segunda-feira, 23 de julho de 2012

Fig - Parte 3: O Design e as Praças. Adeus, FIG 2012!

foto: www.panoramagaranhuns.com.br
 É uma programação tão extensa em 10 dias, que dificilmente poderíamos repetir a façanha daquela maluquete que em 2010 desfilou em todas as Escolas de Samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro. São muitas atrações e atividades ocorrendo simultameamente em vários pontos da cidade. Hoje à tarde, José Nascimento nos informava que houve um ponto de Cultura na AESGA, com excelentes atrações, mas com um público muito reduzido. Apenas os participantes das oficinas culturais ficavam para curtir os espetáculos que ocorriam das 18h às 20hs. Ao mesmo tempo, acontecia no Parque Ruber van der Linden as atividades do Palco instrumental. Neste lindo jardim urbano já tivemos o prazer de assistir João Donato e Renato Braz, duas grandes figuras da música brasileira. Contudo, o Pau Pombo, como é mais conhecido esse jardim em pleno centro da cidade, é palco de música instrumental da melhor qualidade. Em edições passadas, acompanhamos o trabalho solo do João Neto e, em outro ano, apresentou-se o Júnior, dois irmãos excelentes músicos nascidos em Garanhuns, que acompanham grandes nomes da música brasileira. Nós sempre tiramos o couro de Sandro Carrapicho, irmão dos dois artistas, mas a quem não sobou talento nem para tocar em caixa de fósforo. Lembro-me sobremaneira da apresentação do Júnior, orgulhoso com a presença da mãe, já bem velhinha. Foi a última vez que D. Neném viu o filho tocar “Diadema”, música feita para ela. O sítio absolutamente arborizado e suas vielas pavimentadas em pedra formam o ambiente perfeito para encontrar os amigos para longas conversas ao som do blues e do jazz. Cabe também a música armorial de Antúlio Madureira, que esse ano enfrentou heroicamente a Praça Guadalajara após a maravilha que foi o concerto do Milton Nascimento. Confesso que fiquei chocada com a condição física do cantor, tão velhinho, tão doente. O tempo passa para todo mundo, menos para a voz do Milton Nascimento. Não é à toa que Caetano Veloso disse que “quando Deus fala, fala pela voz do Milton.”
 
 
A Praça Guadalajara é, sem dúvidas, a vitrine do Festival. Muita gente ainda acredita que o FIG se resume àquele espaço. É importante, mas, os demais pólos promovem atividades de altíssimo nível. Deste ano, fui muito feliz por ter mais uma oportunidade de ver o Lulu Santos. Há 8 anos atrás quando ele veio pela primeira vez, tive o infortúnio de ficar doente e não consegui me aguentar em pé e enfrentar a praça superlotada. Fui-me embora, morrer de dor e de desgosto em casa. Esse ano, quase que não ia mais uma vez: Luiza não queria ficar aos cuidados de tias ou avó, nem teve acordo para dormir à tarde. Tony solucionou o impasse: convenceu a menina a dormir após o jantar, e após às 22h, lá foi Luiza ao show, toda feliz e contente dançar ao som da suingueira de Jorge Benjor, reconhecendo as músicas dos desenhos animados. E eu também, finalmente vi o show perfeito de Lulu Santos.
Dentre as praças, um destaque deste ano foi a Praça da Palavra, um espaço dedicado à literatura regional. Contadores de Histórias, apresentações de grupos de leitura das escolas municipais e estaduais, entrevistas mediadas com os autores. Uma excelente ideia que tem tudo para crescer e florescer nos próximos festivais. 
Para mim, uma feliz surpresa foi o espaço design. O prédio do tribunal antigo foi tomado por stands de jovens estilistas e suas modas. O fio condutor de todas as produções foi a sustentabilidade, ou seja, muita coisa reaproveitada para as criações de peças exclusivas, altamente fashions. O destaque foi os acadêmicos da Uninassau (Recife), apresentando suas criações e os banners de seus trabalhos. Assim, a universidade se aproximou da população e houve uma partilha interessante de saberes. Até eu, que sou completamente sem noção em relação à moda e fashionismos, aprendi muito. Luiza adorou, nem precisa dizer. Fez inumeras fotos e inspirou-se para desenhar modelinhos nas bonecas em um álbum italiano que adquirimos em uma livraria em Aveiro. Por diversão, talvez a menina acabe encontrando um caminho para um trabalho essencialmente criativo. É mais um espaço que pode ser ampliado e melhorado no próximo ano.
Terminamos o FIG com saudades, e com a impressão de que perdemos muita coisa. Não fui ao cinema, nem à dança. Não vi o Palco Pop, nem o Palco do Forró. O ano que vem, me prometo que vou ao Palco Gospel eao Seminário de S. José. Irei também ao blues do Boião, que atravanca a D. José, mas que recebe no segundo sábado do FIG um grupo sui generis. De exposição em exposição, a cada concerto, faço minhas as palavras de minha querida Virgínia (http://virginiaspinasse.blogspot.com.br/2012/07/garanhuns-vive-seus-melhores-dias.html): nestes 10 dias, Garanhuns vive seus melhores momentos. Esperamos e trabalhamos para que estes 10 dias de efervecência cultural alimentem alternativas de trabalho criativo e sustentável, gerando renda e recuperando a autoestima do Garanhuense, que infelizmente, tem a mania de ver somente o lado ruim de si próprio. Precisamos lembrar os 365 dias do ano que há uma imensa diferença entre ser crítico e ser amargo. A amargura não contribui para a solução dos problemas e é das flores que as abelhas extraem a matéria-prima para produzir o mel. Mas, tudo é às custas de muito trabalho.
Até o ano que vem!
Programem-se, Garanhuns vos espera em Julho de 2013.
Fiquem com Deus.       

Um comentário:

  1. Anna, obrigada por me citar no seu post. Seus relatos do Festival de Inverno são emocionantes!
    Aprendo sempre com você.
    Abraços

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