sábado, 2 de junho de 2012

Diga-lhe que fui ali: Zoo Santo Inácio, Vila Nova de Gaia

Desde que viemos morar na Glória, recebemos semanalmente um jornalzinho de ofertas de uma rede de supermercados alemã, muito conhecida em toda Europa. Além de apregoar os preços (nem sempre) baixos dos produtos, o jornalzinho trás informações, jogos e entrevistas interessantes com personalidades da cultura e esporte. Foi através deste semanário que conheci o Nelson Évora, atleta português de ascendência caboverdiana; Carminho, uma jovem e maravilhosa cantora de fados, atualmente em temporada com Pablo Alboran, um jovem (e lindo) cantor espanhol. Outro dia, me deparei com um interessante entrevista com a Joana Santos, a Diana da novela Laços de Sangue, vencedora do prémio Emmy nos EUA, ano passado. Foi nesta entrevista que soube que a atriz iria ao Brasil para negociar direitos da novela Dancin'Days. A versão portuguesa do clássico de Janette Clair, que revelou a magnífica Sônia Braga e sua  inesquecível atuação em meias de lurex e sandálias de salto alto, irá começar na próxima segunda-feira. A Joana Santos fará o papel de Júlia, e eu prometo não comparar o desempenho das duas, pois, cada coisa a seu tempo. Engraçado, a Sônia Braga está sendo revista tanto no Brasil, com o remake da Gabriela, como cá em Portugal, com a Dancin'Days. 

Pois bem, neste jornalzinho vem sempre publicidades do Zoo Santo Inácio, localizado numa cidade vizinha ao Porto. Há meses que eu vinha enrolando Ana Luiza no compromisso assumido de visitar o Zoo. Ela adora bichos, e quando planeamos alguma visita, ela pergunta duas coisas: 1) Há parque de diversões? 2) Há zoo? No primeiro caso, só vou em última instância. Já na segunda alternativa, vou com todo prazer, pois também aprecio olhar os bichos. Apesar das "aperturas econômicas", a menina é bem merecedora de um passeio e, confesso, eu já estava ficando meio doida (mais?!) deste nosso intinerário aveirense: Universidade, Glicínias, Estação. Vivemos neste perímetro triangular, a despeito de sua beleza, cansa. "A repetição é o inferno", está lá em Dante Alighieri.

Então, na quinta-feira anterior a esta passada, comecei a prescrutar a previsão do tempo buscando do céus um sinal que deveriamos sair da rota estabelecida. Zoológico com chuva não dá condição. A previsão dava chuva no sábado e parcialmente nublado no domingo. Ficamos no vamos hoje, vamos amanhã, no meio da manhã do sábado, decidimos num pulo ir no sábado mesmo. Pegamos o comboio para São Bento, descemos antes, na estação de General Torres. As indicações do site do zoo nos instruia a apanhar o autocarro para Avintes. Como Luiza estava a morrer de fome e um Ferreira com fome é uma condenação, seguimos pela  Avenida da República, passando pela Câmara e pelo CTT, conforme nos informou um rapaz com borbulhas no rosto, portanto um imenso invólucro preto com jeito de violoncelo. Guiadas pelo faro, almoçamos no Charco Restaurante. Fomos muito bem atendidas, e ninguém ficou nos olhando curiosos. A vantagem de cidade grande é esta: Gaia está para o Porto, como Olinda está para o Recife. Com as informações dos funcionários do Restaurante, fomos em busca do autocarro. Daí, deu-se a confusão: três pessoas deram informações diferentes e conflitantes, o que nos fez decidir ir de táxi, pois já eram quase 14hs. O zoo fica numa quinta (sítio), bem distante da cidade, se eu tivesse olhado no Google Earth, não teria vindo. Melhor assim, às vezes a ignorância é benéfica.  Pagamos 11 euros para chegar. Na entrada, apresentei os talões de desconto do jornal, de forma que a entrada de Luiza ficou por 5,00 e a minha por 7,00. Bilhetes pagos, fomos entrando num lugar encantador: logo à entrada, nos deparamos com duas araras -  uma vermelha e outra azul - profissionais na arte de fotografar com visitantes. Confesso que tive três medos daquela ave pousada nos nossos ombros para a foto sem compromisso: 1) Que a arara cismasse com o cabelo de Luiza e atacasse, 2) Que a arara se abusasse com o meu brinco e me bicasse, 3) Que a arara tivesse incontinência e fizesse cocó nas duas. Nada disso aconteceu, os bichos eram bem educados e bem tratados.



