Depois de um inverno muito estranho, sem chuvas, com o céu mais azul que já vi e um frio de rachar, finalmente, parece-me que chegou a primavera. O inverno atípico e seco acertou em cheio a agricultura e a pecuária. Criadores do Alentejo sofreram para manter os rebanhos, pois as pastagens ressecaram. Lavouras foram perdidas e os reservatórios tiveram a sua menor baixa dos últimos 20 anos. Ao mesmo tempo, uma vaga de frio matou muita gente (principalmente idosos) Europa à dentro. Felizmente, aqui é o lugar mais quentinho destas bandas, embora tenhamos aguentado muito frio nesta Beiras. Por meu lado, parei de me queixar do tempo, pois reclamação não esquentam ninguém, só me deixam mais ranzinza. Ademais, Portugal ao sol é um dos sítios mais belos para se viver.
As árvores já estão verditas há tempos. Poucas ainda mostram os galhos esguios. Em toda parte há flores. Apesar de todas as manhãs amanhecer nublado, as temepraturas já se elevaram: 20 graus aqui dá praia! Ao final das manhãs, já beirando a tarde, as nuvens afastam-se e o sol brilha no céu azul. Agora, os dias são mais longos, e as tardes, quase intermináveis. "Nesta época, é preciso cuidado", aconselha-me solicita, minha querida Dayse. O clima seco e o calor exigem maior hidratação, e as garrafinhas de água sempre estão à mão. Os estudantes costumam levar garrafas grandes de um litro, garantindo o consumo durante o dia. Não vale a pena manter a linha com copinhos pequenos ou garrafas miúdas. Uma garrafa grande sai mais barato e será consumida inteira naquele mesmo dia. Além da hidratação, a pele sofre com a baixa umidade do ar. Os "cremes gordos" devem ser utilizados sem reservas por mulheres, homens e crianças. A pele ressecada, torna-se quebradiça e irritada, o menor comichão pode abrir feridas. Achei muita graça quando Marcelo Leão, dividindo conosco a sua experiência vivida em Barcelona, sentenciou que o sujeito nordestino (cabra aqui é nome feio) quando vem morar na Europa fica meio afrescalhado, passando creme. Mas, é necessário e se não fizer, o prejuízo é maior. Além disso, é necessário ter cuidado para não se exceder nas horas de trabalho, pois como o sol só se põe depois das 20h20, corremos o risco de perder a hora e continuar trabalhando, atrapalhando os horários de alimentação e repouso. É uma provação à temperança.
Nesta época o mundo fica mais bonito. Acordamos pela manhã com o canto dos pássaros que vivem nos parques da vizinhança. Os casacões escuros e pesados são substituídos pela "deselegância discreta" das meninas do mundo no (quase)verão europeu. Aos poucos, a cidade vai sendo ocupada por turistas que chagam em grupos, famílias ou casais. São tantos rapazes jovens empurrando carrinhos com bebés, enquanto as jovens esposas puxam os maiores pela mão. Me surpreendem as famílias de três, quatro miúdos em escadinha com seus cabelos de milho, tão louros, quase brancos. Já me habituei a vê-los a fumar nas esplanadas dos cafés, enquanto folheiam jornais do dia, com os cães atados aos pés, enquanto os filhos pequenos arriscam a vida em brincadeiras mirabolantes. E, ao caminhar, apesar da guerra biológica que travo com as flores, apetece-me parar e fotografá-las. O pólen tornou-se o meu inimigo número 1 da primavera, jamais imaginei que as florinhas que desabrocham na sebe que arrodeiam os canteiros da UA fossem adversárias tão temíveis. Para não entrentá-las, prefiro fazer o caminho mais longo, vou pelo outro lado onde tem sol e a brisa é perfumada pelas salinas. Aqui e ali saco a Torradeira da mala e vou acertando e errando imagens pelioo caminho:
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Florinhas de mato, lindas! |
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Nestes arbustos brotam estas flores interessantes abaixo! |
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Flores de canteiros de rua. Aveiro está colorida com elas. |
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Um exagero de margaridas num jardim há muito abandonado |
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Uma flor muito perfumada, talvez uma prima próxima da angélica |
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Rosas na janela |
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Nos jardins das moradas, muitas rosas.
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Um músico de rua à beira da ria a tocar "Here comes de sun" num sábado de manhã
São dias bonitos, abençoados. Bom de caminhar pelos passeios de pedrinhas, olhando as pessoas sob o sol. Assim, reconhecemos porque esta estrela de quinta grandeza é tão importante ao equilíbrio do planeta e de todos os seres que por aqui se aventuram nesta grande jornada.
Até Amanhã, fiquem com Deus.
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Aqui no interior Pernambuco, a situação ta complicada, do Agreste ao Sertão temos cidades inteiras em estado de atenção e calamidade, ate roubo de água esta tendo, na zona rural os animais estão a morrer de fome e sede, onde chegar a faltar água pra população beber! Nos Jornais são publicadas matérias com o titulo "Falta de água no quintal da transposição do São Francisco", Quem mais sofre é quem mais necessita! E o povo esta a espera de chuva e só tem esperança em DEUS! Mas como já dizia Josué de Castro "O Problema não é a Seca e sim a Serca!" Pena ver isso nos dias atuais e esse é ano de eleições!
ResponderExcluirÉ lamentável, Danilo, que passamos a vida toda sofrendo com a estiagem sem nos habituarmos que estamos encravados no coração do semiarido. Está mais do que na hora de desenvolvermos estratégias para conviver com nossas peculiaridades climáticas. Se o semiarido fosse inviável, não teriamos os exemplos de Israel, Vegas (EUA), e parte do território Australiano. É falta d evontade política e conformismo da população. Concordo quando dizes que este ano é decisivo, afinal, temos eleições. Está mais do que na hora de acordar para Jesus.
ResponderExcluirBjinhos!
Está parecendo aquela seca de l984, quando a gente corria atrás do carro-pipa pra pegar um balde d'água! O preço do feijão já disparou, ouvi dizer que em Caruaru o mulatinho já chegou a R$ 10,00 o kg. A gente escuta "valei-me, meu Deus, cadê a chuva?", e o povo com os olhos espichados para o céu, tão azul que chega dói. E os homens de paletó estão nem aí, eles não aram, não plantam, só ficam no bem bom, contando seu rico dinheirinho... Espero que a resposta venha nas urnas! Beijos e saudades de vocês.
ResponderExcluirCertamente, Ilma. Historicamente o posicionamento do Brasil em relação ao semiárido é equivocado e só alimenta a miséria. É disso que eles se aproveitam para se manter no poder. E no final, a culpa é de Deus que não manda a chuva.
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