É a nossa última noite aveirense, nesta temporada. Parece-nos
mais uma noite recifense, daquelas que transpiramos ao sair do banho.
Finalmente, o verão chegou com dias que se prologam pela noite. O sol insiste
em ficar no céu até as 21hs, pintando de vermelho e seus matizes a despedida
dos pássaros. Também vamos indo. Nos últimos dez dias tivemos a companhia da
avó paterna de Luiza, em sua primeira viagem internacional. Penso que deve ter
sido divertido para ela conhecer o que há além do oceano. Para mim, além de
matar as saudades e estreitar os laços familiares entre gerações, através do
convívio entre netinha vovó, foi uma oportunidade de aprender um pouco acerca do turismo para a
terceira idade.
São duas semanas de verão que temos de presente, antes de
regressar ao leve inverno dos trópicos. Sob o sol e céu absolutamente azul,
Portugal resplandece e fervilha de turistas, vindos de todas as partes do
mundo. Depois dos vizinhos espanhois, os sul americanos de língua espanhola e
os franceses povoam essas paragens turísticas. Desta vez, Tony preferiu vir por
Lisboa. Nos encontramos na quinta feira e fizemos o roteiro turístico mais comum do
mundo: Lisboa, Fátima, Porto. Em Lisboa, fizemos o roteiro oficial com uma
visita à Sintra. Vi um Palácio da Pena diferente, imerso numa névoa espessa,
que lembrava Garanhuns.
Na subida tortuosa em íngreme, muitas árvores
derrubadas pelos ventos do dia anterior. Apesar da eterna reforma, o palácio
continua lindo.
Em Fátima, Tony e D.
Nilza participaram da missa do domingo e depois seguimos para o S. João do
Porto. Mas, aí eu já estava doente, e apesar de ter a maior curiosidade de
participar do animado São João portuense, animado pelos ranchos tradicionais e
com muita fumaça das sardinhas assadas nos braseiros em plena rua, não consegui
sair do quarto do hotel. Um desarranjo intestinal já havia me proporcionado uma
"noite de rainha" em Fátima, e cheguei ao Porto em frangalhos. Devia
ser proibido adoecer em viagens. Como disse, fiquei no quarto com Luiza, que
estava com preguiça de sair e com pena de mim. Aproveitamos e fizemos um perfil
no Facebook para minha sogra, e nos dias subsequentes tratamos de viciá-la na
rede social mais famosa do mundo. Penso que já funcionou!
Passeio no Rio Douro. Lindo! |
Quando melhorei,
fiz birra para visitar o Café Majestik, que fica na rua de Santa Catarina, um
dos mais antigos de Portugal. Havia visto uma reportagem sobre o
estabelecimento há uns dias e queria conhecer este café que resiste ao tempo e
ao canto da sereia do fast food. O café é belíssimo, com suas paredes espelhadas
em art nuveau. Os atendentes de libré parecem saídos de um conto de fadas. Tudo
lindo, maravilhoso, menos a conta: o lanchinho nos custos 27 euros. Me consolei
utilizando a máxima do amigo Mano do Caetano: "Quando é que eu vou voltar
aqui, para tomar um refresco de groselha?" Por esse ângulo, são
experiências únicas e valem cada cêntimo.
Quando chegamos à Aveiro, eu já estava melhorzinha. Quando
acedi ao meu endereço eletrônico, havia um simpático convite da Zé para
participarmos do 2º jantar luso brasileiro. O primeiro foi o ano passado, na
despedida do Ronaldo Linhares, que voltava a Aracaju. Desta vez, além do final
do ano letivo, eu estava de retorno para o Brasil; Francislê de passagem no
eixo Brasil - Portugal - Angola e, na última semana havia sido o aniversário da
Zé. Portanto, esses foram os motivos que ela arrolou para abrir sua linda casa
em Anadia (próximo de Coimbra) e convidar os amigos para o "Leitão Chez Moi". Então, na quarta-feira
peguei uma carona (boleia) com o Gerson Mol e sua simpática esposa, a Thais, e
fomos bater lá na casa dessa professora que é um encanto de pessoa. Junto
conosco também foram Sannya e Cecília. Tony, Luiza e D. Nilza foram com o
Francislê e a Dayse. Lá já estavam a Paula e a Isabel. Nos instalamos um lindo
gramado ao pé de um sobreiro. Aos poucos
chegaram a Vânia, a Maria João, o José, o Leonel, o Antonio Pedro. Estava lá a
linda Patrícia Sá, a Profa. Maria João, irmã da Zé, e que foi nossa professora
em um dos créditos do Doc. Conheci os sobrinhos e um dos filhos da Zé. O
surfista, não pode vir. Estava também a Taty, uma ucraniana que fala um espanhol arrastado, que o Gerson acompanhava
com muita graça.
A maravilhosa mesa do 2º grandioso jantar luso brasileiro na casa da Zé |
Uma turma ímpar num sítio muito especial. A casa da Zé
merece um post. É a cara dela, com lindos objetos de arte e lembranças de sua
(muitas) viagens. Foi um momento muito bom, muito divertido. Rimos à larga com
as histórias do Gerson e do Antonio Pedro, sempre muito bem humorados. A
comida, apesar de ser apenas um detalhe com tão agradável companhia, estava
deliciosa. O bácoro estava tenro e muito bem assadinho. Adorei tudo. Estou
levando deste amigos, um grupo seletíssimo do qual é um privilégio participar, divertidas
lembranças e grandes aprendizagens, uma bagagem que não me pesa e só me
enriquece. Com este companheiros aprendi que quem é não precisa se achar. A
simplicidade desse grupo de pessoas tão instruídas, de tanto sucesso profissional, só comprova a minha teoria de que é
possível continuar a ser gente, independente da quantidade de diplomas e
publicações.
Entre a quarta feira até o
presente momento, andei a providenciar a mudança. Apesar da minha proteção
anti-consumo, vocês não imaginam o que é fazer uma mudança intercontinental,
cujo peso é limitado. Mas, isso fica para um outro post, pois nos momentos
finais desta temporada só quero sonhos bem felizes, pois amanhã começa a via crucis da viagem.
Nos vemos no outro lado.
Até amanhã, fiquem com Deus.
Ótimo texto, Professora Anna Cecília. Ouso dizer que é uma crônica do cotidiano "particular".
ResponderExcluirHehehe, Marco, Gostei do termo! Abracinhos!
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