domingo, 26 de abril de 2015

Mais simples



Mais um ano...
Há datas comemorativas que são fixadas somente para marcar a passagem do tempo.  Quando éramos crianças, Vilma passava o mês de dezembro inteiro lembrando a todos que estava chegando o seu aniversário. Completados os anos, ela começava a recitar: “mas, Vi-Vinha tenha 10 anos.” E, pela cara que fazia, qualquer pessoa com mais de 20 anos, era da terceira idade. Numa certa altura, parou. Talvez, depois que ela completou 20 anos. Melhor assim. Até porque, quando o sujeito entra nos “enta”, deles só sai se completar 100. Nestes dias pela manhã, o primo Clodoaldo ligou-me para avisar que a avó de Ana havia morrido. Nem conhecia a velha, mas, num final de tarde, demos uma carona a Gina, que nos contou uma história ótima. No velório do marido, estavam todos ao pé do caixão, reverenciar a memória do morto. A certa altura,a viúva segurou no braço da irmã do genro,e disse baixinho: “D. Gina, vamos almoçar? Se ficarmos aqui muito tempo, vamos ficar sem nada. E esse daí já não precisa mais de nada.” Depois de devidamente alimentada,a velha voltou ao papel de viúva. São os direitos adquiridos da idade avançada. Pois, a sertaneja morreu por esses dias, aos 105 anos. E foi-se como uma brisa, morreu na cama, dormindo. Talvez, tenha sido este o plano de Deus para todos nós. Depois dos 100 anos,a morte é esperada com serenidade. O problema é que nós acabamos inventando moda, e abreviamos o estágio que viemos cumprir nesta existência. Hoje cedo, ao abrir o Facebook, dei com o primo numa foto, todo caduco com a netinha recém nascida no colo. E compreendi, com aquela foto, que a vida deu sua volta inteira.

É. Igual à netinha de Clodoaldo, ontem foi meu aniversário. E foi um bom dia. Passei o dia inteiro na escola, mediando a aprendizagem de adultos jovens. Essa turma é particularmente interessante, pois, há meninos que estudaram comigo no começo da graduação, e nos reencontramos quase na conclusão da pós graduação. É gratificante conferir que o Alberto, que me deu tanto trabalho no começo do curso, hoje é um excelente profissional, quase pai de família. Reencontrei também o Edson, que estudou comigo no primeiro período do curso de administração da primeira turma da FAGA em Belo Jardim. Este, depois de 27 anos numa multinacional, terminou a graduação e rompeu com a empresa. Hoje, junto com outro colega de classe, estão empreendendo na área de formação continuada de recursos humanos. É muito gratificante verificar que André continua o mesmo doido de sempre, tentando conciliar os dez mil afazeres que assume, mas com a mesma boa vontade de sempre. Logo que cheguei pela manhã, Antonio abraçou-me, desejando felicidades. Virgínia perguntou-me porque não pedi para fazer uma troca, assim teria o dia livre. Na verdade, não quis. Trabalhar ontem foi o complemento perfeito do meu dia, afinal estou viva, com saúde e bem empregada. Acordei com o homem que escolhi, com quem divido meus dias há 25 anos. Dei bom dia às violetas e ao nosso cão.  Almoçamos juntos, ganhei beijos e carinhos da minha filha. Lá para as tantas, uma estudantes disse-me que deseja investir na profissão de professor. Ou seja, com o meu trabalho tenho mostrado a estes jovens uma nova possibilidade profissional. À tarde, teve bolo, no melhor estilo do ensino fundamental. À noite, jantamos juntos, ouvimos músicas, passeamos. Como prolongamento, hoje almoçamos com minhas irmãs. Das costumeiras do almoço de domingo, só faltou Izabel que ficou pajeando o gato cirurgiado. Fui feliz na simplicidade de ontem, e o simples faz parte das minhas escolhas já há algum tempo.

Só não vos disse  que levantei-me da cama pensando em cavalos. Jogando os objetivos para a frente, quem sabe daqui há mais alguns anos não conseguimos concretizar o projeto de nossa  quinta? E assim, vamos preenchendo os nascentes e os poentes do tempo que Deus achar por bem que devemos – e podemos – vivenciar. 

 Feliz por trilhar o caminho da simplicidade.

Até amanhã, fiquem com Deus.

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