão que escolheu. Esta que foi a nossa primeira sobrinha, teve os privilégios do ineditismo e os prejuizos do pioneirismo. Sobreviveu a uma guerra de travesseiros, quando a derrubei-a da cama com uma travesseirada certeira. Isso, a mãe dela não sabia, e ela talvez nem lembre, pois era pouco mais que um bebê. Mariana, a quem outro dia dei leite na ponta da colher,  e Carla (de Carlos), também serão enfermeiras, irão repetir-lhe o sucesso. Carol e Larissa, navegam no mesmo oceano rumo às praias da medicina. Henrique é professor, seguiu a profissão de tantos tios e tias. Tem contado a História a sua maneira, com grande desenvoltura. Jullyana, Danielle e Manuela, se fosse em outros tempo, seriam as superpoderosas. Jullyana vai muito bem na arquitetura e a Danielle na medicina. Carregam seus filhotes, e com isso já sou tia-avó, com mais um na fila que chega nesses dias: Manuela será mamãe  e terá que dividir-se entre a fisioterapia e a ginástica de cuidar de menino novo. Me espanta Eric e suas meninas. Outro dia, quando comecei a andar nos Ferreira, Eric era um menininho de 8 anos. Thais, segue na arquitetura, quase francesa. E Paulo Victor, que ninguém dava nada por ele, é um menino brilhante. Foi meu colega de classe no inglês. Às vezes me espantava que coubesse tanta ideia fantástica naquela cabeça. Anda na biomedicina, se não me engano. Deve rumar para a pesquisa, ele sempre gostou de bichos feios. Mytsi anda às voltas com os seus comensais, num restaurante fabril. E Nyelsen com seus infobytes, trocando o dia pela noite. Iasmin levanta a poeira dos tatamis brasileiros, em suas campionises de judô. Dizem que ela saiu ao pai, mas quem conhece a história, sabe que esta força vem da mãe. Pablo e seu humor sagaz e inteligente, andou vacilando nos caminhos da psicologia, mas parece que aprumou-se. Se não, sempre é tempo de buscar uma nova estrada. Meu mérito maior foi ensinar-lhe a pegar no pescoço dos meninos que tentassem bater nele. Bem ou mal, desde o pré-escolar, com ele ninguém se mete.

E Matheus?     

A história da vida de Matheus é só dele e a ele cabe contar. Conviver com pessoas que dão lições de vida é um aprendizado. E com os que as dão aos vinte e poucos anos é um privilégio. As minhas palavras são pobres, por isso fico com as que ele me mandou: 

Duas "Anas" de saudade

Saudade parece caber em tudo!
Naquele gole de vinho tomado escutando música no inverno
Na luz pálida de um computador
Numa página a ser escrita na hora, por duas pessoas distantes.
Distância apenas de dois corpos, ou três! Distância incomoda essa...
Será que as "formiguinhas" sentem saudade?
Saudade que, dividida, vira distância presente!
Mas saudade não cabe aqui, nem em mim!
Um abraço sincero que vai aqui, assim,
meio impessoal, mas, direto.

14.05.2011

Não canso de me impressionar: como vocês cresceram!

Té manhã, fiquem com Deus.
    

10 comentários:

  1. Vc falou bonito(aliás, como sempre) de meus meninos e meus sobrinhos, o que me emocionou mto e me fez pensar mais uma vez nos meus três pequenos...Às vezes tenho vontade de voltar e revê-los assim, crianças. Acho que é tolice de quem está ficando velha, e, na impossibilidade de voltar no tempo, eu agora penso se terei a felicidade de ser avó... Mayda achou interessante a pergunta que a fiz,à esse respeito e tbém à Mytsi.
    Hoje eu pensei muito nos três enquanto, numa livraria católica, escolhia um livro para uma amiga que acaba de perder uma filha num acidente, e dei mais uma vez graças a Deus por ter os meus três em paz, e, pedir sabe Deus quantas vezes que os proteja. Depois extrapolei a oração para os primos deles e depois aos amigos.
    Como disse num comentário da prima Ketty- Filhos - razão de nossas vidas.
    Grata Anninha pelo momento de lembrança e reflexão.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Li e me percebi aos prantos, vc sabe como é uma Ferreira, somos total emoção.Beijos!

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  4. Achei bonito, mas fiquei triste por não ter lembrado dos meus!

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  5. Preste atenção, Vilma, Carol está ali pelo meio da faixa etária comentada.

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  6. Você comentou sobre a força e eu te digo: só a união faz a força. Nada é mais forte e sincero que nossos laços e te agradeço por todas as coisas que você ensinou a meus filhos, que podem ter perdido, um dia, algum tipo de status, mas jamais a dignidade! Beijos com saudade.

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  7. E Anna, o melhor dos sobrinhos é que na hora que começam a dar muito trabalho e nos perturbar além da conta, podemos devolve-los aos pais sem nenhum peso na consciência. ahahahahha
    abraços

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  8. Falou lindamente! sobrinhos são como filhos que foram clonados, pois a gente vê nas suas feições, momentaneamente, as nossas próprias. Adoro todos eles, e torço para que eles tenham sempre juízo, sorte e vida muito longa e feliz. Beijos e saudades de vocês.

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  9. A minha deu muito trabalho, na ponta da colher, não pegava nenhuma mamadeira, nem copinho, menininha difícil de cuidar, obrigada por tudo!!Anninha...bjo grande

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  10. hehehehe, Guga, tu és ótimo! Essa é uma das razões que faz o sobrinho uma criatura ideal para testdrive: a possibilidade de devolução! Aprendemos mais com eles do que eles conosco, meninas.
    Beijos!

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