domingo, 16 de fevereiro de 2014

Comidinhas 7

Saladinha básica. Mas ficou bonitinha!

Jesus tinha razão quando disse que o mal é o que sai da boca do homem. É certo que, naquela época, a vida era bem mais difícil que hoje, de modo que as pessoas tinham que ralar um bocado para ter o que comer. Hoje, ralamos muito, mas, ao menos, na santa hora da alimentação, basta passar no supermercado e investir umas horinhas à beira do fogão. Nem sempre logro sucesso, mas, é tentando e errando que se acerta. Ninguém me tira da cabeça que aquele biscoito Negresco foi uma bela de uma falha na fornada. O biscoito queimou e algum guloso gostou, resultando num sucesso estrondoso entre crianças e adultos. Errar faz parte, mas, há algumas coisas que não combinam com cozinha e suas tarefas. Manejar o fogão e corrigir textos, por exemplo, é fatal. Não há jeito de não queimar. Quando é apenas um agarradinho, vá lá. Mas, às vezes decorrem tragédias como aquela do almoço da segunda passada. A galinha ficou intragável, só Luiza comeu. Tony, como bom cavalheiro, não disse nem sim, nem não, mas meiamos a tarde lá na lanchonete de Nena para compensar os prejuízos do almoço fracassado.

Quando saímos por aí uma das nossas ocupações preferidas é descobrir novos sabores. Das últimas andanças, tivemos a oportunidade de provar um Espetinho fantástico em Porto de Galinhas (PE). Estávamos procurando onde jantar, mas não queríamos pratos completos, pois pensam muito e como já não estamos mais tão jovens, dormir depois de uma refeição ampla é complicado. Passamos pela frente da Casa do Espetinho e havia uma fila imensa de espera. Após um passeio e umas  fotos, acabamos voltando. Pedi um espetinho de carne do sol, Tony quis um espetinho de carne e bacon, e Luiza optou por um espetinho de picanha. A jovem garçonete, com um complicado sotaque castelhano, perguntou-nos se queríamos os acompanhamentos. Completamente ignorante do que vinha, aceitamos todos. E o que veio foi isso:

Em pequenas cumbucas, vieram porções de arroz branco e farofa amarelinha. Pedimos também um pãozinho de alho, que veio acompanhado com um delicioso molho de vinho à moda portenha. Além de ser um ambiente muito agradável, com boa música e bom atendimento, o preço foi adequado. Gostamos muito e recomendamos. 

Imperdível mesmo é o arroz de polvo do Massaguerinha, em Maceió. Aquilo lá é um pecado. Serve-se a porção pequena ou grande, geralmente como entrada. Toda vez que vamos a capital alagoana, a parada neste restaurante quase boteco é obrigatória. Tony, com a fominha da praia pediu um pãozinho de alho. E todos quiseram. Resultado: pedimos 5 pães de alho. Só que há um detalhe: o pão de alho de Alagoas são baguetes imensas, do tamanho do meu braço! Com uma porção tão escandalosa, declinamos da peixada e só almoçamos a caldeirada (cozido de mariscos com leite de coco), para manter a fama de mau!  



Dessa vez, estávamos acompanhados com Joana e Rita, irmãs de Tony. Elas, muito animadas e bem dispostas, já na chegada, nos rebocou para a orla de Pajuçara, onde jantamos as imensas tapiocas alagoanas. Luiza optou pelo cuscuz com charque e Tony ainda beliscou um milho cozido. O diferencial desse milho é que  sujeito do carrinho teve uma excelente ideia: tirou os grãos cozidos do sabugo e vende nos copinhos descartáveis, com uma colherzinha. O freguês ainda apode optar por mais ou menos sal, manteiguinha derretida ou leite condensado. Uma delícia! 