Vimos vários animais que não conhecíamos a não ser em fotos, desenhos e filmes: zebras, pinguins, mini hipopotamos, Cangurus, aves estranhissimas, papagaios pequeninos e estridentes, um pequeno roedor dos campos, o cão das pradarias. Muito simpático, deixa-nos chegar perto, mas, se sentir-se ameaçado, ele morde forte. Melhor deixar ele quieto. Havia também os animais da quinta: vacas, ovelhas, coelhos, galinhas. Um porco vietnamita muito gordo e fedorento. Assistimos as demonstrações com aves e uma aula sobre cobras. Neste zoo, os animais não tem cara de cansados e estressados. Quando não querem aparecer, nem adianta chamar. A lontra não nos deu a mínima. Já a Onça das Neves, uma onça branca muito bonita e grande, só deu o ar da graça no final da tarde. Penso que passamos umas três vezes à porta dela para poder vê-la. No final do dia, fomos ver um jovem espanhol alimentar os pinguins.   Os lêmuris, só os vimos de longe, também não estavam a fim de fazer gracinhas. Só não gostamos da estufa tropical, muito sem graça, só tinha plantas e ratos.
Bicho inédito para nós: lindas, as zebras

O cão da pradaria


No zoo Santo Inácio há muitas flores, como esse roseiral

Na saída, fiquei pensando: e agora, para voltar? Perguntei ao segurança como fazer, que muito gentilmente nos ensinou a sair do zoo e esperar as carrinhas que desciam para o Porto. Após uma longa subida, chegamos ao portão que dava para a rua deserta. Eram 17h40, felizmente, nesta época só escurece às 21hs! Pensei: o primeiro autocarro que passar, entramos. Nada pode ser mais longe do que já estamos. A estas alturas estava com uma dor de cabeça feroz: inventei de reduzir a ingestão de açúcar e não tomei café pela manhã. Com a cabeça martelando ao sol, após 10 minutos de espera, apareceu um ônibus grande de viagem, eu acenei e, milagrosamente, parou. Perguntei se havia alguma parada próxima a alguma estação de comboios, o condutor esclareceu que o bendito transporte tinha a paragem final próximo à São Bento. Ótimo! Naquele pedaço do Porto, não nos perdemos de modo algum. O ruim foi chegar lá. Além da abstinência da cafeína, acho que comi algo que não caiu bem: o carro era perfumado com aquelas arvorezinhas de veículo. Quando o homenzinho acionou o ar condicionado, meu estômago deu um duplo twist carpado. Antes de chegar ao nosso destino, tivemos que subir ladeiras em vielas provavelmente abertas pelos romanos até chegar a uma localidade chamada Oliveirinha Douro. E eu que achava que Saloá era o fim do mundo. Até rebanhos de ovelhas esperamos atravessar a estrada para seguir viagem. Com Luiza aos pulos do meu lado, a cabeça latejando e o estômago revoltado, chegamos a São Bento dando graças a Deus. Nada que um café expresso bem forte não resolvesse. Minutos depois, estavamos numa livraria outlet, enquanto Luiza revirava o estoque dos livrinhos de atividades, eu lamentava não ter mais um real. Havia na prateleira inúmeros livros de Stephen King por 5 euros. Voltarei, com certeza!

Até a próxima viagem por Portugal, agora, somente quando voltarmos do Brasil em finais de setembro.
Fiquem com Deus.      

2 comentários:

  1. Sou avessa a Zoos, pelo simples fato que ao que fui achei que os bichos estavam doentes e mal tratados, e que para eles era um suplício estar alí, mas pelo visto isso n ocorre no que vcs foram, assim até pode ser uma boa experiência, principalmente para a picollina. Bjos, saudades de vcs, até a vista!

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  2. Bem, pelo menos aparentemente, parecem que os bichos estão bem tratados. Gostamos muito de bichos.

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