quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Volta às aulas!

Eu já disse aqui que as férias da educação básica européia é o sonho de consumo dos malandrinhas brasileiros. Hoje, me dei a tarefa de contar há quantos dias Luiza está de férias. Desde o dia 22 de junho que a menina está curtindo a preguicinha das férias. Ela bem que merecia, pois emendou dois anos letivos: terminada a jornada brasileira, veio para Portugal e em Janeiro engatou na escola novamente. Como não teve as férias de Janeiro, estava em funcionamento desde julho de 2010, e começando a dar trabalho para se levantar de manhã para ir à escola, voltando somente no finalzinho da tarde. A rotina aqui é puxada, a exigência da escola é um pouco maior, apesar de ser mais maleável nas avaliações, pois diversificam nos instrumentos de verificação da aprendizagem, valorizando o desenvolvimento pessoal e social da criança.

Mas, como diria Marcelo Camelo "todo carnaval tem seu fim". No próximo dia 19, retomaremos nossas atividades normais. Na verdade, ela anda ansiosa para voltar à escola, encontrar os amiguinhos, conviver com a professora, que ela adora. Felizmente, a sua adaptação à escola portuguesa foi a melhor possível, e quando me perguntam, respondo sem pestanejar: "adaptou-se melhor do que eu".

Hoje tivemos reunião de pais na Escola da Glória. O dia amanheceu com o tempo fechado, um ventinho frio exigia um casaquinho. Ao sair, às 9hs ainda brilhava um sol tímido com uma neblina leve. Aveiro estava parecendo Garanhuns. A primeira grande diferença da reunião com os pais daqui é que cada grupo de pais ou encarregados da educação é encaminhado para a sala que os filhos irão estudar, e o professor regente faz a reunião. Não há aquele momento coletivo, com todos os pais dos alunos da escola. A professora desde ano é a mesma que trabalhou com os miúdos o ano passado, e não há um professor por disciplina. Puri, como os meninos a chamam aprensentou-se animada e gentil, e como sempre, muito elegante. Concordo muito com essa estratégia educativa em que o professor acompanha os meninos ao longo dos quatro anos. Assim, é possível sequenciar o trabalho e proporcionar uma formação mais sólida. Um professor por disciplina para os miúdos parece bom à primeira vista, mas o resultado é mais adequado quando há uma parceria entre professor e aluno. Por isso, quando um professor muda de escola, há uma romaria de alunos em migração, em busca de acompanhar o professor, coisa inimaginável no Brasil. 

Ocupamos as mesas das crianças e a professora começou a apresentar algumas modificações no trabalho. Este ano, Luiza irá almoçar na escola em média três vezes na semana. Isso irá me dar uma traquilidade nas minhas atividades na UA, pois, frequentemente tinha que sair correndo da Universidade para ir almoçar com a pequena. Esse ano, ela está inscrita no refeitório, o que será uma mais valia na educação alimentar da minha filha. Reconheço que não sou o ás na cozinha, além de fazer muito as vontades da menina, que come poucas verduras e legumes, e adora refrigerantes e doces. A escola irá me ajudar a introduzir outros alimentos, mais balanceados e saudáveis, pois na rua come-se o que é oferecido. O almoço português é particularmente interessante: tem sempre uma sopa de entrada, depois o prato principal com arroz ou massa, que pode ser macarrão ou empadão, salada e uma carne. E de sobremesa, uma fruta. Vamos ver se ela se adapta. Acho que não teremos muitos problemas com isso.

Neste meio tempo, adquirimos o computador do Plano Tecnológico de Educação, que é para o uso do aluno. Pagamos 50 euros pelo Magalhães, como é conhecido o computador, que trás uma série de jogos para as crianças do 1º ciclo, com sistema operacional Windows 7 e Linux. Os filmes que Luiza produz foram feitos no Magalhães. É uma boa máquina. Os livros foram encomendados na Papelaria Acadêmica. Paguei 20 euros de entrada e na entrega dos livros, paguei mais 29. Como não temos residência permanente (nosso permissão é temporária por conta da minha condição de estudante), não temos direito ao subsídio do Governo, que baixa o valor dos livros em 50%.  São livros de Estudo do Meio, Língua Portuguesa (já com as novas regras do polêmico Acordo Ortográfico) e Matemática. Esse último, veio com vários encartes de atividades extra e um CD de exercícios. Os cadernos, bolsa, estojo para lápis e as bagaceiras que tem que ter dentro compramos no Continente, uma rede de supermercados nacional, pois ela fincou pé em adquirir a linha do Justin Bibier. Mesmo contrariada, comprei, pois cada geração tem o direito a cultuar seus ídolos, mesmo que seja um bofe como esse. Se os cadernos não forem completamente utilizados, uso-os eu nas minhas anotações. Na cara do Justin Bibier, colarei a foto de um cachorro rafeiro (vira-latas), fará melhor figura. O material de uso nas atividades na escola (aquela interminável lista de papéis e acessórios diversos), pagamos uma taxa e está resolvido. Isso também tem uma razão principal: além de comprar o material em quantidade, evita o consumismo e a competição entre os miúdos, uma vez que o amterial será igual para todos. Na reunião, a professora mostrou-nos três caixas de sapato com copos descartáveis repletos de lápis de cor, cera e hidrocor. Era a sobra do período letivo passado. Mostrou-nos também as pastas classificadores, os sacos plásticos A4 já perfurados. Tudo isso será aproveitado. A taxa cobrada o ano passado foi de 10 euros. As duas mães que são representantes do pais, recebem o dinheiro e compram o material. O ano passado, arrecadaram 180 euros. Comparam o material de trabalho para o ano inteiro e ainda sobrou 56 euros. Com isso, a taxa reduziu para 5 euros. Isso mesmo, 5 euros. Isso nos mostra como as escolas brasileiras precisam rever a gestão do material escolar, evitando desperdício e investimento desnecessário.

Preenchemos autorizações para aulas de campo, recebemos o cronograma do ano letivo de 2011-2012. Esse ano, será um pouco mais pesado, pois a garotinha já vai para o 3º ano e as exigências são cada vez maiores. As Atividades extracurriculares enfatizam o ensino do inglês (três tempos por semana) e ainda a inscreverei nas aulas de ciências experimentais. Infelizmente, não haverá Artes e Palco, mas assim que souber onde o prof. Ivo e as Profas Diana e Mimi estão oferecendo cursos livres, vou inscreve-la, pois ela adora as artes!

Vamos fazer o que nos trouxe para cá: estudar!

Té manhã, fiquem com Deus.

PS: A escola que Luiza estuda é pública.
     
   

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