Mais um ano...
Há datas comemorativas que são fixadas somente para marcar a
passagem do tempo. Quando éramos
crianças, Vilma passava o mês de dezembro inteiro lembrando a todos que estava
chegando o seu aniversário. Completados os anos, ela começava a recitar: “mas,
Vi-Vinha tenha 10 anos.” E, pela cara que fazia, qualquer pessoa com mais de 20
anos, era da terceira idade. Numa certa altura, parou. Talvez, depois que ela
completou 20 anos. Melhor assim. Até porque, quando o sujeito entra nos “enta”,
deles só sai se completar 100. Nestes dias pela manhã, o primo Clodoaldo
ligou-me para avisar que a avó de Ana havia morrido. Nem conhecia a velha, mas,
num final de tarde, demos uma carona a Gina, que nos contou uma história ótima.
No velório do marido, estavam todos ao pé do caixão, reverenciar a memória do
morto. A certa altura,a viúva segurou no braço da irmã do genro,e disse
baixinho: “D. Gina, vamos almoçar? Se ficarmos aqui muito tempo, vamos ficar
sem nada. E esse daí já não precisa mais de nada.” Depois de devidamente
alimentada,a velha voltou ao papel de viúva. São os direitos adquiridos da
idade avançada. Pois, a sertaneja morreu por esses dias, aos 105 anos. E foi-se
como uma brisa, morreu na cama, dormindo. Talvez, tenha sido este o plano de
Deus para todos nós. Depois dos 100 anos,a morte é esperada com serenidade. O
problema é que nós acabamos inventando moda, e abreviamos o estágio que viemos
cumprir nesta existência. Hoje cedo, ao abrir o Facebook, dei com o primo numa
foto, todo caduco com a netinha recém nascida no colo. E compreendi, com aquela
foto, que a vida deu sua volta inteira.
É. Igual à netinha de Clodoaldo, ontem foi meu aniversário.
E foi um bom dia. Passei o dia inteiro na escola, mediando a aprendizagem de
adultos jovens. Essa turma é particularmente interessante, pois, há meninos que
estudaram comigo no começo da graduação, e nos reencontramos quase na conclusão
da pós graduação. É gratificante conferir que o Alberto, que me deu tanto
trabalho no começo do curso, hoje é um excelente profissional, quase pai de
família. Reencontrei também o Edson, que estudou comigo no primeiro período do
curso de administração da primeira turma da FAGA em Belo Jardim. Este, depois
de 27 anos numa multinacional, terminou a graduação e rompeu com a empresa.
Hoje, junto com outro colega de classe, estão empreendendo na área de formação
continuada de recursos humanos. É muito gratificante verificar que André
continua o mesmo doido de sempre, tentando conciliar os dez mil afazeres que
assume, mas com a mesma boa vontade de sempre. Logo que cheguei pela manhã,
Antonio abraçou-me, desejando felicidades. Virgínia perguntou-me porque não
pedi para fazer uma troca, assim teria o dia livre. Na verdade, não quis.
Trabalhar ontem foi o complemento perfeito do meu dia, afinal estou viva, com saúde e bem empregada. Acordei com o homem que
escolhi, com quem divido meus dias há 25 anos. Dei bom dia às violetas e ao nosso
cão. Almoçamos juntos, ganhei beijos e
carinhos da minha filha. Lá para as tantas, uma estudantes disse-me que deseja
investir na profissão de professor. Ou seja, com o meu trabalho tenho mostrado
a estes jovens uma nova possibilidade profissional. À tarde, teve bolo, no
melhor estilo do ensino fundamental. À noite, jantamos juntos, ouvimos
músicas, passeamos. Como prolongamento, hoje almoçamos com minhas irmãs. Das costumeiras do almoço de domingo, só faltou Izabel que ficou pajeando o gato cirurgiado. Fui feliz na simplicidade de ontem, e o simples faz parte das minhas escolhas já há algum tempo.
Só não vos disse que
levantei-me da cama pensando em cavalos. Jogando os objetivos para a frente,
quem sabe daqui há mais alguns anos não conseguimos concretizar o projeto de
nossa quinta? E assim, vamos preenchendo
os nascentes e os poentes do tempo que Deus achar por bem que devemos – e
podemos – vivenciar.
Feliz por trilhar o caminho da simplicidade.
Até amanhã, fiquem com Deus.
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