sábado, 19 de novembro de 2011

Baby you can drive my car!

Numa dessas tardes chuvosas estava aqui à mesinha junto da janela tentando decifrar a melhor maneira de apresentar dados qualitativos em um artigo com o qual qestou enroscada desde setembro. Confesso que essas coisas muito longas me cansa, não é o imediatismo da geração net, até porque não tenho idade para isso, já estou bem além da faixa etária. É agonia nordestina mesmo, que quando não consegue dá um rumo às coisas é um aperreio para a cabeça. Pois, nesse dia houve uma confusão no cruzamento, apesar de ser mão única e com um semáforo muito bem explicadinho. Um pequeno congestionamento provocou uma fila e, alguém deu uma sobrada e bateu na traseira de outro alguém. Apesar da chuva, a condutora do veículo batido saiu do carro manifestada, e derramou toda sua fúria sobre o desastrado (e elegante! ele estava muito chique de terno (fato) escuro, devia fazer parte do julgamento de uma quadrilha de ladrões ricos que está acontecendo no Tribunal que fica na rua atrás) condutor que tentava acalmá-la com um cartãozinho na mão, enquanto a mulher gritava sob a chuvarada. E o estrago nem foi assim tão grande, amassinho de nada. Caso comum de trânsito, como cantou Belchior em sua canção.

Engraçado que no momento da ocorrência eu estava ouvindo o álbum Rubber Soul, dos Beatles. E a música título  deste post ficou para completar o cenário. Por coincidência,  Luís publicou nas suas escolhas aleatórias ( http://nitratodocaos.blogs.ua.sapo.pt/21765.html ) alguma coisa sobre carros.  Não deu para fugir do assunto. Eu gosto muito de carros, embora isso não faça de mim uma "Maria Gasolina". Não sei o nome de nenhum, conheço apenas algumas marcas, dirijo mal, mas dá para chegar em casa. Outro dia, vagueando pelo FB, vi um post de Jean Walney: "O ônibus que peguei agora está tão cheio que até o motorista está em pé e o cobrador vem atrás de moto táxi # Alagoas". Quem já passou  por essas, já amargou a promiscuidade de um CDU-Boa Viagem ou esperou uma eternidade por um Francisco Figueira, sabe bem o valor de um carro. Além disso, todo brasileiro é apaixonado por carros,  vocês lembram da ótima publicidade do Posto Ipiranga. Carro de brasileiro tem nome e apelido, é tratado como membro da família. Cândido teve um carro chamado Cascabulho, Ilza teve um carro chamado Funcionário. Nosso último carro chamava-se Cascão, pois, por mais que lavássemos, ele estava sempre sujo, empoeirado. Ah! era um corsa verde, muito obediente, uma beleza de carrinho.

É possível reconhecer o dono pelo que leva dentro do veículo. Carro de professor é cheio de livros e papéis diversos. Carro com bebê tem cadeirinha, principalmente depois da obrigatoriedade com possibilidade de multa. Carro com menina tem amarrador de cabelo, gloss e bonecas. Carro com criança tem restos de biscoitos e pés de meias usados e perdidos. É a vida.  Homens baixinhos andam em carros grandes. Freud explica. Quando Zé Carlos comprou a S10  prata, chegou na escola todo importante. Fomos todos olhar o carro do colega orgulhoso. Comentei, cutucando-o por ser um namorador incorrigível: "Eita, nêgo, arrasasse! Vais ganhar todas as meninas!" e ele, respondeu, com o humor típico de todo negro bem sucedido: "Tô com medo que achem que eu sou o motorista!"

Por razões óbvias, gosto dos compactos. E esse ai é o meu preferido:

O MiniCooper é um charme absoluto. Não lembro de ter visto um carrinho desses no nordeste do Brasil, reinado dos carros maiores. Os bicolores são lindos, quando passam carregam o meu olhar, destacando-se na frota majoritariamente prata-e-preto de Portugal. Custa 23.550 Euros, 62.162 Reais, no câmbio de hoje. Quando passa as publicidades na TV, Luiza diz; "mãe, podemos comprar esse?" Eu respondo que sim, se ficarmos até o meio do ano que vem só bebendo água. Como já lhes disse em outra ocasião, ter carro usado aqui é possível, tem uns até bonzinhos por 2 mil. O ruim é pagar o combustível: caríssimo! O litro do gasóleo custa 1,28 no mais barato. Por enquanto, vamos a pé mesmo, fizemos a feliz opção de morar perto dos destinos de nossa rotina cotidiana. Vamos do jeito de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, em Estrada de Canindé:



Mas o pobre vê nas estrada
O orvaio beijando as flô
Vê de perto o galo campina
Que quando canta muda de cor
Vai moiando os pés no riacho
Que água fresca, nosso Senhor
Vai oiando coisa a grané
Coisas qui, pra mode vê
O cristão tem que andá a pé

Té manhã, fiquem com Deus. 




3 comentários:

  1. Tenho a maior vontade de ter um carro, mas fico com medo de Antonio querer assumir a direção! Ele é fascinado por carros, ontem azucrinou tanto, que nós fomos comprar um carro pro boneco PM Renato, e ele escolheu um carro-forte, igualzinho ao original. Beijos e saudades de vocês!

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  2. E eu achando ruim o preço da gasolina aqui.

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  3. Adorei o post... e o mini cooper... pena q tá custando 95 mil por aqui... esses impostos brasileiros ainda matam a gente de raiva... dia desses vi um na Av. Abd. de Carvalho; vermelho, capota preta, a coisa mais linda! o condutor, qdo me viu babando, tratou logo de baixar a capota... #infelizdascostaoca! deu um rasante qdo o sinal abriu que só vi o rastro de asfalto voando... Um dia a gente chega lá! Amei sua trilha sonora! Os Beatles são sempre magníficos, sempre! Bjs!!! :*

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