cuscuz com charque e inovação no milho da Pajuçara

Na praia de Ponta Verde há imensas opções de petiscos, dos mais variados. O caldinho de feijão, com torresmos e ovos de codorna é maravilhoso. Quem gosta, acompanha com uma cervejinha super gelada. O caldinho da Luciana é perfeito, pois, o cliente pode pedir mais ou menos coentro, e apelar para uma dose extra de torresmos. Outra descoberta foi a "folgaza". Trata-se de um salgado assado no formo que parece um pastel, com massa macia como coxinha. O olindense Souza explicou-nos que aprendeu o modo de fazer do salgado na temporada que morou na Itália. Segundo ele, a única coisa boa que ficou de um casamento longo e tumultuado com uma italiana doida de ciúmes. O recheio é de camarão, cremoso e saboroso. Gostei muito, apesar de temperado com salsa, que não me agrada muito. 
Caldinho de Feijão da Luciana - Ponta Verde (AL)

Contudo, comida mesmo é a de casa. Conforme explica a minha querida professora Eliane, comer é uma questão cultural. Nós celebramos a vida e a morte em volta da mesa. Pois, dos meus anos fora, o que mais sentia saudade   era dos almoços que promovíamos para recebermos a família. Minhas irmãs irmãs são umas doidas e sempre estão dispostas a um encontro para jogar conversa  fora. No natal, tivemos um encontro feliz ao redor da mesa. Nestas ocasiões, sempre cada uma leva um prato, e como somos uma legião de sete (embora convivam seis ou cinco, dependendo da ocasião), resulta sempre numa mesa diversificada. No ano novo, contribui com um pernil feito pelo André Vagalume (assado no Restaurante Chalé. Se eu não disser isso, ele morre!) maior sucesso. E o bicho era tão grande, que dividimos e o restão rolou durante uma semana em três casas! 



Hoje me atrasei no post por isso mesmo: estava ajeitando um almoço para receber minhas irmãs. Como hoje é 16 de Fevereiro, seria aniversário de mamãe.  Para lembrar a velha, da maneira que ela gostava, inventei esse encontro. Vieram as cinco de cá, só faltou Vilma, que mora no Recife. Tony trouxe D. Nilza, Ana Paula e Vinícius. Fiquei muitíssimo feliz por receber Nyelsen, filho de Mahria e Cândido, que fazia uma data que eu não encontrava, só via pelo Facebook. Foi muito engraçado, pois temos uma mesinha com quatro cadeirinhas, que é de Luiza. Sentei lá as crianças. E só assentaram-se à mesa pela idade: D. Nilza, Cândido, Mahria, Ilza. Ilda deu um pitu e sentou-se num puff ao lado da mesa. Ilma ainda arranjou um lugar e nós ficamos pelos cantos. Isso foi uma festa, e, chegamos a conclusão de que eu preciso de uma mesa com mais lugares, pois, se é por direito adquirido por longevidade, eu chegarei lá e não vou ficar a vida inteira pelos cantos. Mas, também, não quero lugares vazios ou herdados. Que todos tenham vida longa, feliz e próspera! 



É isso que nos faz feliz.
Até amanhã, fiquem com Deus.

7 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Graças a Deus aquele folharal no copo é salsa Anninha, detestaria que fosse o infeliz do coentro. Eu conheço a maioria dos pratos que vc relatou, inclusive a folgaza, q prover no Girafas em Recife. Eu adoro experimentar coisas novas, só para poder conversar sobre, até pq a profissão exige, e tbém n é sacrifício nenhum. Hoje foi mto bom e divertido, podemos fazer todos os anos , e claro, todas estão previamente convidadas, só precisando avisar onde será ...Acho que esteja onde estiver mamãe gostou de estarmos juntas em memória dela, mesmo n tendo sido planejado nada com antecedência. Foi bom, mto bom!

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    1. Pois, Maninha, foi um almoço que costumamos fazer, só calhou de cair no dia do aniversário de mamãe. Quem sabe não podemos fazer desse acaso uma tradição? Beijos!

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  3. Esqueceram que eu parti a melancia? ih ih ih ih ih!

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    1. Vilma, todas estão sempre convidadas. Como disse no comentário a Maninha, foi um acaso que o almoço que geralmente fazemos mensalmente ou a cada dois meses, de acordo com as correrias individuais, caísse no aniversário de mamãe. Quem sabe não fazemos disso uma tradição e você já não será a primeira convidada do encontro de 2015? Assim é possível que você se programe com muita antecedência. Todos sem exceção - irmãos, amigos, sobrinhos, cunhados e amigos dos amigos - são bem vindos à nossa casa. Beijinhos.

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