Enquanto Luiza corre atrás de Juju
pela casa em busca de resgatar um sapato, meia, lápis ou brinquedo que a cadela
fujona surrupiou do quarto, vou cuidando nas minhas coisas. Hoje tivemos a
segunda das três sessões de formação com os professores da AESGA. Desta vez, a
formação foi orientada pelo Francislê, que, de férias, veio com Dayse em visita
às famílias, num roteiro de Recife-Garanhuns-Petrolândia. A parada do sertão
pernambucano é para visitar a granja do Anselmo, padrasto de Francislê. Anselmo
é a pessoa mais simples, mais viajada e uma das mais interessantes que conheço.
Tem sempre histórias ótimas para contar, sempre com um sorrisão sertanejo. Minha
querida Genésia casou-se muito bem, a vida dar essas compensações a quem não
deixa de acreditar que tudo pode ser um pouco melhor. Pois, mesmo de férias, arranjamos uma horinha
para Francislê orientar a formação com nossos colegas, explorando o
Questionamento como Estratégia de Ensino e de Aprendizagem. Apesar de ser um grupo
bem pequeno, era bastante animado e interessado e tudo correu muito bem. Fiquei
com a boa impressão de que estamos contribuindo na discussão das estratégias de
ensino e de aprendizagem, oportunizando um espaço de reflexão e ajuda mútua
entre os docentes da AESGA. As discussões e partilhas de ideias seguirão no
Facebook, a plataforma escolhida para a interação da comunidade de práticas.
Continuo muito feliz com os meus companheiros de trabalho, e extremamente
agradecida a Deus, pois só Ele poderia ter me providenciado um Orientador tão
especial: dedicado, simples, acessível. Opção divina funciona sempre. E muito
há para fazer daqui para frente.
A doença já não me aflige mais. Tudo
está sob controle, apesar de ter ainda uma tonelada de exames para fazer, e com
estes virão as respostas que esperamos para contornar esses percalços. Só
percebemos a falta da saúde quando já não a temos. É na ausência da saúde que
tornam significativas as coisas insignificantes, e tudo o mais que era
importante, passa a ser secundário. Portanto, melhor cuidar para não perder, ou
ao menos manter o equilíbrio e ir conduzindo as situações da melhor maneira
possível. Na quarta feira ao acordar, tive o mesmo sentimento do comentarista
de futebol da Rádio Jornal: quando velhos, estamos tão acostumados a sentir
dores de todos os tipos, e o dia em que acordamos e não sentimos dor,
desconfiamos que estamos mortos. Até com a dor renitente nos acostumamos, e
quando ela nos falta, nos causa espanto.
Apenas um aperto me assalta quando
olho o calendário. A notícia ruim para nós é que não conseguimos trocar nossas
passagens, pois as taxas de remarcação para reservas com tarifa fixa (eram as
mais baratas) é um absurdo. Ainda tentamos remarcar nosso voo para depois da
eleição, assim, participaria do processo eleitoral, com o agravante que Tony é
candidato a vereador. Mas, não havia margem de manobra. Resultado: embarcaremos
no dia 15 de setembro mesmo, um dia após a terceira formação, quando
receberemos a Profa. Maria José Loureiro, a queridíssima Zé. Enquanto isso, como
Lulu Santos, “vamos viver tudo que há para viver”.
Por falar em preços, estamos
escandalizados com os preços praticados no Brasil. Parece até que o povo brasileiro
enriqueceu da noite para o dia. Francislê e Dayse já haviam comentado conosco
essa descalabro dos preços brasileiros quando estiveram por aqui em maio desse
ano. Confirmei o fato com minhas próprias moedas, ainda mais em Garanhuns, cujo
consumidor frequentemente faz questão de manter uma pose que não corresponde ao
lastro financeiro que possui. Roupas, calçados e acessórios estão muito mais
caros no Brasil. Restauração está do mesmo preço que em Portugal. Produtos de
higiene pessoal e cosméticos estão pela hora da morte no Brasil. Daqui a mais
uns dias, o povo estará tomando banho com sabão bruto se não quiser se
endividar com esses itens, que são essenciais para manter uma qualidade de vida
na média, principalmente para a ala feminina, essencialmente para quem tem mais
que 30. Abaixo disso, qualquer batonzinho fica maravilhoso. Após a virada do
Cabo da Boa Esperança, a coisa complica e já aparecem estampados na cara os
testemunhos do tempo. Como ninguém é obrigado a testemunhar a degradação do
relevo alheio, é preciso evitar ou disfarçar os intemperismo. Dentre os
serviços mais caros, a hospedagem no Brasil é um verdadeiro absurdo. É muito
mais acessível hospedar-se em Portugal (e no resto da Europa também) do que no
Brasil. E, sendo em Garanhuns no Festival de Inverno, é um assalto à mão
desarmada. Os hoteleiros pensam que aumentar absurdamente as tarifas é um bom
negócio. Pelo contrário, acaba por espantar o turista, que acaba desistindo de
visitar a cidade, neste evento ou em outras oportunidades.
Contudo, o mais caro no Brasil é a
moradia. Parece-nos que Garanhuns assumiu a sua vocação de cidade universitária,
com três instituições de ensino superior em funcionamento e uma em processo de
autorização. Desta forma, acorrem para cá professores e estudantes de todo o
Brasil. Se já tínhamos uma espécie de bolha imobiliária devido ao monopólio do
setor, hoje há uma hipervalorização das moradias e terrenos, independente de
onde sejam localizados. Para ter uma ideia, há uma casa por trás da nossa,
novinha, três quartos, toda na cerâmica, segura, bonitinha. Está alugada por
450 Reais. O imóvel em si até vale a mensalidade, mas a rua... No nosso bairro
não há pavimentação, não há saneamento, localiza-se a mais de 3 km do centro da
cidade (o fim do mundo, para nossos padrões), fatores que desvalorizam o imóvel.
O terreno vizinho a minha casa está à venda por 70 mil reais. Caríssimo!
Conversava sobre essas impressões com Claudinha e Rosana, as meninas da
Coordenação de Direito. Rosana nos disse que um terreno vizinho a casa dela
(área nobre de Garanhuns) está à venda por 500 mil Reais. Em meio a risadas,
fizemos o cálculo: se o terreno vale 500, a casa da nossa amiga vale no mínimo um
milhão! Nem sabíamos que trabalhávamos com uma milionária!
Quando se perde a noção do valor das
coisas é sinal de que os valores essenciais já foram perdidos há tempos. Minha
mãe dizia que houve uma época que era tudo tão caro que a farinha era vendida
em litro e que a carestia era um sinal dos tempos. O fim do mundo já foi
anunciado através de taxas e tarifas. Nessa época, o povo vivia a matar
cachorro à grito. Hoje, ainda não gritam. Pelo menos, estão calados até a bolha
estourar.
Até amanhã, fiquem com Deus
Sabe Aninha, eu já venho comentando há muito tempo os absurdos dos nossos preços e, particularmente, em Garanhuns. Acredito, às vezes, que me encontro noutro país, com um nível de renda elevado. A renda média mensal de Garanhuns é algo em torno de R$ 780,00. Agora a pergunta, onde diabos o povo arruma tanto dinheiro?
ResponderExcluirPois é, Cândido! Só pode ser às custas dos tios Master e Visa, além de uma bela coleção de carnês na bolsa. Estamos deslumbrados com essa fase de melhoria econômica, o que põe em risco o equilíbrio financeiro conseguido a muito custo. Falta juízo no mercado!
ResponderExcluirThese are all interesting facts:
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