sábado, 12 de julho de 2014

Lições de gestão da Copa


Não vou comentar o caso de Neymar, nem a tinta que levamos da Alemanha, não se aperreiem. Muita gente já falou, e eu, também. Fui mal entendida, bem apoiada. O meu post foi bem discutido. Quem   não gosta muito de bola dividida, me cumprimentou pessoalmente, dando risada com a resposta ou retrucando, argumentando que eu tenho a mania de minimizar as coisas. Talvez seja. Outro dia, me classifiquei como otimista inveterada. Às vezes acerto. Outras vezes, levo na cabeça. Coisas da vida. Já disse também que a perfeição só existe em Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém. E mesmo com uma concordância majoritária, os meus colegas e leitores agnósticos ou ateus torcem o nariz e pensam: "ignorante!" Aceito e sigo em frente. O que seria da vida se não fossem as pequenas discordâncias?

Ando a refletir sobre um aspecto específico da copa. Sempre acreditei que o futebol é perfeito de metáforas para a gestão. E como me envolvi profissionalmente, desde a minha volta para o Brasil (e isso já faz um ano! O tempo voa!) no processo de gestão de uma instituição de ensino superior, salta aos meus olhos algumas situações que bem poderiam ser trabalhadas nos cursos de gestão como estudo de caso. Não me refiro aos acertos e erros do evento em si, mas penso nos lances futebolísticos que compõem a história do mundial. Num jogo de futebol cabe exemplos de boa e má gestão de pessoas e recursos na busca pela vitória e na obtenção do caneco. Futuramente, prometo melhorar a reflexão. Este é apenas um fragmento do que pode vir a ser "Aproximações do futebol à gestão: lições da paixão nacional para a gestão de pessoas e negócios."

Na primeira fase, chamou-me atenção o caso da Seleção Portuguesa (lá diriam "equipa"), e a saga fracassada de Cristiano Ronaldo. Este é um clássico para a gestão: o melhor jogador do mundo em um time medíocre não resulta. Na organização - seja ela hospital, escola ou casa comercial - não adianta ter um único médico maravilhoso, um professor nota 10 ou um vendedor supercompetente. Se a equipe não funcionar, não haverá resultado positivo possível. Minha velha mãe já diria "uma andorinha só não faz verão". Um Cristiano Ronaldo só não salvou Portugal de uma campanha desastrosa. O sujeito, por mais genial que seja, não trabalha sozinho, pois o futebol  (até que se prove o contrário) é um esporte coletivo, assim como a atividade fim de qualquer organização também se desenvolve coletivamente. Ter um setor que não corresponda às demandas do cliente interno é equivalente a um passe errado. Se o time não se entende, não marca gol. E já diz a máxima do futebol: "quem não faz, leva." Este caso corresponde aquela frase muito repetida por Giane: "é melhor um professor comprometido, que faça o seu 'feijão com arroz', do que um grupo de celebridades." Estas, geralmente são bem individualistas e só pensam na manutenção do seu fulgor. E já li em algum lugar que ao olhar distante, as estrelas ainda brilham depois de mortas. Morreu e não sabe.

Nestes dias, além de assistir futebol, participei de algumas avaliações de trabalho de conclusão de curso de Gestão. E talvez a leitura das produções tenham me influenciado a olhar as disputas como quem analisa as atividades produtivas do mundo do trabalho. Naqueles trabalhos, muito se falou sobre as atribuições dos gestores. Além do planejar-organizar-dirigir-controlar, é essencial ao gestor a competência de assumir responsabilidades. É muito fácil gerenciar uma equipe de sucesso, onde todos sabem suas responsabilidades, assumem suas tarefas e desenvolvem muito bem o seu trabalho. Quando a coisa não funciona bem é que o gestor é testado nas suas responsabilidades. No futebol brasileiro é comum a demissão do técnico quando o time começa a descer a ladeira em uma sucessão de maus resultados. Penso que é parcialmente justo, pois, a estratégia,do grego strategi (só me lembro da turma de pós graduação de Renato e Alcione, que viviam parafraseando o Capitão Nascimento naquela cena de Tropa de Elite! turma divertida!) é desenhada pelo gestor. Além das benesses do cargo, o gestor deve assumir, prioritariamente, as responsabilidades pelos resultados. Mas, este não pode ser o mártir do fracasso, pois, sabemos que a organização é uma coletividade. A porca torce o rabo quando o gestor é um quiabo: escorrega na hora de assumir o problema, e joga a bomba chiando na mão dos colaboradores. Estes, geralmente são hábeis em arranjar desculpas para tudo, expondo toda a sua criatividade na elaboração de estatísticas sem nenhum fundamento. Depois do fato histórico da semifinal brasileira no mundial (não, aquilo não foi um jogo com o cabalístico placar de 7 x 1), passamos os dias tentando entender o que havia acontecido. É como crer que temos um excelente produto rejeitado pelo mercado, e quando copiado pela concorrência, converte-se num estrondoso sucesso. Nem deu para eleger culpados, pois o resultado não permitiu que ninguém se transformasse em bode expiatório. Falhou a estratégia ou nunca estivemos realmente bem? Excesso de confiança, orgulho e falta de compromisso resultam, invariavelmente, em fracassos estrondosos, seja no futebol ou na gestão.

Até amanhã, fiquem com Deus.


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